Casa Santa Teresinha amplia instalações para o atendimento de crianças com doenças raras de pele

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Criada há mais de uma década, a Casa Santa Teresinha comemorou uma nova etapa da sua história. Localizada em Higienópolis, essa instituição que atende crianças, adolescentes e jovens com doenças de pele genéticas raras e in­curáveis, inaugurou, em 19 de outubro, uma nova ala de sua sede, o que permiti­rá a ampliação do atendimento.

A inauguração aconteceu no contex­to da peregrinação das relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus na paróquia homônima, que abriga a entidade em suas dependências.

HISTÓRIA

A história da Casa Santa Teresinha começou quando a médica dermatolo­gista Régia Patriota resolveu fazer um curso de fotografia no ano de 2011. Na conclusão da formação, ela produziu uma série de fotografias que deu origem a uma exposição na qual retratou cenas de relação de amor e carinho de mães com seus filhos com genodermatoses.

Após conhecer o drama vivido por aquelas famílias, a médica sentia que era preciso fazer algo por elas. Católica, a dermatologista procurou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, para manifestar esse desejo e ele a abençoou e incentivou a continuar com o propósito.

Em 2013, Régia reuniu um grupo de pessoas de diferentes áreas profissionais e fundou o Instituto Brasileiro de Apoio aos Portadores de Genodermatoses (Ibagen). Inicialmente, alugaram uma casa no bairro de Santa Cecília. Porém, o imóvel era pequeno e logo não conse­guia mais acolher a demanda de pacien­tes. Com a ajuda de amigos e benfeito­res, iniciou-se a captação de recursos e parcerias até consolidar a inauguração da atual sede, no prédio anexo à matriz paroquial de Santa Teresinha do Menino Jesus, em Higienópolis.

ATENDIMENTO

A Casa Santa Teresinha oferece aten­dimento complementar às crianças, adolescentes, jovens e adultos que fa­zem tratamento no Instituto da Criança, Hospital das Clínicas e Santa Casa de Misericórdia.

Atualmente, são conhecidas cerca de 300 doenças desse tipo. Elas não têm cura e podem ser congênitas ou mani­festar-se ao longo dos primeiros anos de vida. Os tratamentos existentes apenas amenizam o sofrimento e o desconfor­to dos pacientes, a fim de que tenham o máximo possível de qualidade de vida.

Por meio de uma equipe multidis­ciplinar nas áreas de dermatologia, psi­cologia, assistência social, fisioterapia, nutrição e cuidados com curativos, atu­almente a instituição assiste 77 crianças e adolescentes com genodermatoses, entre as quais com condições comple­xas como epidermólise bolhosa, ictio­se, xeroderma pigmentoso e displasia ectodérmica.

“A expansão das instalações repre­senta um novo capítulo para a Casa, que há anos oferece um ambiente de acolhimento, atendimento multidisci­plinar e apoio contínuo às famílias que enfrentam os desafios impostos por essas raras doenças genéticas. Com essa nova ala, nossa capacidade de atendimento aumentará, fortalecendo a continuida­de dos tratamentos multidisciplinares que oferecemos, que incluem psicologia, serviço social, fisioterapia, enfermagem, entre outros”, explicou Régia Patriota ao O SÃO PAULO, acrescentando que o atendimento especializado agora inclui aconselhamento genético, crucial para que as famílias compreendam as impli­cações hereditárias das condições e pos­sam planejar cuidados futuros.

ACOLHIDA

Eduardo Pigossi, membro do conse­lho administrativo da entidade, destacou que, nos últimos anos, passado o perí­odo restritivo da pandemia, a demanda de atendimento cresceu, principalmente porque as famílias das crianças atendidas começaram a compartilhar com outras famílias o trabalho realizado pela Casa Santa Teresinha.

“Nós atendemos crianças de São Bernardo do Campo, Taboão da Serra e Osasco. Já tivemos crianças do Paraná, de Santa Catarina, de Minas Gerais. A nossa casa, portanto, não tem limites”, destacou o conselheiro, explicando que, graças à ajuda dos benfeitores, foi dispo­nibilizado um hotel para as crianças de outras cidades.

Uma das crianças que chegaram à instituição após à pandemia é a pequena Marília Linhares, 6. Portadora de epi­dermólise bolhosa, ela é a alegria da casa com seu carisma e espontaneidade. Para sua mãe, Camila Linhares, a casa é o lu­gar que renova suas forças para enfrentar o tratamento da filha. “Aqui, encontra­mos todo o suporte médico e emocional, além de termos contato com outras mães e pais que enfrentam a mesma jornada. Não é fácil quando descobrimos o diag­nóstico de uma doença que não tem cura. Mas, aqui, recebemos toda a informação e apoio necessário”, afirmou.

Marca registrada da instituição, Au­gusto Francisco da Silva, 33, é um exem­plo de superação. Portador do tipo mais grave de ictiose, ele contou sua história à reportagem na inauguração da casa, em 2019. Cinco anos depois, ele continua firme, dando palestras para ajudar crian­ças e adolescentes a aceitarem a doença e a lidarem com o preconceito. “Um dos maiores desafios para enfrentar essas do­enças é o complexo de rejeição, além da dificuldade de entender o que acontece com elas. Muitas vezes, essas pessoas não sabem lidar com a frustração causa­da pela rejeição”, destacou o jovem que, agora, aprendeu a tocar violão e ajuda a animar as celebrações e momentos de re­creação da casa.

RECONHECIMENTO

A Casa Santa Teresinha conquistou um espaço único de acolhimento e aten­dimento multidisciplinar. “Já recebemos reconhecimentos importantes, como o status de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e o Certifi­cado de Apreciação da Liga Internacional das Sociedades de Dermatologia, na Ca­tegoria Dermatologia Humanitária. Em maio de 2023, fomos honrados com uma mensagem especial de sua Santidade, o Papa Francisco, reconhecendo o trabalho da Casa Santa Teresinha e nos incentivan­do a continuar nossa missão, com amor e dedicação”, sublinhou Régia Patriota.

“A ampliação da Casa Santa Teresi­nha não seria possível sem a solidarie­dade de nossos benfeitores, parceiros e apoiadores. Continuamos contando com o apoio de todos para proporcionar a essas crianças e adolescentes o que há de melhor no atendimento multidisci­plinar e acolhimento”, enfatizou a fun­dadora da instituição.

COMO AJUDAR A CASA SANTA TERESINHA?

Contribuições financeiras podem ser feitas via PIX (Chave CNPJ: 19.973.896/0001-13); depósito em conta (Agência Itaú: 8061, Conta Corrente: 11300-0. CCM: 4.970.596-2; CNPJ: 19.973.896/0001-13); e parcerias corporativas (consultar a Casa Santa Teresinha pelo e-mail: contato@cstl.org.br – WhatsApp: +55 11 98927-3410).

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