Santa Dulce: testemunha da caridade e do amor aos pobres

Nesta quinta-feira, 13, a Igreja celebra a memória litúrgica de Santa Dulce dos Pobres, religiosa brasileira conhecida como “Anjo bom da Bahia”, que foi canonizada pelo Papa Francisco em 13 de outubro de 2019.

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador (BA). Aos 13 anos, manifestou o desejo de se consagrar a Deus. Já naquela época, inconformada com a pobreza, amparava miseráveis e carentes.

Aos 18 anos, recebeu o diploma de professora e entrou para a Congregação da Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito religioso e adotou, em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

OS POBRES

A primeira missão de Irmã Dulce como religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela Congregação, em Salvador. No encontro, o seu pensamento estava voltado para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas localizado na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também os operários que viviam no bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco.

Em 1937, fundou, com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.

A OBRA

No mesmo ano, ocupando um barracão, passou a abrigar pessoas em situação de rua e doentes, levados depois ao Mercado do Peixe, nos Arcos do Bonfim. Desalojados pela Prefeitura da cidade, acolheu-os, com a permissão da madre superiora, no galinheiro do Convento, transformado, em 1960, em Albergue Santo Antônio, com 150 leitos (hoje o Hospital Santo Antônio).

Irmã Dulce inaugurou ainda um asilo, o Centro Geriátrico Júlia Magalhães, e um orfanato, o Centro Educacional Santo Antônio e, em 1983, inaugurou o novo Hospital Santo Antônio.

Em 1988, foi indicada, pelo então presidente da República José Sarney, ao Prêmio Nobel da Paz.

Em 7 de julho de 1980, teve seu primeiro encontro com São João Paulo II por ocasião da visita dele ao País. O segundo encontro foi em 20 de outubro de 1991, quando ela já estava bastante debilitada por problemas respiratórios. O Anjo bom da Bahia morreu em 13 de março de 1992, com 77 anos.

PROCESSO DE CANONIZAÇÃO

A causa da canonização de Irmã Dulce começou em janeiro de 2000. Suas virtudes heroicas foram reconhecidas em abril de 2009, sendo, então, considerada Venerável.

Em 10 de dezembro de 2010, o Pontífice reconheceu o primeiro milagre e autorizou a beatificação da Religiosa. Trata-se da recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica.

Para a Santa Sé, são necessárias quatro exigências para o reconhecimento de um milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração e o pedido de intercessão), duradouro e perfeito.

BEATIFICAÇÃO

A beatificação de Irmã Dulce aconteceu em 22 de maio de 2011, em Salvador, em missa presidida pelo Cardeal Geraldo Majella Agnelo, Arcebispo Emérito de Salvador e delegado papal do rito de beatificação, então Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, com a participação de 70 mil pessoas. A Religiosa recebeu o título de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo como data de sua memória litúrgica o dia 13 de agosto.

No mesmo dia da beatificação, após a oração do Angelus, no Vaticano, Bento XVI dirigiu uma saudação aos fiéis de Língua Portuguesa, destacando que a Bem-Aventurada “deixou atrás de si um prodigioso rastro de caridade ao serviço dos últimos, levando o Brasil inteiro a ver nela ‘a mãe dos desamparados’”.

LEGADO 

Fundadas em 1959, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) atualmente são um dos maiores complexos de saúde com atendimento 100% gratuito do Brasil. São 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), entre idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes em situação de risco social, dependentes químicos e pessoas em situação de rua.

De acordo com as OSID, nos últimos 25 anos, foram contabilizados 60 milhões de atendimentos ambulatoriais e mais de 280 mil cirurgias realizadas.

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