Aos 50 anos, Paróquia Sagrado Coração de Jesus tem rosto jovem e famílias unidas

Jubileu de Ouro da igreja localizada no Parque Continental foi festejado com missa presidida pelo Cardeal Scherer

Cardeal Odilo Pedro Scherer, Padre Pedro Augusto Ciola e a comunidade de fiéis da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na missa do dia 22
Luciney Martins/O SÃO PAULO

Uma história cinquentenária solenemente celebrada entre os dias 20 e 22 e recordada em uma exposição fotográfica no hall da entrada da igreja. Foi assim que a Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Parque Continental, Região Lapa, festejou seu jubileu de ouro, concluído com a missa solene presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer.

“Hoje convido todos a agradecer as graças aqui recebidas ao longo destes 50 anos, os tantos bens, tantos momentos vividos de modo alegre, outros talvez mais difíceis, mas daqui ninguém entra e sai sem receber o consolo da fé e a certeza de que Deus nos olha e que escuta a nossa prece. Celebremos e renovemos o nosso desejo de continuar a vida da fé em comunidade”, rezou o Arcebispo Metropolitano no começo da missa.

A IGREJA E O BAIRRO

Embora tenha sido erigida em 22 de maio de 1974, a história desta Paróquia remonta ao ano de 1969, com a chegada dos primeiros moradores ao Residencial Parque Continental, na zona Oeste. A urbanizadora que construiu o bairro tinha planos de erguer um templo ecumênico, mas os católicos, grande maioria entre os residentes, se mobilizaram para que a empresa fizesse uma capela, que após concluída foi doada à Arquidiocese de São Paulo.

Entre 1969 e 1972, as missas e ações evangelizadoras em diferentes espaços do bairro foram conduzidas pelo Padre José Stella Narduolo, da Congregação dos Missionários Combonianos. Em 1973, chegou à comunidade paroquial o Padre Felipe Conde Pardo, sacerdote espanhol que ali permaneceu até 1993, orientando a vida pastoral e sacramental da Paróquia. A partir de 1978, as missas passaram a ser celebradas no espaço onde hoje está o salão social da igreja; e em 1982 ficou pronta a nave atual com o presbitério.

Os pais de Maria Helena Tavares Pinho Tinoco Soares, catequista e ministra extraordinária da Sagrada Comunhão, estiveram entre os primeiros paroquianos. “A minha mãe vinha aqui desde o começo. Eu fui crismada em 1993, e vivi toda a infância aqui na igreja. Quando foram montar o templo, cada família ajudou a comprar um banco, e ela foi uma das que comprou”, rememorou ao O SÃO PAULO.

ACOLHEDORA E MISSIONÁRIA

Entre os paroquianos, muitos não moram no bairro, como é o caso de Maria Helena. “Eu me mudei do Parque Continental há 11 anos, mas não deixei a Paróquia. Aqui está a minha raiz”, assegurou. “Muita gente que frequenta aqui não é das redondezas. Na Catequese, por exemplo, quando formamos uma turma, muitas das crianças não são do bairro. Na Crisma de adultos que terminou no mês passado, muitos eram de outros bairros e até de outras cidades”, prosseguiu.

Esse perfil da Paróquia também é destacado pelo Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, Pároco desde setembro de 2019: “Nosso território é pequeno, basicamente se concentra aqui no Parque Continental. A maioria dos paroquianos é de outros bairros e temos uma forte presença das famílias”, explicou o Sacerdote, apontando, porém, que a igreja está atenta à realidade local e realiza ações caritativa, como a distribuição de cestas básicas e materiais de higiene às famílias mais pobres, bem como visitas missionárias.

Padre Pedro mencionou que além da Pastoral Social estão bem estruturados na Paróquia o Apostolado da Oração, Terço dos Homens, Terço das Famílias, grupo de coroinhas e acólitos, Catequese, ministros extraordinários da Sagrada Comunhão e o grupo Alpha, que realiza encontros querigmáticos para famílias e casais.

