Simeão, chamado “o Velho”, para distinguir do seu homônimo, que, mais de um século depois, também viveu sobre uma coluna, era natural da Cilícia. Porém, viveu sobretudo na Síria, entre os séculos IV e V. Era um monge exemplar na prática extrema das virtudes. Faleceu em odor de santidade.
A história de Simeão, que, entre outras coisas, teve o mérito de levar o tipo de eremitério estilita ao cristianismo oriental, chegou até nós graças ao testemunho ocular do seu amigo Teodoreto, Bispo de Ciro. Filho de pastores, nasceu e viveu entre a Cilícia e a Síria, passando sua infância entre os rebanhos.
A chamada em sonho
Certo dia, o menino Simeão não pôde levar as ovelhas para o pasto porque havia muita neve. Então, entrou em uma igreja e ficou comovido pela passagem evangélica das Bem-Aventuranças. Daí, perguntou a um senhor idoso, como fazer para viver daquela maneira. O homem respondeu-lhe que era preciso abandonar tudo e se dedicar só Deus, sem saber que Simeão o levaria a sério e viveria literalmente.
Uma vez, enquanto rezava, para que o Senhor lhe mostrasse a sua Vontade, adormeceu e sonhou que estava escavando o alicerce para uma casa. A voz lhe recomendava para “escavar sempre mais a fundo!”. Quando, enfim, chegou à profundidade certa, ouviu ainda: “Muito bem, agora você poderá construir o edifício da altura que quiser”.
Viver em mosteiro? Muito pouco!
Deus chamou Simeão e ele respondeu entrando para o mosteiro; porém, aquela vida, para ele, tornou-se logo, de certo modo, muito simples demais: ele buscava uma perfeição mais alta, possível apenas com a prática da austeridade. Assim, transferiu-se para o eremitério de Teleda, onde os monges comiam a cada dois dias.
Mas, não lhe foi suficiente. Simeão jejuou a semana inteira, dando a sua comida aos pobres. Ademais, com um ramo de mirto, fez um cilício. Nestas alturas, achando que estava exagerando e que os outros monges pudessem seguir seu exemplo, o Abade o mandou embora.
Este fato levou Simeão a tomar medidas bem mais extremas: temendo ser um péssimo mau exemplo de pecador irredutível, desceu ao fundo de um poço, onde ficou chorando por dias e dias. Preocupado de tê-lo castigado, com muita severidade, o Abade chamou-o de volta ao mosteiro.
37 anos sobre uma coluna
Passou-se mais um ano. No entanto, Simeão deixou de novo o mosteiro – desta vez, voluntariamente – para se abrigar em uma cabana, em Teli Nesim, perto de Antioquia, sob a direção do Padre Basso. Seu novo mestre, porém, também ficou preocupado com a vida severa que vivia.
Entretanto, para Simeão, viver em uma cela e jejuar por toda a Quaresma, não era mais suficiente: subiu ao cume de uma montanha e decidiu viver lá sozinho, em um angusto espaço de 20 metros. Para viver corretamente, chegou a acorrentar-se a uma rocha. Quando o Bispo de Antioquia, Melécio, subiu ao monte para visitá-lo, fez-lhe notar que, daquela maneira, somente os animais ferozes podiam viver.
Assim, teve uma inspiração: subir em cima de uma coluna, gradualmente, cada vez mais alto, para se separar do mundo “abaixo”, até chegar àquele de “cima”, para encontrar a Deus. Sobre a coluna, porém, Simeão não podia se sentar, tampouco se deitar: então ficava em permanente contemplação… ou quase.
Simeão, a multidão e as mulheres
Este estilo de vida incomum, adotado pelo monge, não passaram despercebidos, pelo contrário, atraíam multidões de curiosos. Então, Simeão começou a responder às perguntas, resolver conflitos e fazer pregações, pelo menos duas vezes ao dia, às pessoas que o procuravam. Porém, não deixava as mulheres se aproximar, explicando-lhes o motivo: “Se formos dignos, ver-nos-emos na outra vida”. Não abriu exceção nem para a sua própria mãe, Marta, que era tão importante para ele e o influenciou na sua conversão, quando criança.
Enfim, começou a circular boatos sobre a sua capacidade de fazer curas excepcionais. Assim, uma delegação da Igreja foi ao local para investigar. Diante do pedido dos Bispos de descer da coluna, Simeão aceitou, imediatamente. Porém, a ordem foi revogada e a sua sinceridade e grandeza constatadas.
Desde então, Simeão nunca mais desceu daquela coluna, dedicando todo o tempo ao seu Senhor, que o chamou para Si, no ano 459. Seu corpo, após ter submetido aos atrozes sofrimentos, agora descansava em paz. Após ideias discordantes, o corpo de São Simeão foi sepultado em Antioquia, sob um altar do qual o Santo não poupou milagres e graças.
Fonte: Vatican News