Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 discute o agir pastoral perante os desafios ambientais e o crescente uso da IA

“Igreja Sinodal: alargar a tenda da oração, da escuta e da comunicação” foi o tema da 45ª Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada entre os dias 27 e 29 de setembro no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), com a participação de 42 bispos e arcebispos, 66 padres, diáconos e religiosos e cerca de 140 leigos que atuam nas 43 dioceses e arquidioceses no estado de São Paulo. 

Na cerimônia da abertura, conduzida por Dom Júlio Endi Akamine, Arcebispo de Sorocaba e Presidente do Regional Sul 1; por Dom Moacir Silva, Arcebispo de Ribeirão Preto e Vice-Presidente, e por Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e Secretário-geral do Regional Sul 1, foram recordados os desafios evangelizadores nas sete sub-regiões paulistas.

“Queremos possibilitar e promover a troca de experiências entre as Igrejas Particulares”, destacou o Padre Luís Fernando da Silva, da Diocese de São João da Boa Vista e Secretário-executivo do Regional Sul 1, antes de orientar a dinâmica de “conversa no Espírito” – a mesma adotada na assembleia sobre a Igreja sinodal, no Vaticano – permeada por momentos de silêncio, oração e partilha sobre temas como “Iniciação à Vida Cristã”, “Celebrar a Fé” e “Cuidar da Vida”.

O impacto da inteligência artificial na pastoral

O destaque da programação na manhã do sábado, 28, foi a conferência “Inteligência artificial e seu impacto na Pastoral”, conduzida por Moisés Sbardelotto, doutor em Ciências da Comunicação. Ele recordou as mensagens e discursos do Papa Francisco acerca das novas realidades tecnológicas, especialmente a Inteligência Artificial (IA).

Sbardelotto comentou, ainda, que o apelo do Papa por uma “Igreja em saída” alcança a cultura digital e passa a exigir a construção de referências pautadas na ética. Nesse sentido, ele recordou uma publicação da Comissão Episcopal para Comunicação Social e o Grupo de Reflexão sobre Comunicação da CNBB segundo a qual “é necessário garantir que tais ferramentas [de IA] estejam alinhadas com os valores cristãos e sejam utilizadas de forma que não causem discriminação, injustiças ou sofrimento humano”.

A atenção da Igreja às questões ambientais

Na tarde do sábado, o Cardeal Odilo Pedro Scherer realizou a análise de conjuntura eclesial, apontando para o atual contexto de polarização ideológica que também afeta a Igreja; para os desafios relacionados à promoção das vocações; e para a urgência de buscar caminhos para a paz em um mundo no qual surgem novos conflitos. A emergência climática, com seus consequentes impactos nas migrações e na economia, também foi destacada pelo Arcebispo de São Paulo. 

Na sequência, Luciano Machado, licenciado em Geografia, especialista em Ecologia Integral e doutor em Educação e membro da Pastoral da Ecologia Integral do Regional Sul 1, tratou sobre a temática da Campanha da Fraternidade 2025 – “Fraternidade e ecologia integral”.

 No mesmo dia, o pesquisador Lincoln Muniz Alves falou sobre o avanço da degradação ambiental no planeta e de como a Igreja pode ajudar a pensar soluções. “Sobre o que fazer? Primeiro, sair da zona de conforto e participar das discussões. Quantos nos dispusemos a interagir com o Plano Diretor de nossas cidades? Para o concreto, devemos promover o engajamento da sociedade nas discussões”, disse Alves, ao ser questionado sobre ações práticas ao alcance de todos.

A preocupação com a temática ambiental ao longo da 45ª Assembleia Eclesial do Regional Sul 1 foi retomada por Dom Júlio Endi Akamine na homilia da missa do domingo. “Não podemos negar as mudanças climáticas. Podemos até dizer que elas são uma forma de escandalizar os pequeninos”, disse. Ele também fez menção ao outro assunto em destaque no evento: “A evangelização tem um recurso fabuloso na inteligência artificial e ela é um antídoto ao mal uso dessa inteligência”. 

Reflexões finais

Ainda no domingo, houve a partilha das reflexões da “conversa no Espírito” do dia anterior nas sub-regiões. Entre os apontamentos estiveram o de formar comunidades eclesiais missionárias a partir da Palavra de Deus; enfrentar as situações de vulnerabilidade; fortalecer as estruturas de vivência sinodal; buscar caminhos e estruturas de comunhão, participação e missão; assumir a ecologia integral em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2025; e valorizar a comunicação social como ferramenta de sinodalidade. 

(Com informações da Pascom Regional Sul 1 da CNBB)

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