34º Curso para os Bispos do Brasil é concluído no Rio de Janeiro

Bruno Carvalho

“O Kerigma e os desafios pastorais como fonte de esperança” foi o tema central da 34ª edição do Curso para os Bispos do Brasil, encerrado na sex­ta-feira, 31 de janeiro, no Centro de Estudos do Sumaré, na capital flumi­nense, com a participação de cerca de 80 bispos.

O curso, realizado anualmente na Arquidiocese do Rio de Janeiro desde 1990, é um momento de estudo, refle­xão e convivência do episcopado bra­sileiro, a partir da abordagem de um tema relativo ao presente da Igreja e da sociedade para melhor guiar o povo de Deus no Brasil.

Um dos conferencistas foi o Cardeal Victor Fernandes, Prefeito do Dicasté­rio para a Doutrina da Fé, que abordou os temas “O Kerigma proposto pelo Papa Francisco no contexto brasileiro” e “O impacto concreto do Kerigma na reflexão teológico-espiritual e na práxis pastoral”.

O Purpurado destacou que o ke­rigma “responde às perguntas últimas e mais profundas do coração humano”, e lembrou que em um mundo cada vez mais veloz, as grandes perguntas da existência ficam escondidas por detrás das urgências cotidianas. Diante disso, Dom Victor exortou que os bispos re­fletissem sobre as grandes necessidades cotidianas no Brasil, e se indagassem sobre o que as pessoas sentem que pre­cisam responder e onde elas vão buscar segurança, intensidade e plenitude.

Para responder a essas perguntas – indicou o Cardeal argentino – de­ve-se voltar a uma conversão pastoral, conforme propõe o Papa Francisco na encíclica Evangelii gaudium, em um processo que envolva toda a comuni­dade cristã: “Cada cristão é chamado a colaborar no anúncio missionário, fa­zendo um trabalho corpo a corpo”. Ele também ressaltou que quando a men­sagem cristã dissocia a espiritualidade e o sentido social, ela “se desnatura, per­de sua música, seu encanto específico. Uma doutrina, teológica ou moral, sem mística e sem sentido social, converte­-se em uma doutrina ‘filosófica’, não no acontecimento cristão”.

‘PROCUREMOS ANIMAR-NOS MUTUAMENTE’

Ao longo do encontro, os bispos também refletiram sobre os dados do Censo 2022 do IBGE que apontam para o crescimento no Brasil dos que declaram ser “sem religião”, e a necessi­dade da evangelização no meio urbano e entre os jovens, maior grupo afetado pela migração religiosa.

Na missa que presidiu na quinta­-feira, 30 de janeiro, na abertura do dia de atividades do curso, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolita­no de São Paulo, refletiu sobre essa re­alidade, apontando que possivelmente os que deixaram a Igreja Católica sen­tiram-se atraídos por propostas que lhes pareceram mais interessantes, mas talvez o tenham feito por não conhe­cerem profundamente a riqueza da fé professada na Igreja.

“Não abandonemos as nossas as­sembleias, a reunião dos fiéis, a cele­bração da Eucaristia, a participação na vida da Igreja. Muitas vezes quando um fiel não mais aparece na Igreja, será que alguém se importou em perguntar onde ele está? Por que não vem mais? Talvez falte entre nosso povo este in­teresse de uns pelos outros, o zelo pela fé. Procuremos animarmo-nos mutu­amente”, exortou, destacando que se todos os fiéis soubessem mais e melhor os motivos da fé não abandonariam a Igreja e não desanimariam.

(Com informações de Vatican News e Arquidiocese do Rio de Janeiro)

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