A Igreja recorda Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir

Inácio, segundo sucessor de Pedro como bispo de Antioquia, é expressão do fervor das comunidades sub-apostólicas. Condenado às feras sob Trajano (98-117), em sua viagem para Roma sofreu maus-tratos dos soldados e foi confortado pelos representantes das comunidades eclesiais. Nas suas sete cartas, documento vivo de sua doutrina e de sua solicitude pastoral, vibra sua alma heróica de apaixonado imitador de Cristo até o martírio.

É testemunha de uma Igreja centrada na Eucaristia, que em torno do bispo e do seu presbitério forma como que uma sinfonia de unidade e concórdia. Sua memória é celebrada pelos sírios aos 17 de outubro, dia em que é recordada num breviário do fim do séc. IV. Seu nome está no Cânon Romano.

Inácio, de origem pagã e convertido em idade avançada, foi o terceiro Bispo de Antioquia, na Síria, condenado ao martírio durante as perseguições do imperador Trajano. Após uma longa e dolorosa viagem, testemunhada por sete cartas admiráveis, chegou a Roma, onde sofreu o martírio no Coliseu.  

Antioquia, na atual Síria, era a terceira maior metrópole do mundo antigo, depois de Roma e Alexandria do Egito. Inácio tornou-se Bispo de Alexandria, por volta do ano 69, como sucessor de Santo Evódio, mas, sobretudo, do apóstolo Pedro, que havia fundado a Igreja naquela cidade. Descendente de uma família pagã, não romana, Inácio converteu-se ao cristianismo em idade avançada, graças à pregação de São João Evangelista, que havia passado por aquelas terras.

Viagem rumo ao martírio

Inácio era um Bispo forte, um pastor de zelo ardente. Os seguidores da sua Igreja o definiam como um cristão “fogoso”, segundo a etimologia do seu nome.

Durante seu episcopado, começou a terrível perseguição do imperador Trajano, da qual também o Bispo foi vítima, por não querer negar à sua fé em Cristo. Por isso, foi preso e transportado acorrentado para Roma. No Coliseu, seu corpo foi despedaçado pelas feras, durante as celebrações da vitória do imperador na Dácia. Assim, começou a sua longa viagem, rumo ao patíbulo, durante a qual foi torturado pelos guardas, até chegar a Roma para a execução da sua sentença, no ano 107.

As sete letras

Durante esta longa viagem rumo à morte, o Bispo Inácio escreveu sete lindas cartas, que constituem um documento inimitável da vida da Igreja na época.

Ao chegar a Esmirna, escreveu as quatro primeiras cartas, três das quais dirigidas às comunidades da Ásia Menor: aos Efésios, Magnésios e Trálios. Nelas, ele expressa sua gratidão pelas muitas demonstrações de carinho. A quarta carta, ao invés, foi dirigida à Igreja de Roma, na qual faz um apelo aos fiéis para não impedir seu martírio, do qual se sentia honrado, pela possibilidade de repercorrer o caminho e a Paixão de Jesus.

De passagem por Trôade, Inácio escreveu outras três cartas: à Igreja da Filadélfia, de Esmirna e ao seu Bispo, Policarpo. Em suas missivas, pedia a solidariedade espiritual dos fiéis com a Igreja de Antioquia, que passava pelas provações do eminente destino do seu pastor; ao Bispo Policarpo, ofereceu interessantes diretrizes de como cumprir a sua função episcopal.

Ele escreveu também páginas de verdadeiras e próprias declarações de amor a Cristo e à sua Igreja, que, pela primeira vez, foi chamada “católica”; testemunhos do conceito tripartido do ministério cristão entre Bispos, presbíteros e diáconos; e ainda diretrizes para combater a heresia do Docetismo, que acreditava na Encarnação do Filho apenas como aparência e não real.

Enfim, através das cartas de Inácio, percebemos seu desejo, quase como uma súplica ardorosa, de que os fiéis mantivessem a Igreja unida, contra tudo e contra todos.

Fonte: Vatican News

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