A Igreja celebra a Solenidade da Natividade de São João Batista

Cristo definiu “o maior entre os nascidos de mulher”. S. João Batista é um dos santos mais venerados no mundo e o único do qual a Igreja celebra o dia de nascimento terreno, em 24 de junho, além do seu martírio celebrado em 29 de agosto. Foi aquele que viu o Messias com seus olhos.  

A vocação profética de São João Batista é circundada, desde o seio materno, de eventos extraordinários, em preparação ao nascimento de Jesus. O evangelho de Lucas (1,39-45) narra que a sua mãe Isabel, enquanto estava grávida, recebeu a visita da sua prima Maria, que também estava grávida de Jesus, e que João exultou de alegria no seio materno ao ouvir a voz de Maria.

Isabel era estéril e idosa. O Arcanjo Gabriel anunciou ao seu esposo Zacarias, o nascimento de um filho: “Não temas Zacarias – disse-lhe – a tua oração foi ouvida e tua mulher, Isabel, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor”.

João Batista se apresenta

“Voz do que clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas’!” Assim João Batista definia a si mesmo e a sua missão. Os Evangelhos dizem que ele vivia no deserto, vestido com pelos de camelo e se alimentava de gafanhotos e de mel silvestre; fazia penitência e pregava convidando à conversão. Certo dia, às margens do rio Jordão, aconteceu o encontro com o próprio Messias, que lhe pediu para ser batizado também. O batismo de João era de penitência e representava o batismo segundo o Espírito: “Eu, na verdade, batizo-vos com água para a conversão – dizia a seus discípulos – mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar as correias das sandálias; ele vossa batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

Após ter batizado o Salvador, afirmou: “Agora a minha alegria é completa. Ele deve crescer e eu, ao invés, diminuir”. A sua missão foi comprida.

Homem justo e o preço da verdade

João Batista amava a verdade e, por isso, morreu decapitado na prisão. Havia sido preso pelo Rei Herodes, por causa de Herodíade, mulher do seu irmão, Filipe, com a qual se casara. Com efeito, João lhe havia recordado que não era lícito conviver com a mulher do seu irmão. Herodes, porém, reconhecendo nele um homem justo, não queria mandar matá-lo. Mas, Herodíade venceu, convencendo a sua filha Salomé a pedir-lhe, como prêmio da sua dança em um banquete, a cabeça de Batista.

A cabeça de Batista

Com o passar dos séculos, houve muitas discrepâncias nas várias lendas e nas histórias de diversas supostas relíquias no mundo cristão. Diversos locais diferentes reivindicam a posse da cabeça de João Batista. Alguns cristãos acreditam que a cabeça que está exposta na igreja de “San Silvestro in Capite”, em Roma, seja a cabeça de São João Batista.

Não há nenhum outro santo do qual a Igreja celebra os dois acontecimentos; celebra, geralmente, apenas o “nascimento para o céu”, exceto, é claro, o caso de Jesus, Filho de Deus (Natal e Sexta-feira Santa) e da Virgem Maria (8 de setembro e 15 de agosto).

No fundo, o próprio Jesus disse: “Em verdade vos digo que entre os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João Batista” (Mt 11,11): o último dos grandes Profetas de Israel, o primeiro a dar testemunho de Jesus e a iniciar o batismo para o perdão dos pecados; neste contexto, ele batizou Jesus; e foi mártir em defesa da lei Judaica.

No século IV, já havia celebrações litúrgicas sobre João Batista, em datas diferentes. A sua data (24 de junho) foi estabelecida com base no texto de Lucas 1,36, quando diz que Isabel já estava “no sexto mês, ela, que todos diziam, que era estéril”. Logo, seis meses antes do Natal. Desde o século VI, esta festa é precedida por uma vigília

«Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia e se congratulavam com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias. Mas, sua mãe interveio: “Não” – disse ela – “ele se chamará João”. Replicaram-lhe: “Não há ninguém na tua família que se chame por este nome”. E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: “João é o seu nome”. Todos ficaram pasmados. E logo se lhe abriu a boca e soltou-se sua língua e ele falou, bendizendo a Deus. O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judeia. Todos os que o ouviam o conservavam no coração, dizendo: “Que será este menino?”. Porque a mão do Senhor estava com ele» (Lc 1, 57-66).

Estupor

As pessoas ficaram maravilhadas diante daquela criança, mas também diante daquele casal estéril, que, em idade avançada, deu à luz um filho: uma maravilha iluminada pela fé, tanto que “conservavam” no coração o que ouviram e viram, e louvavam a Deus; uma maravilha acompanhada pela consciência de que não entendiam tudo: “Quem seria aquele menino?”. Uma pergunta legítima, mesmo porque onde tudo é compreensível, não dependeria de Deus!

O acontecimento do nascimento é circundado por uma alegre sensação de estupor, surpresa, gratidão. O povo fiel intuía que tinha acontecido algo de grande, mesmo se humilde e oculto: o povo era capaz de viver a fé com alegria, com sensação de admiração, de surpresa … Eu sinto uma sensação de estupor, quando vejo as obras do Senhor, quando ouço falar de evangelização ou da vida de um santo…? Consigo sentir as consolações do Espírito ou fico fechado?” (Papa Francisco, 24 de junho de 2018).

Nome

Os que tinham ido participar da circuncisão, queriam colocar o nome do seu pai, Zacarias. Mas, quem interveio, caso muito raro, foi Isabel, que disse João. Era o nome que o próprio Deus havia indicado por meio do anjo: “Não temas, Zacarias, porque a tua oração foi atendida: Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu o chamarás João” (Lc 1,13). Zacarias havia começado mal com Deus, demonstrando a sua incredulidade, que o levou a ficar mudo. Agora, obedecendo ao que Deus lhe havia pedido – para chamar João – começava uma nova história.

Oportunidades

O texto explica o que aconteceu: uma mulher idosa e estéril dá à luz um filho; um homem mudo começa a falar. Trata-se de dois sinais que indicam que, onde as coisas parecem impossíveis, Deus tem sempre alguma possibilidade oculta, como diz o profeta Isaías: “Eis que estou fazendo uma coisa nova, que está começando: não percebes?” (Is 43,19).

Fonte: Vatican News

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ARMANDO LEONARDO
ARMANDO LEONARDO
21 dias atrás

VIVA Sao João Batista AMEM acende a fogueira do meu coração.