Em coletiva de imprensa ao final da manhã da segunda-feira, 21, na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer agradeceu a Deus pelos 12 anos de pontificado do Papa Francisco, que faleceu nesta madrugada. O Arcebispo Metropolitano destacou que o Pontífice buscou difundir a esperança cristã, conforme o tema do Jubileu 2025.

Dom Odilo disse como todos recebeu com muito pesar a morte de Francisco, mas não com surpresa, dada as debilidades de suas condições de saúde, desde que foi internado em fevereiro deste ano, durante 38 dias, e suas progressivas dificuldades motoras e convivência com dores frequentes.
“Ele, já muito idoso, resistiu bravamente a uma infecção bacteriana, viral e fúngica. O combate a esta doença foi difícil, mas ele conseguiu voltar para casa e retomar em parte suas atividades. Ele estava se preservando bastante e tentando recuperar sua saúde”, comentou, recordando que no Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, dia 20, Francisco saudou os fiéis na Praça São Pedro.
GRANDE CONTRIBUIÇÃO À IGREJA

“Temos muito a agradecer a Deus pela vida do Papa Francisco”, ressaltou Dom Odilo, listando as grandes contribuições do Pontífice, especialmente por se empenhar em tornar a Igreja mais missionária, que comunica a riqueza de seu testemunho ao mundo, bem como na reforma interna da Igreja para que seja cada vez mais a comunidade dos batizados e não uma instituição clerical, ações em linha com o Concílio Vaticano II.
O Arcebispo de São Paulo recordou, ainda, o testemunho de simplicidade do Pontífice, de como buscava estar próximo às pessoas e disponível à imprensa. Comentou, ainda, sobre a firmeza de Francisco em dar continuidade no combate aos abusos morais na Igreja, em um processo iniciado por seus antecessores.
Dom Odilo também destacou a preocupação de Francisco com as periferias sociais, geográficas e econômicas, “sempre com o apelo de buscar o diálogo”; além da maior internacionalização do colégio cardinalício.
“Hoje, damos graças a Deus pela vida dele, pelo testemunho dele que ficará marcado. Como Francisco dizia, na Igreja importa desencadear processos que ao longo do tempo vão produzir efeitos, frutos, e foi o que ele procurou fazer, como no último sínodo, em um processo de uma Igreja mais sinodal”, comentou Dom Odilo, destacando que Francisco foi firme no que se refere à afirmação dos princípios da fé católica, mas sempre aberto ao diálogo, sem excluir quem quer que seja.
O CONCLAVE E O FUTURO DA IGREJA

Questionado pelos jornalistas sobre o futuro da Igreja, Dom Odilo explicou que após o funeral e o sepultamento do Papa Francisco serão realizadas as congregações gerais, antes da realização da celebração do conclave, no qual os cardeais com menos de 80 anos poderão eleger o novo Papa. Este é o caso de Dom Odilo, atualmente com 75 anos de idade.
“A escolha de um papa pelos cardeais é feita por um discernimento coletivo. Nas congregações gerais, os cardeais analisam a situação da Igreja, do mundo, os desafios e necessidades, e dai vão traçando a identidade de quem será escolhido. A escolha não vem de conchavos feitos anteriormente. Ela vem de um discernimento pela oração e senso de responsabilidade em relação à Igreja e não por uma ideologia ou gosto. É uma responsabilidade sobre quem vai desempenhar bem a missão da Igreja”, enfatizou Dom Odilo, lembrando que ainda não há data para o conclave.
Perguntado sobre qual deve ser o perfil do futuro Papa, Dom Odilo ponderou que cada um tem um estilo próprio – “não se deve imaginar um Francisco II, ainda que adote o mesmo nome, será um papa diferente” –, mas independentemente de quem seja o escolhido, levará adiante os ensinamentos da Igreja: “Será um papa que governará a Igreja com seu jeito, seu caráter e sua figura humana. Estejamos abertos a escolher a novo papa quando ele for escolhido”.
Por fim, Dom Odilo recordou-se das vezes que se encontrou com o Papa Francisco no Vaticano, ocasiões em que o Pontífice sempre era paciente ao escutá-lo e suscinto, porém, sábio, nas orientações que passava. A última vez em que o Arcebispo de São Paulo esteve com Francisco foi na audiência geral de 12 de fevereiro, dois dias antes de o Papa ser internado no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, para o tratamento da pneumonia, ocasião em que já aparentava não estar bem de saúde.