Católicos coreanos abrem jubileu dos 200 anos do nascimento de São Kim Degun

Na manhã deste domingo, 29, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu uma missa na matriz da Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, no Bom Retiro, na abertura do jubileu de 200 anos de nascimento deste Santo mártir coreano.

Atendendo a um pedido da Conferência Episcopal da Coreia, esse templo será uma das igrejas designadas em todo o mundo para a peregrinação dos fiéis durante o Jubileu, que se se estenderá até 27 de novembro de 2021.  

Por essa razão, todos os fiéis que peregrinarem para a Igreja São Kim Degun durante o ano jubilar poderão alcançar a indulgência plenária aplicável a si mesmos ou em sufrágio dos falecidos.

No decreto de abertura do Jubileu na Arquidiocese, Dom Odilo convidou todo o clero, religiosos e fiéis da Igreja em São Paulo a aderirem às celebrações e a se alegrarem com a comunidade coreana.

“A celebração do jubileu dos 200 anos do seu nascimento é motivo de grande alegria para toda a Igreja na Coreia, mas também para as comunidades coreanas presentes em muitos países de todo o mundo”, ressalta o decreto arquidiocesano.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu no domingo, 29 de novembro, na matriz da Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, no Bom Retiro, a missa de abertura do jubileu do bicentenário de nascimento do primeiro sacerdote coreano martirizado no século XIV.

Atendendo a um pedido da Conferência Episcopal da Coreia, esse templo será uma das igrejas designadas em todo o mundo para a peregrinação dos fiéis durante o jubileu, que se estenderá até 27 de novembro de 2021.

Por essa razão, todos os fiéis que peregrinarem à Igreja São Kim Degun durante o ano jubilar poderão alcançar a indulgência plenária aplicável a si mesmos ou em sufrágio dos falecidos.

Leia o Decreto sobre o Jubileu Bicentenário do Nascimento de Santo André Kim Degun

Indulgência

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja.

Para receber a indulgência plenária nesse jubileu, além de peregrinar até a igreja jubilar, o fiel precisa ter se confessado recentemente, rezar nas intenções do Papa e fazer um ato de caridade.

Neste jubileu dos católicos coreanos, a Santa Sé, por meio de um decreto da Penitenciaria Apostólica, estabeleceu as seguintes condições para a concessão das indulgências:

– Peregrinar em qualquer igreja ou local sagrado designado pelos bispos da Arquidiocese da Coreia para celebrar o jubileu e participar com devoção das celebrações ou dos eventos especiais da ocasião;

– Diante de restos mortais ou da relíquia do Santo padroeiro, fazer veneração em memória durante um tempo adequado, recitar o Pai-Nosso e o Credo e terminar a oração com súplicas à Bem-Aventurada Virgem Maria e São Kim Degun;

– Os idosos, os doentes e aqueles que não podem sair de casa por razões graves também poderão obter a Indulgência Plenária, se se arrependerem dos seus pecados e tiverem a intenção de cumprir o mais brevemente possível as três condições habituais e, diante de uma imagem de São Kim Degun, unir-se espiritualmente à solenidade do jubileu e oferecer a oração, os sofrimentos ou dificuldades da própria vida a Deus misericordioso.

Padroeiro

Primeiro Sacerdote coreano, São Kim Degun, também conhecido como Santo André Kim Taegon, nasceu em 21 de agosto de 1821. Filho de uma família nobre coreana, converteu-se ao catolicismo e se dedicou à evangelização de sua pátria, onde o Cristianismo era duramente perseguido.

Em 16 de setembro de 1846, Santo André e mais 102 católicos foram martirizados. O jovem padre tinha 26 anos de idade e 1 ano de sacerdócio.

São João Paulo II os canonizou durante sua visita à Coreia do Sul, em 6 de maio de 1984, na comemoração dos 200 anos do catolicismo neste país asiático.

Mesmo em sua curta vida de apenas 25 anos, o São Kim Degun, além de ser o primeiro Padre católico coreano, enfrentou a realidade da época, e se tornou pioneiro no anúncio da Boa-Nova.

Padre Kim também foi um dos primeiros a estudar os conhecimentos ocidentais no exterior, foi o viajante a percorrer a mais longa distância do território de Chosun (atual Coreia), e foi o pioneiro a fazer a rota do Mar Ocidental, navegando da ilha de Yeonpyeong (Chosun) para Xangai, na China.

Testemunho dos mártires

Na homilia, Dom Odilo manifestou novamente a alegria por celebrar a abertura do jubileu de nascimento do mártir coreano. Ele recordou que teve a oportunidade de visitar a Coreia do Sul em 2018,  esteve no lugar do martírio de São Kim Degun e dos muitos mártires coreanos.

“Pude constatar a vitalidade dessa Igreja e o fervor dos sacerdotes, religiosos e do povo das comunidades católicas coreanas, fortalecidas pelo testemunho dos seus santos e mártires”, salientou o Cardeal.

