Afirmou o Cardeal Scherer em missa no Cemitério Gethsêmani Anhanguera, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos
Desde as primeiras horas da manhã do sábado, 2, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, popularmente conhecido como Dia de Finados, já havia pessoas em oração diante dos jazigos do Cemitério Gethsêmani Anhanguera, na zona Noroeste da cidade.
“É impossível irmos ao cemitério, visitarmos o túmulo dos nossos falecidos e não nos perguntarmos: ‘Quando será o meu dia?’. Talvez muitos nem vão ao cemitério hoje para não se fazer esta pergunta incômoda: ‘Até quando vou viver? O que acontecerá comigo depois?’. É fácil tentar esconder esta pergunta, abafá-la, mas ela é real, faz parte da nossa vida. Todos um dia vamos morrer”, refletiu o Cardeal Odilo Pedro Scherer na homilia da missa que ele presidiu às 8h na capela deste cemitério mantido pela Arquidiocese de São Paulo.
Ao saudar os fiéis no começo da missa, o Arcebispo Metropolitano exortou-lhes a rezar por seus parentes e amigos falecidos, bem como pelos sacerdotes e Arcebispos que já morreram.
“O melhor que nós podemos fazer por eles é encomendá-los a Deus, é dizer ‘Senhor, acolhe estes meus irmãos, este meu pai, esta minha mãe, meu avô, meu tio, meu filho, acolhe-o na tua casa’, e, assim, a intercessão da Igreja, oferecendo o sacrifício de Jesus na Cruz em favor dos falecidos, será de proveito para eles”, disse Dom Odilo na missa que teve como concelebrante o Padre Orisvaldo Carvalho, Pároco da Paróquia Cristo Rei, da Região Lapa, cujo território abrange esse cemitério.
A RESPOSTA CRISTÃ
Dom Odilo, na homilia, destacou que diante dos questionamentos humanos sobre o sentido da vida e do que ocorre após a morte, há muitas respostas difundidas pelo mundo, mas que o cristão deve se guiar por aquilo que diz a Palavra de Deus.
“A morte é uma etapa da nossa vida, mas nossa vida não se resume a esta etapa, pois seria uma grande desilusão a vida se resumir aos anos poucos que nós vivemos neste mundo”, afirmou.
“Deus não nos fez para a morte, para o tumulo. Ele nos fez para viver. Deus tem mais vida para nós, vida para além deste mundo, a vida na Casa do Pai. Jesus mesmo falou, ‘Eu vou para o Pai e vou preparar um lugar para vocês’. A Igreja nos diz deste estar diante de Deus contemplando a Sua face na companhia de todos aqueles que lá já estão: os anjos, os santos e todas as pessoas que pela misericórdia de Deus alcançam a Casa do Pai, a vida eterna e estão felizes”, explicou.
“A nossa vida neste mundo não é um caminhar para a morte, mas para o encontro com Deus, na direção da grande finalidade da nossa existência, que é estar com Deus e ser plenamente felizes com Ele”, enfatizou o Arcebispo.
CRER NA RESSURREIÇÃO
Ao comentar a 1ª leitura proclamada nesta missa (Jó 19,1.23-27a), Dom Odilo destacou a profissão de fé de Jó – “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus” –, o qual mesmo perante as mais extremas adversidades não blasfemou contra o Senhor.
“Este texto vai ao fundo da questão: nós somos mortais, um dia nosso corpo será destruído, mas Deus vive. Jesus mesmo disse que Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos. Para Deus, a morte do corpo não é o fim de tudo. Por isso, se Deus vive – e esta é a nossa certeza –, Ele também tem poder para nos tirar do pó da morte e nos fazer viver, não mais para este mundo, mas para a vida nova, a vida de ressuscitados. A resposta para o questionamento da morte é a Ressurreição de Jesus e com ela, a promessa da nossa ressurreição dos mortos”, enfatizou.
O Arcebispo disse ainda que a passagem do Evangelho segundo João que narra a ressurreição de Lázaro (Jo 11, 17-27), proclamado neste dia, mostra que Cristo é vida e ressurreição e que todos creem naquele que é o Pão Vivo descido do céu não serão descartados na hora da morte, mas salvos para a vida eterna.
PELOS JÁ FALECIDOS E POR TODOS OS VIVOS
Na conclusão da homilia, Dom Odilo exortou os fiéis a rezar neste dia pelos falecidos, mas também a pensar sobre os rumos que têm dado à própria vida.
“Como estamos vivendo? Se eu fosse chamado hoje por Deus, eu estaria pronto? Não sabemos o dia e a hora. Estar sempre pronto significa nunca estar longe de Deus, viver a comunhão com Ele, a fé em Cristo sinceramente”, destacou, lembrando, porém, que isso não significa esperar a morte chegar. “Quem crê, quem confia em Deus, não precisa temer. Este dia é momento de tomarmos consciência da nossa vida para orientá-la no sentido da nossa fé”, exortou.
Após a Comunhão, o Arcebispo rezou com os fiéis a oração pelos falecidos, distribuída a todos os participantes da missa, e lembrou que a Igreja sempre recomenda que se reze pelos mortos e se ofereça a eles o santo sacrifício da missa.
De acordo com o parágrafo 958 do Catecismo da Igreja Católica, “reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam venerou, com muita piedade, desde os primeiros tempos do Cristianismo, a memória dos defuntos; e, ‘porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados’ (2Mc 12,46), por eles ofereceu também sufrágios”.
Neste Dia de Finados, outras duas missas serão celebradas no Cemitério Gethsêmani Anhanguera: às 10h30 e às 15h. O endereço é Rodovia Anhanguera, KM 23,4, Vila Sulina. Conheça mais sobre o cemitério nas redes sociais (@gethsemanianhanguera).