Iraquianos se preparam para acolher o Papa em viagem histórica

Cartazes são afixados pela cidade para as boas-vindas ao Papa (Foto: Vatican News)

Os católicos iraquianos aguardam ansiosos a primeira visita de um Pontífice Romano ao País. Francisco visitará o Iraque entre os dias 5 e 8 de março.

Esta será a 33ª viagem apostólica internacional do Santo Padre e a primeira desde o início da pandemia da COVID-19.

O desejo de visitar esse país do oriente médio foi expresso publicamente por Francisco em 10 de junho de 2019, durante a Plenária da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco).

“Um pensamento insistente me acompanha pensando no Iraque, onde tenho o desejo de ir no próximo ano, para que possa olhar adiante através da participação pacífica e partilhada na construção do bem comum de todos as componentes religiosas da sociedade, e não caia novamente em tensões que vêm dos conflitos intermináveis de potências regionais”, disse o Papa, na ocasião.

Mensagem de paz

O governo iraquiano descreve a visita como um “acontecimento histórico”, que simboliza “uma mensagem de paz para o Iraque e para toda a região”, reagiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Para o Cardeal Luis Sako, Patriarca da Igreja Católica Caldeia, a maior comunidade católica do Iraque, o objetivo desta viagem será “fazer o Iraque olhar em frente”.

São João Paulo II havia planejado uma viagem para o Iraque em dezembro de 1999, por ocasião do Jubileu do Ano 2000. Mas a peregrinação teve que ser suspensa a pedido do então líder iraquiano Saddam Hussein, após três meses de negociações.

O lema escolhido para a viagem de Francisco ao Iraque resume, em uma única frase, as aspirações e os sonhos de um povo atormentado por guerras e dilacerado por ataques terroristas: “Vocês são todos irmãos”.

Programa

De acordo com o programa divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, a primeira atividade do Santo Padre em solo iraquiano será a cerimônia de acolhida oficial no Aeroporto de Bagdá e o encontro com o primeiro-ministro.

Jovem faz fotografia diante de painel de divulgação da viagem do Papa ao Iraque (Foto: Vatican News)

Em seguida o Papa terá dois encontros oficiais no Palácio Presidencial de Bagdá: um com o Presidente da República e outro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático. No mesmo dia, na parte da tarde, Francisco encontrará os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas e catequistas na Catedral Sírio-Católica de “Nossa Senhora da Salvação”.

No sábado, 6, pela manhã o Pontífice partirá de avião para Najaf, onde encontrará o Grão-Aiatolá Sayyd Ali Al-Husaymi Al-Sistani. Em seguida, seguirá de avião para Nassiriya, onde participa na Planície de Ur de um encontro Inter-religioso, está previsto um discurso do Santo Padre. Logo depois, retornará de avião para Bagdá.

“Ur é o ponto alto da visita, porque Abraão representa o sinal da unidade para todos nós que vivemos nesta terra. Ver a casa de Abraão será um grande símbolo de unidade para todas as religiões que têm esse elemento em comum”, explicou o Bispo Auxiliar de Bagdá, Dom Basel Yaldo, em uma nota divulgada para imprensa local na quarta-feira, 24.

Ainda no sábado, à tarde, Francisco celebrará uma missa na Catedral caldeia de São José, em Bagdá.

O programa para domingo, 7, inicia com uma viagem a Erbil de avião. Na região autônoma do Curdistão Iraquiano, o Papa encontrará autoridades civis e religiosas no aeroporto local. Em seguida, de helicóptero, vai a Mosul.  Na Praça da Igreja de Mosul ,o Pontífice fará uma oração em sufrágio das vítimas da guerra. A etapa seguinte da programação da manhã de domingo será em é Qaraqosh , onde haverá um encontro com comunidade local na Igreja da Imaculada Conceição, com a previsão de um discurso e a recitação da oração do Angelus.

Na tarde do domingo, Francisco se dirigirá, de helicóptero, a Erbil, no Estádio “Franso Hariri”, para celebrar a Eucaristia dominical. Depois da celebração, o Papa retornará a Bagdá.

No último dia da sua visita, na manhã de segunda-feira, 8, o Papa participará da cerimônia de despedida no Aeroporto de Bagdá e, em seguida, embarcará de volta a Roma.

Papa Francisco saúda Patriarca dos católicos caldeus, Cardeal Cardeal Luis Sako (Foto: Vatican Media)

Cristãos no Iraque

Dos cerca de 1,5 milhão de cristãos existente no Iraque antes da segunda Guerra do Golfo de 2003, estima-se agora que existam apenas 250 mil. Muitos fugiram do país também por causa da guerra sectária. Além disso, em 2014, os ataques do autodenominado Estado Islâmico contra grupos minoritários representaram outro golpe contra as comunidades cristãs e muitos nunca mais voltaram para suas casas em Mosul e outras cidades.

No Iraque, coexistem várias Igrejas de rito oriental entre católicas e ortodoxas. A Igreja Católica espera que a Viagem Apostólica do Papa incentive os cristãos iraquianos a retornar aos seus lugares de origem.

Proximidade da Igreja  

De acordo com Arcebispo Nathanael Nizar Samaan, à frente da Diocese sírio-católica de Hadiab, no Curdistão iraquiano, a comunidade cristã que acolherá o Papa Francisco no Iraque “é pobre, pequena, sem poder político, mas certamente é uma Igreja viva, conservada na fé no Senhor Jesus, enriquecida também pelo testemunho daqueles que passaram por perseguições”. O prelado acrescentou que essa visita é esperada “como um sinal de que o Papa e a Igreja universal nos querem bem e que aqui há um futuro também para nós”.

 “Nós, cristãos iraquianos, não temos nenhuma ‘agenda’ própria para promover, aproveitando a visita papal. Quando vemos que o próprio Papa vem a nós, é um sinal inequívoco de que não estamos sós, que a Igreja nos quer bem e isso nos basta”, assegurou Dom Nizar. 

(Com informações de Vatican News)

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