Em hospitais, capelas ajudam no recobrar das forças e no encontro com Deus

Capela do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (fotos: arquivo pessoal)

A doença chega, avança e a internação hospitalar se torna inevitável. E também para quem estava saudável ontem, um inesperado acidente pode levar a semanas, quando não meses, de permanência no hospital. Neste momento, o paciente e seus familiares se veem diante da real dimensão da fragilidade humana, mas podem fortalecer ou redescobrir os vínculos da fé no Cristo ressuscitado.

Em muitos hospitais, além dos serviços de assistência religiosa por meio das capelanias, a Igreja mantém as capelas abertas a toda a comunidade hospitalar.

De hoje até segunda-feira, publicamos no site do O SÃO PAULO uma série de reportagens sobre as capelas católicas em unidades hospitalares da capital paulista. Para começar, retratamos o templo no Instituto de Infectologia Emílio Ribas

Desde que foi criado, em 1880, para atender o grande número de pacientes da epidemia de varíola em São Paulo, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) é especializado na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças infectocontagiosas.

Nesse ambiente hospitalar, a Igreja está presente com a Capelania Católica. Desde 1992, o Capelão, Padre João Inácio Mildner, coordena as atividades de assistência religiosa e espiritual. Embora a atuação da Capelania tenha sido sempre dinâmica, apenas em 2017 foi inaugurada uma capela devidamente projetada e em um espaço definitivo no 1º andar, bloco 2 do IIER.

“Antes, sempre havia a improvisação de algum local para a capelinha. Em 1992, conseguimos um espaço um pouco mais organizado, mas era muito pequenino. Com o tempo, a Capela foi improvisada no 9º andar, próximo ao elevador, e neste andar, em 2008, foi concedida uma sala para a Capela fixa. Há três anos, no contexto da reforma do hospital, recebemos uma capela planejada pelas arquitetas Ana Paula Vilela e Patrícia Ianamara”, recordou Padre João.

Ambientação

A capacidade é de aproximadamente 20 pessoas sentadas, porém há mais espaço não ocupado por mobiliário, a fim de que pacientes em cadeiras de rodas possam ter acesso ao local. Também do corredor em frente à Capela ecumênica é possível acompanhar as missas às segundas-feiras, às 15h – eventualmente há outras celebrações sacramentais –, e os cultos evangélicos, igualmente de periodicidade semanal.

Na ambientação, chama a atenção a grande cruz de barro com a iconografia do Cristo ressuscitado, feita pelo monge beneditino Dom Marcelo Molinero.

“É uma obra de arte muito bonita, que vale a pena ser contemplada, com o detalhe de Jesus vivo, o Cristo ressuscitado, pintado sobre a cruz de barro. De qualquer lado que se observe a cruz, a sensação é que o olhar de Cristo nos acompanha para nos proteger”, afirmou o Capelão.

Conexão com o sagrado

“É muito comum vermos um católico rezando o Terço, um evangélico lendo a Bíblia e alguém fazendo meditação na tradição oriental. É o momento em que a pessoa – seja o paciente, seja seu familiar, seja o funcionário do hospital – tem um encontro com Deus e consigo mesma, se reanima para a caminhada, para a sua missão. Hoje, as capelas estão cada vez mais valorizadas nos hospitais públicos, filantrópicos ou privados. Toda pessoa precisa cuidar da saúde espiritual, pois se está bem consigo, com Deus e com os outros, tanto mais estará a serviço dos demais”, ressaltou Padre João sobre o aspecto ecumênico da Capela.

Em razão da atual pandemia de COVID-19, todas as celebrações estão temporariamente suspensas, mas a Capela fica aberta ininterruptamente para a oração pessoal de pacientes, seus familiares e de todos os profissionais da comunidade hospitalar. “É um espaço bonito e agradável e no qual muitas pessoas dizem: ‘Aqui eu encontro a paz, a força para continuar a luta do dia a dia’”, concluiu o Capelão.

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Leia nos próximos dias detalhes sobre a história, dinâmica e características das capelas da Santa Casa de Misericórdia, do Conjunto Hospitalar do Mandaqui e do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus.

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