Semana Mundial de Imunização espera vacinar dezenas de milhões de crianças

Marcello Camargo/Agência Brasil

A Organização Mundial da Saúde, OMS, promove a Semana Mundial de Imunização 2023, que começou neste 24 de abril. Nas Américas, a celebração teve início neste sábado com a 21ª Semana de Vacinação nas Américas.

O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, Jarbas Barbosa, pede aos membros que intensifiquem, urgentemente, os programas de vacinação de rotina, pois o risco de surtos de doenças na região atingiu o nível mais alto em 30 anos devido ao declínio na cobertura vacinal.

Programas de imunização

Embora as Américas tenham sido a primeira região do mundo a eliminar a poliomielite em 1994 e historicamente tenham sido líderes mundiais no controle e eliminação de doenças.

Barbosa avalia que os programas nacionais de imunização sofrem com instabilidades na última década.

Segundo ele, o financiamento inadequado para imunização e um aumento na desconfiança devido à desinformação estão entre os principais fatores da queda na cobertura.

Na avaliação de Jarbas Barbosa, esses fatores ainda mais agravados pela pandemia do Covid-19.

Cobertura vacinal infantil

De acordo com a Opas, a região das Américas é a segunda do mundo com a pior cobertura vacinal. Cerca de 2,7 milhões de crianças não receberam todas as doses da vacina em 2021, ficando sem proteção total contra difteria, tétano e coqueluche.

Brasil e México respondem por mais da metade das crianças sem nenhuma vacina na região.

Às vésperas da Semana de Vacinação nas Américas, o diretor da Opas pediu aos países que intensifiquem os esforços para “recuperar as taxas de cobertura vacinal que nos protegeram no passado”.

Para Jarbas Barbosa, a semana é “uma estratégia extraordinária para complementar os programas nacionais de imunização”, apoiando as ações para proteger mais de 1 bilhão de pessoas de todas as idades desde sua criação há 20 anos.

Cada vacina conta

Este ano, o tema da Semana quer destacar que “cada vacina conta” e o objetivo é alcançar mais de 92 milhões de pessoas em toda a região com imunizantes que evitam a transmissão.

A Opas afirma que continua a trabalhar com os países da região, parceiros técnicos e doadores para fortalecer e modernizar os programas nacionais de imunização, reforçar as operações e implementar abordagens inovadoras para enfrentar melhor os desafios que a pandemia trouxe.

Vacinação nas Américas em números

  • Em 2021, mais de 2,7 milhões de crianças abaixo de 1 ano não receberam todas as doses de vacina contra difteria, tétano e coqueluche.
  • Em 2010, as Américas foram a segunda região com a maior cobertura vacinal relatada. Hoje, é o segundo do mundo com pior cobertura.
  • O risco de surtos devido a doenças imunopreveníveis está atualmente em seu ponto mais alto nos últimos 30 anos.
  • Programas nacionais de imunização na América Latina e no Caribe evitam cerca de 174 mil mortes de crianças menores de cinco anos a cada ano.
  • Desde 2003, a Semana de Vacinação nas Américas ajudou os países a alcançar quase 1,1 bilhão de pessoas com vacinas que salvam vidas em mais de 40 países e territórios.
  • A iniciativa apoiou a eliminação de seis doenças evitáveis por vacinação: poliomielite, sarampo, síndrome da rubéola congênita, tétano neonatal, hepatite B e varíola.
  • Este ano, a celebração deve apoiar 45 países e territórios para atingir mais de 92 milhões de pessoas com mais de 144 milhões de doses de diferentes vacinas.

Vacinação infantil na África

Já na África, a Organização Mundial da Saúde, OMS, alerta que 33 milhões de crianças precisam ser vacinadas entre 2023 e 2025 para colocar o continente de volta nos trilhos para atingir as metas globais de imunização de 2030, que incluem a redução da morbidade e mortalidade por doenças evitáveis por vacinação.

Além da OMS, o Fundo da ONU para Infância, Unicef, avalia que o impacto sem da pandemia de Covid-19 nos serviços de imunização de rotina aumentou o número de crianças que não tiveram acesso às doses, aumentando 16% entre 2019 e 2021.

Segundo as agências da ONU, sem vontade política renovada e esforços intensificados dos governos, estima-se que a cobertura vacinal na África não retornará aos níveis pré-pandêmicos até 2027.

Baixa taxa de imunização em Angola

Segundo dados do Unicef, Angola está entre os 20 países com maior quantidade de crianças que não tomaram nenhuma dose da vacina. Boa parte delas vive no meio rural. A ONU News conversou com o chefe de Saúde e Nutrição do Unicef no país, Frederico Brito, em Luanda.

Segundo ele, a cobertura de serviços chega a apenas 60% dos angolanos e é um dos fatores por trás desses números. Além disso, apenas 60% das unidades de atenção básica de saúde têm capacidade para armazenas as vacinas. Ele comentou as prioridades para a Semana de Imunização de 2023 no país.

“A imunização tem que estar disponível em qualquer lugar onde haja uma rede sanitária e todos os dias, num período em que as pessoas tenham maior conveniência para acessar essa vacinação. Já está a haver um movimento em cada uma das províncias de intensificar a imunização de rotina, que são brigadas de vacinadores, devidamente treinados e levam todo o pacote de vacinação, que em Angola são 15 doenças prevenidas no calendário de vacinação, e vão para as comunidades mais remotas.”

Fortalecer imunização na África

A Semana Africana de Vacinação, entre 23 e 30 de abril, na mesma data em que é celebrada a semana global, quer intensificar os esforços para alcançar as crianças que perderam as doses, bem como para restaurar e fortalecer os programas de imunização de rotina.

Para aumentar urgentemente a cobertura e proteger as crianças, a OMS e seus parceiros estão apoiando 10 países africanos prioritários, que estão entre os 20 principais países do mundo com o maior número de crianças com dose zero para realizar campanhas de vacinação de rotina.

Apesar das interrupções na imunização, pelo menos um terço dos países africanos manteve a meta de cobertura de 90% ou mais para a terceira dose da vacina contra difteria-tétano-coqueluche e a terceira dose da vacina contra poliomielite nos últimos três anos.

No entanto, apenas três países mantiveram essa cobertura para a segunda dose das vacinas contra sarampo e febre amarela no mesmo período.

A região também continuou a intensificar a resposta a pólio.

Mais de 30 milhões de crianças foram vacinadas contra a poliomielite no Malauí, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue em 2022, após casos de poliovírus selvagem tipo 1 terem sido notificados na região.

Fonte: ONU

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