Na exaltação da Santa Cruz e com Nossa Senhora das Dores se recorda a Paixão de Cristo

A memória de Nossa Senhora das Dores, no dia seguinte à Exaltação da Santa Cruz, revela a realidade de que Maria partilha como ninguém dos sofrimentos de Seu Filho

(Cena do filme – A Paixão de Cristo)

A Igreja celebra nos dias 14 e 15 de setembro, respectivamente, a Festa da Exaltação da Santa Cruz e a Memória de Nossa Senhora das Dores. Ambas as comemorações estão associadas intimamente pois remetem ao mesmo evento: a Paixão de Cristo.

A Festa da Exaltação da Cruz tem sua origem na descoberta de Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, de diversas relíquias da Paixão em 326 d.C, quando a Santa peregrinou até Jerusalém, para aproximar-se mais intimamente de Cristo e rezar por seu filho, que havia cometido um grave pecado.

Depois de longas escavações fora dos muros de Jerusalém, Santa Helena encontrou três cruzes. Uma das tradições afirma que, para descobrir qual das cruzes era aquela na qual Jesus fora crucificado, o bispo de Jerusalém à época, depois de convocar toda a comunidade para rezar, trouxe uma doente terminal e tocou as três cruzes nela. Depois de tocar na terceira cruz, a doente ficou curada imediatamente.

Além da Cruz de Cristo, a coroa de espinhos, os pregos da crucifixão e o letreiro com a inscrição “Jesus Nazaré, Rei dos Judeus” em hebraico, grego e latim, foram encontrados no local. Grande parte dessas relíquias está, hoje, na Igreja da Santa Cruz de Jerusalém, em Roma.

Santa Helena mandou construir a Basílica do Santo Sepulcro no local da descoberta. A Basílica foi consagrada em 14 de setembro. Em 614 d.C, também no dia 14 de setembro, os Persas invadiram Jerusalém e destruíram a Basílica, roubando parte das relíquias. A igreja só viria a ser reconstruída em 1149 pelos cruzados.

Já a memória de Nossa Senhora das Dores, no dia seguinte à Exaltação da Santa Cruz, revela a realidade de que Maria partilha como ninguém dos sofrimentos de Seu Filho na Cruz. Estando de pé ao lado da Cruz, Nossa Senhora uniu-se, em seu coração, ao coração de Cristo, aberto por uma lança. Assim, cumpriu-se a profecia do velho Simeão de que “uma espada lhe transpassaria o coração”.

O sentido da Exaltação da Santa Cruz

Em homilia proferida na Festa da Exaltação da Santa Cruz, em 2016, na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco utilizou-se da comparação entre a árvore do bem e do mal, que afastou o homem de Deus, e a árvore da Cruz, que uniu-os novamente em Cristo.

“Aquela árvore tinha feito tanto mal, e esta árvore nos leva à salvação, à saúde. Perdoa aquele mal. Este é o caminho da história humana: um caminho para encontrar Jesus Cristo Redentor, que dá a sua vida por amor”, afirmou o Santo Padre.

A Cruz, apesar de ser um instrumento de tortura, pode ser exaltada, porque nela Cristo redimiu a humanidade e santificou o sofrimento. Ao contemplá-la, deve-se recordar que todas as dores humanas só encontram sentido no sacrifício do Calvário. Assim, a Exaltação da Santa Cruz é uma festa de grande esperança para todos aqueles que sofrem, já que podem associar-se a Cristo padecente, que sofreu e se entregou por nós.

Por fim, o Papa recordou a necessidade de nos associarmos a Maria, aos pés da Cruz: “Para entrar neste mistério, que não é um labirinto, mas se assemelha um pouco, temos sempre necessidade da Mãe, da mão da Mãe. Que Ela, Maria, nos faça experimentar quão grande e quão humilde é este mistério; tão doce como mel e tão amargo como o aloe. Que seja ela a nos acompanhar neste caminho, que nenhum outro pode fazê-lo além de nós mesmos. Cada um deve fazê-lo! Com a Mãe, chorando e de joelhos”.

As setes dores de Nossa Senhora

Por essa razão, uma das devoções mais populares dirigidas a Maria é a de sua sete dores, representadas pelas sete espadas cravadas em seu coração nas imagens de Nossa Senhora das Dores.

Nossa Senhora, desde muitos anos antes da Paixão, foi sendo preparada por Deus para participar com coragem, fé e amor dos sofrimentos de Seu Filho no alto da Cruz. A devoção às setes dores relembra os momentos mais dolorosos da vida de Mãe de Deus e nos impele a aprender com ela a suportar com serenidade e grande confiança em Deus todos os nossos sofrimentos.

O Papa Francisco, em homilia na Sexta-Feira da Paixão deste ano, relembrou as setes dores de Nossa Senhora e incentivou os fiéis a rezarem essa devoção, para que conheçam com mais intimidade a dor da Mãe Igreja, representada por Maria ao pé da cruz, ao nos gerar para a vida eterna: “Faz-me bem rezar estas sete dores como uma lembrança da Mãe da Igreja, como a Mãe da Igreja que com tanta dor deu à luz todos nós.”

Santa Brígida, em uma revelação privada, recebeu a promessa de Nossa Senhora que todos os que rezassem sete ave-marias todos os dias em honra de cada dor receberiam graças especiais, especialmente na hora da morte.

As sete dores de Nossa Senhora

1ª Dor: Maria acolhe, com fé, a profecia de Simeão.

2ª Dor: Maria foge para o Egito com Jesus e José.

3ª Dor: Maria procura Jesus perdido em Jerusalém.

4ª Dor: Maria encontra-se com Jesus no caminho do Calvário.

5ª Dor: Maria permanece junto à cruz do seu Filho.

6ª Dor: Maria recebe nos braços o Corpo de Jesus deposto da cruz.

7ª Dor: Maria leva ao sepulcro o Corpo de Jesus à espera da ressurreição.

Deixe um comentário