
No sábado, 6, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção ficou repleta de fiéis para a celebração da ordenação de quatro novos sacerdotes para a Arquidiocese de São Paulo. A missa foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada pelos bispos auxiliares e dezenas de presbíteros.
Receberam o segundo grau do sacramento da Ordem os até então diáconos seminaristas Dêvisson Luan Oliveira Dias, Donato Sousa da Silva, Vitor Fernandes Battisti Petris e Denis Oliveira Alves.

ANIMADOS PELA ESPERANÇA
Na homilia, o Cardeal Scherer recordou que a celebração se dava em plena caminhada do Advento, tempo litúrgico que conduz a Igreja à preparação para o Natal do Senhor. Este período, destacou o Arcebispo, “é um tempo feliz, um tempo em que Deus renova a nossa esperança”. O Advento, portanto, é ocasião para revigorar a confiança nas promessas divinas, pois “nós somos um povo de esperança, um povo que caminha na esperança, um povo cheio de alegria, porque sabe que, através mesmo das muitas tribulações… nunca desfalecemos porque é firme a promessa”.
Dom Odilo chamou a atenção para o fato de que o Ano Jubilar vivido pela Igreja reforça essa realidade de esperança, pois os cristãos caminham como “peregrinos animados pela esperança”, conscientes do amor de Deus manifestado no envio do Seu Filho ao mundo. Recordou que os ministros ordenados têm papel fundamental nessa missão: devem ser “animadores do povo de Deus na esperança”, ajudando os fiéis a manterem firme a confiança em Cristo, mesmo diante das dificuldades.

MINISTROS DE CRISTO
O Arcebispo lembrou os ordenados de que, como presbíteros, deverão servir a Cristo e à Igreja em sua tríplice missão. Sobre o ministério da Palavra, disse: “Transmiti a todos a Palavra de Deus, que recebestes com alegria, e meditando na lei do Senhor todos os dias, procurai crer no que lerdes, ensinar aquilo que crerdes e, também, praticar aquilo que ensinardes”, para que “a vossa pregação seja alimento para o povo de Deus, e a vossa vida, estímulo para os fiéis”.
Quanto ao ministério da santificação, o Cardeal lembrou que o sacerdote deve conduzir o povo de Deus aos bens da graça: “Tomai consciência do que ireis fazer. E pondo em prática aquilo que celebrais”, unindo sua própria vida ao sacrifício de Cristo e buscando viver na retidão e na caridade. Ele reforçou a importância da administração dos sacramentos, que manifestam a presença de Deus ao longo da vida dos fiéis.
Por fim, ao tratar da missão pastoral, exortou-os a viver segundo o modelo do próprio Cristo: “Tende sempre diante dos olhos o exemplo de Cristo, o Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir e para buscar e salvar o que estava perdido”. Assim, deverão conduzir o povo “como uma só família” para Deus Pai.

O RITO
Após a proclamação do Evangelho, os candidatos foram chamados nominalmente e se apresentaram diante do Arcebispo. Concluída a homilia, foram interrogados publicamente sobre sua disposição em assumir o ministério e se prostraram diante do altar enquanto a assembleia entoava a Ladainha de Todos os Santos, pedindo a intercessão da Igreja do céu.
O ápice do rito ocorreu com a imposição das mãos do Cardeal sobre os candidatos e a prece de ordenação, por meio da qual a Igreja invoca o Espírito Santo para constituí-los presbíteros. A seguir, receberam a estola e a casula, vestes litúrgicas sacerdotais. Suas mãos foram ungidas com o óleo do Crisma, para que possam agir sacramentalmente “para a santificação do povo fiel e para oferecer a Deus o santo sacrifício”.
Também lhes foram entregues o pão e o vinho, que, na missa, serão oferecidos ao Pai e consagrados no Corpo e Sangue de Cristo. Conforme o rito, o Arcebispo exortou os novos sacerdotes a “tomar consciência do que vais fazer e pôr em prática o que vais celebrar, conformando tua vida ao ministério da cruz do Senhor”.

