Dom Odilo: ‘Iniciemos este ano pastoral com prudência, coragem, esperança e criatividade’

Encontro do Cardeal Odilo Scherer com clero marca o início do ano pastoral na Arquidiocese de São Paulo (Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

O Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo, realizou nesta quinta-feira, 18, o seu encontro anual com o clero arquidiocesano, que marca o início do ano pastoral.

O evento, realizado no Colégio Santo Antônio de Lisboa, no Tatuapé, reuniu os bispos auxiliares, padres e diáconos que vivem e atuam na Igreja em São Paulo, para refletirem sobre a caminhada percorrida no último ano e sobre os principais destaques do ano que se inicia.

Nessa ocasião, também foram acolhidos os clérigos que assumiram encargos e ofícios pastorais na Arquidiocese desde março de 2020, dentre os quais, os novos bispos auxiliares, Dom Ângelo Ademir Mezzari e Dom Carlos Silva.

Dom Odilo recordou, ainda, os sacerdotes e diáconos idosos e enfermos e aqueles que morreram no último ano, especialmente os que foram vítimas da COVID-19. “Solidariedade também a tantas pessoas queridas do povo, que enfrentam como podem a pandemia e tiveram perdas de pessoas queridas. Deus acolha na vida eterna os falecidos e conforte quem sente a dor de sua partida”, manifestou.

Pandemia

O Arcebispo ressaltou que, desde fevereiro do ano passado, o mundo vive um tempo marcado pela atual pandemia que ainda não tem previsão de chegar ao fim. “Temos agora a esperança concreta de superação dessa imensa provação que se abateu sobre toda a humanidade e que nós, aqui em São Paulo, também experimentamos de maneira dolorosa, com o nosso povo”, afirmou.

“Em âmbito arquidiocesano, a chegada inesperada da pandemia nos obrigou a alterar radicalmente a programação do ano pastoral. Foi possível realizar apenas pouco daquilo que havíamos programado, priorizando o indispensável e a preservação da saúde e da vida do povo e também a nossa”, acrescentou Dom Odilo, enfatizando que, aos poucos, “aprendemos a lidar com o novo coronavírus, tomando os cuidados preventivos recomendados pelas autoridades sanitárias e públicas para evitar o contágio e a transmissão da doença”.

Inovação pastoral

Ainda segundo o Cardeal, a emergência sanitária desafiou o clero a repensar suas ações do ponto de vista da assistência religiosa ao povo, de nossas ações evangelizadoras e pastorais e até mesmo do ponto de vista da sustentação das nossas comunidades.

“Participamos dos temores, angustias, inseguranças e sofrimentos do povo e isso nos ensinou muito sobre nossa missão eclesial. Foi um ano de buscas, descobertas e inovações na ação pastoral”, salientou o Purpurado, chamando a atenção para o uso dos meios de comunicação e das novas mídias que foram cada vez mais integrados à metodologia e ação pastoral. “De um modo ou de outro, procuramos ir ao encontro do povo, estar em contato com ele, para lhe oferecer ajuda, conforto e ‘remédio espiritual’”, disse.

Testemunho de caridade

O Arcebispo também frisou o quando foi “expressivo e edificante” o aumento da ação solidária e caritativa para com os mais pobres, doentes e aflitos. “Podemos afirmar que o amor ao próximo se tornou mais concreto e se expressou de muitas maneiras, de forma pessoal e espontânea, como também de forma organizada”, afirmou.

“Outro fruto desse ano difícil foi a tomada de consciência sobre a missão da Igreja, que não pode ficar ‘de quarentena’ para se proteger, fechando as portas e abandonando o povo, justamente nas situações de maior angústia e sofrimento. A exemplo de Cristo, ela precisa seguir sendo ‘samaritan’ no meio do povo, inclinando- se sobre todos os que necessitam de acolhimento e socorro”, reforçou o Cardeal.

(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Sínodo

A pandemia também afetou as atividades a assembleia sinodal arquidiocesana, programada para 2020, como última etapa do caminho sinodal iniciado pela Arquidiocese de São Paulo em 2017. No entanto, as sete sessões da assembleia previstas para a acontecer no ano passado tiveram que ser suspensas e só irão acontecer quando a pandemia tiver sido superada e houver segurança para promover reuniões com um número expressivo de pessoas. 

