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‘A Igreja está viva e dinâmica’, afirma Dom Odilo

Reprodução

O Cardeal Odilo Pedro Scherer concedeu entrevista ao jornalista Carlos Alberto Di Franco, no canal do comunicador no YouTube, na quinta-feira, 23. Durante a conversa, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo abordou temas de relevância para a Igreja e para a sociedade, entre os quais o início do pontificado do Papa Leão XIV, o crescimento do catolicismo no mundo, os desafios culturais e políticos contemporâneos, a liberdade religiosa e a atuação dos fiéis na vida pública.

CONSTRUTOR DE PONTES

Ao comentar sobre o novo Pontífice, Dom Odilo destacou suas qualidades humanas e espirituais. “Ele é um cidadão do mundo, tem uma grande visão da realidade humana, eclesial e cultural. É um mediador, um construtor de pontes”, afirmou.

O Arcebispo considerou que o perfil de Leão XIV está em sintonia com o momento atual da Igreja, por unir objetividade e escuta atenta.

Dom Odilo também comentou o processo que precedeu a escolha do Papa, as congregações gerais do Conclave, nas quais os cardeais “fizeram um quadro muito amplo sobre as realidades que a Igreja e o mundo vivem”, o que ajudou a delinear o perfil do novo Pontífice.

Questionado sobre os dados recentes de crescimento da Igreja Católica, Dom Odilo destacou que “a Igreja está em crescimento em todos os continentes”, especialmente na Ásia e na África, e observou sinais positivos também no Brasil. 

Segundo ele, “há um movimento de renovada adesão à Igreja Católica”, visível em batizados, crismas e retorno de fiéis. Essa vitalidade, afirmou, deve-se à convicção de que “a Igreja não é somente obra humana, mas obra do Espírito Santo”, e acrescentou: “Nós somos colaboradores com a graça de Deus, que não falha”.

DESAFIOS 

Ao tratar dos desafios culturais contemporâneos, o Arcebispo analisou o fenômeno da secularização e suas consequências para a convivência social. “A polarização é decorrente da falta de valores compartilhados. Como não dá para ficar sozinho, formam-se bolhas e lados, que se enfrentam”, explicou. Citando o Papa Francisco, reforçou a necessidade de “lançar pontes, dialogar e promover a cultura do encontro, em vez da cultura do desencontro.”

Dom Odilo expressou ainda preocupação com decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em sua avaliação, extrapolam o papel constitucional. “O Supremo foi se transformando em legislador, o que a Constituição não prevê. A questão é a legitimidade dessa atitude”, afirmou, ao comentar o recente debate sobre a descriminalização do aborto.

O Cardeal também destacou a gravidade das restrições à liberdade religiosa no mundo, detalhadas pelo novo relatório da fundação pontifícia ACN – Ajuda à Igreja que Sofre. Segundo ele, “quase metade da humanidade vive em situação de liberdade religiosa desrespeitada”, o que inclui perseguições diretas e discriminações mais sutis, inclusive no Brasil.

COMPROMISSO

Sobre o papel da Igreja nas eleições de 2026, Dom Odilo reiterou que “a Igreja não tem partido nem candidato”, mas oferece princípios morais e sociais para orientar o discernimento dos fiéis. “O púlpito não deve ser usado para fazer política partidária”, observou.

Ao refletir sobre os 18 anos à frente da Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal disse ver sua missão como um contínuo semear. “Eu semeio, o meu trabalho é semear, não é colher. Espero que o que a gente semeia produza.” Entre os frutos, citou o 1º sínodo arquidiocesano (2017–2023) e o fortalecimento da consciência missionária da Igreja na metrópole paulistana.

“Se alguém pensa que a Igreja Católica está parada, está muito enganado. A Igreja está viva e dinâmica”, concluiu.

A íntegra da entrevista está disponível aqui

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