AÇÃO DE GRAÇAS
Agradecendo em nome dos neossacerdotes, Padre Donato Sousa da Silva iniciou sua fala dirigindo-se a Deus. “Hoje, elevamos nosso coração em profunda gratidão. Em primeiro lugar, agradecemos a Deus que nos chamou, sustentou e nos conduziu até este dia”. Manifestou também gratidão à Igreja na pessoa Cardeal Scherer, aos demais Bispos Auxiliares, “que nos acolheram e confiaram a nós o Ministério Presbiteral; aos formadores, diretores espirituais, a todos os padres e professores que, com dedicação e paciência, moldaram a nossa vocação”.
O Neossacerdote reconheceu ainda o carinho e apoio das famílias e amigos, além dos fiéis das comunidades nas quais atuaram como diáconos, “cuja fé nos ajudou a compreender o que significa ser servidores do povo de Deus”. Concluiu pedindo orações para perseverarem na missão recebida: “Rezem por nós, para que sejamos sempre fiéis, humildes e generosos, sacerdotes segundo o coração de Jesus. Que a Virgem Maria interceda por nós”.

INÍCIO DO MINISTÉRIO
Ao final da celebração, foram anunciadas as regiões episcopais nas quais os novos padres iniciarão seu ministério presbiteral: Padre Denis, na Região Santana; Padre Dêvisson, na Região Belém; Padre Donato, na Região Sé; Padre Vitor, na Região Lapa.
Eles deverão se apresentar aos vigários episcopais das respectivas regiões, que lhes confiarão suas primeiras missões pastorais na Arquidiocese de São Paulo.
| SAIBA MAIS SOBRE OS 4 NEOSSACERDOTES |

VITOR FERNANDES BATTISTI PETRIS
‘Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5)
“A Igreja em São Paulo pode esperar um padre que quer fazer do seu ministério um serviço agradável a Deus, honrando-O e se santificando juntamente com o povo. Também desejo anunciar a Palavra de Deus – não apenas nas homilias e pregações, mas sobretudo com a vida – e ser testemunha de Cristo na Igreja, servindo ao povo por meio da Eucaristia, da Confissão, da direção espiritual, acompanhando as ovelhas que Ele me confiar”, assegura Padre Vitor, 26.
O Neossacerdote sentiu o chamado à vocação aos 10 anos, inspirado em um sacerdote.
Aos 17 anos, fez o processo de discernimento no Centro Vocacional Arquidiocesano, sendo apoiado e sustentado pelo testemunho de fé dos seus familiares: “Eles nunca deixaram de me dar bons exemplos e de me ensinar os caminhos de Deus”.
Vitor Petris ingressou no Seminário Propedêutico em 2017. No Seminário de Filosofia, fez a etapa do Discipulado entre 2018 e 2020; e no de Teologia, a etapa da Configuração, a partir de 2021.
“Os anos de formação certamente foram preciosos para lapidar a vocação na qual Deus me chamou!”, assegura. Ele foi ordenado diácono em dezembro de 2024, e agora, padre, ministério que pretende viver com um olhar mariano.
“O meu lema sacerdotal me inspira a fazer tudo o que Ele me disser, observando atentamente, como Maria observava nas bodas de Caná. Quero observar o povo de Deus para ver onde falta o vinho da alegria, da harmonia, da concórdia, da caridade, da esperança e da fé, para que eu possa ser um pouco desta luz que mostra Jesus por meio do olhar de Maria”.

DONATO SOUSA DA SILVA
‘Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo’ (Jo 10,18)
“Um homem humilde, obediente e honesto; um coração plenamente disposto a servir a Deus, à Igreja e ao seu povo”.
É assim que o Padre Donato, 29, deseja viver o sacerdócio, também sendo “fiel ao Magistério, profundamente enraizado na comunhão eclesial e sempre próximo das pessoas. Um padre de coração generoso e disponível, que deseja viver sua vocação com total entrega, simplicidade, caridade pastoral e amor ao Evangelho. Um sacerdote e devoto à Virgem Maria, um padre da misericórdia e da caridade”, prossegue.
De família católica, Donato conta que desde a infância sentiu-se atraído à vida religiosa. A certeza veio durante uma missa do Dia do Bom Pastor, em 2015, ao ouvir de um padre que Deus poderia estar lhe chamando naquele momento para segui-Lo.
Depois, o jovem foi discernindo a vocação em momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento, bem como em conversas e orações com os amigos. E uma passagem do livro do profeta Jeremias lhe deu a certeza do caminho a escolher: “Tu seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir, vencestes, fostes mais forte do que eu” (Jr 20,7).
Em 2016, Donato participou dos encontros vocacionais no Centro Vocacional Arquidiocesano. Em fevereiro de 2017, ingressou no Seminário Propedêutico e nos anos seguintes fez as etapas do Discipulado e da Configuração nas outras casas formativas. Recebeu a ordenação diaconal em dezembro de 2024.
O neossacerdote também cita como fundamental neste itinerário formativo as vivências nas diferentes realidades evangelizadoras e pastorais da Arquidiocese.