“O Espirito de Deus, enquanto isso, vai nos ajudando a amadurecer as reflexões e propostas, que deverão ser levadas à discussão da assembleia em momento oportuno. Neste ano, já́ podemos retomar algumas atividades e começar a formar comissões para tratar de questões importantes da vida pastoral, que foram apontadas ao longo dos trabalhos sinodais até aqui. Deveremos começar a trabalhar na revisão e atualização do Plano de Pastoral, do Diretório dos Sacramentos, do Plano de Manutenção e outros aspectos da organização pastoral da Arquidiocese.

O essencial da missão

Enquanto a pandemia persiste, o Arcebispo exortou o clero a iniciar o ano pastoral “com prudência, coragem, esperança e criatividade”, acolhendo os limites que a situação presente impõe, sem esquecer sua missão essencial.

“Somos ministros de Jesus Cristo e servidores da Igreja e conhecemos nossos deveres. Não sendo possível ainda desenvolver as atividades pastorais de modo pleno e costumeiro, façamos aquilo que é o mais necessário e urgente. O essencial da missão da Igreja, que também é o essencial de nossa missão, não deverá ficar desatendido”, recomendou o Cardeal.

Dom Odilo também sublinhou que o tempo de pandemia levanta uma questão crucial para o clero e toda a Igreja: “Até que ponto estamos, de fato, em contato com o povo e o povo está em contato conosco? […]. Com quantos católicos pode a Igreja Católica, de fato, contar ainda? E após a pandemia, quantos mais teremos perdido e que não voltarão mais à participação na vida da Igreja?”.

Vocações

“Volto a lembrar a necessidade do esforço e da participação de todos na pastoral das vocações”, manifestou o Arcebispo, enfatizando a necessidade de desenvolver um novo clima favorável ao despertar de vocações na Arquidiocese.

“Continuemos a fazer o que Jesus mandou: “pedi ao senhor da messe que envie operários para a sua messe”. Os padres são os principais promotores vocacionais em suas paróquias. Em cada comunidade de nossa Arquidiocese, haja ao menos uma vocação”, pediu Purpurado.

Campanha da Fraternidade

O Cardeal também falou ao clero sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, aberta na Quarta-feira de Cinzas, 17, com o tema “Fraternidade e diálogo, compromisso de amor” e o lema “Cristo é nossa paz. Do que estava dividido, fez uma unidade (Ef 2,14a)”.

“Este tema se insere no ambiente de polarização ideológica e política que vivemos. Como comunidades de discípulos de Jesus, todos nós, apesar de nossas diferenças religiosas, deveríamos ser promotores de diálogo entre nós e na sociedade. É lamentável que, antes mesmo do início da Campanha, já́ tenha sido feita uma polêmica em torno da promoção desta Campanha ecumênica. A meu ver, isso desviou o foco daquilo que realmente importa na Campanha: promover a conversão para a fraternidade e a comunhão, conforme é desejo de Cristo para todos nós”, ressaltou o Arcebispo, exortando os padres e diáconos a promoveram a campanha da melhor forma possível, “sem se ater a aspectos periféricos”. “Não é campanha de divisão e guerra entre nós, mas de fraternidade e comunhão”, completou.

Centenário do Cardeal Arns

No encontro, também foi recordado que, em 2021, comemora-se o centenário de Nascimento do Cardeal Paulo Evaristo Arns, falecido em 2016.

O Cardeal Scherer destacou que a figura  de Dom Paulo marcou profundamente a vida da Arquidiocese, especialmente por seu longo episcopado, de mais de 50 anos, dedicado inteiramente à Igreja em São Paulo – quatro como Bispo Auxiliar, 28 como Arcebispo e 18, como Arcebispo emérito.

“Já existem várias iniciativas propostas por grupos diversos da sociedade para marcar este centenário. Também a Arquidiocese deverá promover algumas iniciativas para marcar o centenário do nascimento de Dom Paulo. Devemos encarregar logo uma comissão para promover essa comemoração.

Outros assuntos

O Arcebispo também abordou outros temas relacionados à vida e missão dos padres e da Arquidiocese, dentre os quais o Ano de São José, proclamado pelo Papa Francisco em 8 de dezembro passado e que se estenderá até dezembro deste ano. Dom Odilo apresentou algumas indicações para a vivência deste ano especial na Arquidiocese, que serão detalhadas em breve.

“Acolhamos com alegria e fé́ esta ocasião que o Papa Francisco oferece a toda a Igreja para a renovação espiritual e o aprofundamento da fé́. Encorajo as famílias e grupos eclesiais, as paróquias e outras formas associativas da nossa Igreja a promoverem variadas iniciativas para a vivência deste ano. Faço votos de bênçãos e graças abundantes para todos, pela intercessão de São José”, concluiu o Cardeal.

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