Dom Odilo enfatizou que a comunidade católica coreana de São Paulo é também herdeira dos santos e mártires da Coreia. “É preciosa a fé que vocês receberam dos seus pais e antepassados, que a trouxeram ao Brasil e também vocês professam nesta imensa cidade, dando-lhe as expressões próprias da sua cultura e tradição religiosa.”

Presença na cidade

O Cardeal Scherer afirmou que se sente feliz por ter os católicos coreanos como membros da Igreja particular de São Paulo e os convidou  a viverem intensamente o jubileu, buscando conhecer com maior profundidade a vida de São Kim Degun.

“Como padroeiro desta comunidade, esse Santo poderá inspirar muitas ações de evangelização e devoção ao longo do ano jubilar. Peçamos a ele que proteja toda a comunidade, todas as famílias, especialmente as crianças, jovens e aqueles que se encontram em meio a sofrimentos e dificuldades para viver a fé católica e nela perseverar”, exortou o Arcebispo.

Catolicismo na Coreia é fruto da fé de jovens leigos

Como na maioria dos países da Ásia, o catolicismo é uma realidade recente na península da Coreia. No século XVI, alguns eruditos tiveram acesso a livros de missionários cristãos da China. A princípio, os coreanos desejavam conhecer o catolicismo como uma filosofia de vida, contudo, logo descobriram a fé e aderiram a ela como uma nova religião.

Entre esses primeiros estudiosos, destaca-se Lee Seung-Hoon, que foi para Pequim com o desejo de praticar efetivamente o catolicismo. Lá, adotando o nome cristão de Pedro, foi batizado pelo missionário francês Padre Grammont, em 1784. Quando retornou à Coreia, fundou a primeira comunidade cristã em seu país.

No entanto, a fé e o estilo de vida católicos entraram em conflito com as ideologias políticas, culturais e religiosas da Coreia em uma época que predominava o confucionismo. Por esse motivo, a Igreja Católica coreana foi perseguida por mais de um século, tendo mais de 10 mil fiéis martirizados por não renegarem a fé recebida no Batismo, dentre esses estavam São Kim Degun e seus companheiros.  

Durante sua visita à Coreia do Sul, em 2014, o Papa Francisco ressaltou que a Igreja coreana conserva a memória do papel primário desempenhado pelos leigos, “quer nos alvores da fé, quer na obra de evangelização”.

“Nesta terra, a comunidade cristã não foi fundada por missionários, mas por um grupo de jovens coreanos na segunda metade de 1700; fascinados por alguns textos cristãos, estudaram-nos a fundo e escolheram-nos como regra de vida… Daquele primeiro núcleo, desenvolveu-se uma grande comunidade, que, desde o início e durante cerca de um século, padeceu perseguições violentas, com milhares de mártires. Por conseguinte, a Igreja na Coreia está fundamentada na fé, no compromisso missionário e no martírio dos fiéis leigos”, afirmou o Pontífice.

A Paróquia

A imigração de coreanos para o Brasil começou na década de 1960, pouco depois do fim da guerra que dividiu a Coreia em dois países. Atualmente, são cerca de 50 mil coreanos e descendentes vivendo no País, sendo a maioria na cidade de São Paulo. 

Foi na capital paulista que surgiu a primeira comunidade católica coreana do Brasil, no dia 9 de maio de 1965, com a presença de 44 membros na Igreja São Gonçalo, no Centro.

Em 1972, foi criada a Paróquia Pessoal Coreana Nossa Senhora Rainha, que teve sua sede em vários bairros de São Paulo. Em 1990, começou a ser construída a atual matriz, que recebeu o título do mártir coreano, sendo inaugurada e dedicada em 2004, pelo Cardeal Cláudio Hummes, então Arcebispo Metropolitano.

A Paróquia Pessoal Coreana reúne cerca de 4,5 mil fiéis coreanos e descendentes que vivem em São Paulo, além de comunidades em Campinas (SP), Curitiba e Ponta Grossa (PR) e Belo Horizonte (MG). Atualmente, a comunidade paroquial é atendida por sacerdotes e religiosos missionários vindos da Coreia. O Pároco atual é o Padre (Paulo) Sung Kwang Cho.

Paróquias pessoais 

As paróquias pessoais são assim chamadas pelo fato de não serem definidas a partir dos limites territoriais, mas por reunirem os fiéis de determinado grupo étnico ou linguístico. O Código de Direito Canônico, no cânon 518, destaca que é “conveniente que se constituam paróquias pessoais, em razão de rito, língua, nacionalidade dos fiéis de um território e também por outra razão determinada”.

Atualmente, na Arquidiocese de São Paulo, além da Paróquia coreana, há também paróquias pessoais para os fiéis alemães, chineses, franceses, japoneses, italianos e latino-americanos, além de uma capela pessoal polonesa.

Para saber mais sobre as iniciativas da Paroquia Pessoal Coreana São Kim Degun neste ano jubilar, acesse aqui.

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