DENIS OLIVEIRA ALVES
‘Erguerei o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor’ (Sl 115,13)
Viver o sacerdócio apoiado nos três ofícios de Cristo – ensinar, santificar e servir – e em fidelidade à Igreja é o compromisso do Padre Denis: “Espero ser um sacerdote que tenha não somente o domínio da doutrina, mas que também possa dar testemunho com minha própria vida, sendo uma ponte que ligue os fiéis a Cristo”.
Denis sentiu o despertar vocacional na Vigília de Pentecostes em 2013, em uma comunidade do Caminho Neocatecumenal, em Brasília (DF). Ao dizer sim ao chamado, foi enviado, em 2015, para o Seminário Missionário Arquidiocesano Internacional Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo, na Arquidiocese de São Paulo, no qual fez todo o itinerário formativo, até receber a ordenação diaconal em dezembro do ano passado.
“Espero desempenhar minha vida sacerdotal na oração, na caridade pastoral, na comunhão e na simplicidade de vida. O meu ministério não será apoiado no fruto dos meus talentos próprios, mas na graça que receberei do altar, por meio das orações, dos sacramentos, para poder me aproximar do povo de Deus, sentir o cheiro das ovelhas, para que eu possa ser um padre disponível para ouvir, para acompanhar, para caminhar junto com o povo, tendo o coração aberto para os pobres, os jovens, as famílias, as dificuldades que essa sociedade enfrenta e que precisa deste apoio do meu ministério”, projeta o Neossacerdote aos 40 anos de idade. “Meu maior desejo é ser um alter Christus, um outro Cristo para essa geração, não na perfeição, mas na disponibilidade total para o serviço da Igreja, para a missão, o anúncio da Palavra e para a maior glória de Deus e salvação das almas”, conclui.

DÊVISSON LUAN OLIVEIRA DIAS
‘Dá ao teu servo um coração capaz de ouvir’ (1 Rs 3-9)
Nascido em Vitória da Conquista (BA), Padre Dêvisson expressa gratidão à Arquidiocese de São Paulo pela acolhida, discernimento vocacional, vivências nas paróquias e pastorais sociais, e por todo o itinerário formativo que recebeu no Seminário Propedêutico, em 2017; no de Filosofia (etapa do Discipulado), de 2018 a 2020; e no de Teologia (etapa da Configuração), a partir de 2021: “Aprendi muito, também aprendi a amar a minha história e compreender que é nela que Deus me chama e que suscitou em meu coração o desejo de segui-Lo”.
Padre Dêvisson recorda os momentos de fé em família na infância, a atuação nas pastorais na juventude e o sim a Deus dado após relutar um pouco, quando já era graduado em Ciências Biológicas.
Hoje com 35 anos, o Neossacerdote assegura: “De forma alguma desejo ser um fim, mas sim um meio para que as pessoas se aproximem de Deus, para que se encontrem com Sua misericórdia”.
Ao recordar seu lema de ordenação presbiteral, ele reforça seu grande pedido a Deus. “Que o Senhor me conceda um coração capaz de ouvir o outro na sua profundidade e, também, de me ouvir, com serenidade, reconhecendo os meus limites, estando ciente dos dons que tenho, mas sabendo que todos eles foram frutos da liberalidade de Deus, do seu amor. Assim, desejo ser um padre que reconhece a humanidade e que anuncia que Deus deseja que sejamos aquilo que Ele sonhou para nós: ter uma vida feliz, próxima Dele, uma vida que reconheça o amor Dele. Pretendo, portanto, viver meu ministério ciente da minha pequenez e de que a minha vida é um dom para outras pessoas. Quero ser padre por amor a Deus, ouvindo-O. Eu que sou parte do povo de Deus, quero ouvir este mesmo Deus e realizar na minha vida o Seu chamado”, afirma.