FORÇA JOVEM

Na assembleia de fiéis, nos grupos pastorais e também nas fotos que rememoram os 50 anos da Paróquia chama a atenção a grande presença de jovens, algo decorrente do trabalho intensificado pelo atual Pároco e iniciado pelos que o precederam: o Padre José Donizetti Fiel Rolim (1994-2010) e Dom Jorge Pierozan (2010-2019), atual Bispo Auxiliar de São Paulo, que na Paróquia ainda hoje é reconhecido como Padre Rocha.

“Eu sempre disse que não poderíamos reduzir o trabalho com a juventude à catequese de Crisma ou ao serviço da liturgia. Assim, pensamos em dar mais opções para o jovem entrar na Igreja, gostar e permanecer. Por isso, iniciamos o Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC) e o Encontro de Jovens com Cristo (EJC), que permitiram dinamizar as ações com os jovens, e não só com os das famílias de paroquianos, mas também seus amigos, colegas de escola e faculdade”, detalhou Padre Pedro, recordando, ainda, que a Paróquia já enviou vocacionados para o seminário arquidiocesano.

Gislaine Bispo, 41, e Clayton Bansi, 43, fazem parte da coordenação do EAC. À reportagem, eles atribuíram o sucesso das iniciativas ao envolvimento dos ca- sais de apoio e à acolhida que os jovens e adolescentes recebem na Paróquia.

“Fazemos não só um trabalho de divulgação dos encontros, mas também um acompanhamento bem próximo, incluindo um processo com muita escuta”, detalhou Gislaine. “Os adolescentes são envolvidos em todos os trabalhos da Paróquia, para que se sintam acolhidos e percebam que estão na linha de frente da igreja”, complementou Clayton. Eles explicaram que os grandes encontros envolvem saídas externas, como a ida a chácaras, para momentos de espiritualidade e recreação.

AS 3 MISSÕES DA PARÓQUIA

Dom Odilo, na homilia da missa solene, destacou as três grandes missões de uma paróquia, sendo a primeira a de anunciar a Palavra: “A paróquia é o lugar em que a Palavra de Deus deve ressoar; ser acolhida e respondida mediante a profissão de fé, a conversão da vida, a prática das virtudes cristãs e observância dos mandamentos”.

A segunda missão é a de celebrar o louvor e a adoração de Deus. “A paróquia deve ser o lugar de glorificação de Deus mediante a celebração da Eucaristia, dos outros sacramentos e da oração”, disse o Arcebispo, recomendando que os sacramentos sejam mais valorizados pelos fiéis, incluindo a participação na missa dominical.

A terceira missão da paróquia, conforme lembrou Dom Odilo, é testemunhar a caridade e a esperança. “A paróquia é a comunidade das testemunhas de Jesus Cristo. Assim, vocês devem testemunhar o Evangelho do Reino de Deus neste bairro”, disse, exortando que os paroquianos tenham sempre uma postura missionária e continuem a confiar na ação do Espírito Santo.

CONVIVÊNCIA ENTRE GERAÇÕES

O Arcebispo fez ainda exortações às diferentes gerações de paroquianos. Às crianças, aos adolescentes e aos jovens, lembrou: “Vocês são o presente e o futuro da Igreja. Que bom que estão aqui começando a participar”; aos adultos, recomendou: “Ajudem seus filhos a participar da Igreja. Pais, coragem e perseverança, deem o testemunho da fé, pois o que vocês semeiam no coração dos filhos um dia vai brotar”; e aos idosos, pediu: “Vovô, vovó, vocês que chegaram até aqui, deem este testemunho da serenidade e da firmeza da sua fé e de que vale a pena ser cristão, ser bom católico e participar da vida da Igreja”.

Antes do encerramento da missa, um grupo de crianças e de adolescentes entoou um canto em ação de graças pelo jubileu de ouro paroquial: “O melhor lugar de estar é no Teu coração, Sagrado Coração”, cantaram os meninos e meninas, ensaiados pelo coral da Paróquia, sob a regência da maestrina Márcia Soldi.

“Amanhã começam os próximos 50 anos!”, lembrou Dom Odilo após a bênção final.

PARÓQUIA SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Rua Francisco Ferrari, 130, Parque Continental
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