
Segundo a organização Save the Children, mais de 75% das crianças e adolescentes em idade escolar no Sudão estão atualmente fora da escola, em uma das piores crises educacionais do mundo. Um novo estudo da ONG revela que cerca de 13 milhões de menores não estão recebendo educação, de um total de 17 milhões que deveriam estar estudando.
Esse número inclui aproximadamente 7 milhões de estudantes matriculados em instituições de ensino, mas que não têm acesso à educação devido ao conflito armado ou ao deslocamento forçado, além de outros 6 milhões que nem sequer estão matriculados.
Desde abril de 2023, o Sudão está mergulhado em uma guerra entre o exército nacional e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, o que já causou dezenas de milhares de mortes, milhões de deslocamentos e a destruição de infraestruturas essenciais, como escolas e hospitais.
Segundo Mohamed Abdiladif, diretor da Save the Children no Sudão, se o conflito continuar, milhões de crianças não conseguirão retornar às aulas, ficando expostas a riscos imediatos e duradouros, como o deslocamento, o recrutamento por grupos armados e a violência sexual. A missão investigativa da ONU no país relatou casos de casamentos forçados envolvendo meninas de apenas 12 anos, muitas vezes sob ameaça de morte contra suas famílias.
De acordo com a ONG, os estudantes sudaneses já perderam mais de dois anos letivos por causa da violência. Mesmo antes do atual conflito, cerca de 7 milhões de crianças já estavam fora da escola devido à pobreza e à instabilidade. Nos últimos meses, pouco menos da metade das escolas do país reabriu, permitindo que cerca de 4 milhões de crianças retomassem os estudos.
Algumas regiões vivem um período de relativa calma após o exército retomar o controle da área no início do ano. Desde novembro passado, cerca de dois milhões de pessoas voltaram para suas casas em diferentes partes do país, segundo a agência da ONU para migrações.
A ONU alerta que o Sudão enfrenta uma das piores crises humanitárias do planeta. Aproximadamente 10 milhões de pessoas foram deslocadas internamente, enquanto outras 4 milhões buscaram refúgio fora do país.
Fonte: RFI Brasil