O encontro, no Centro de Convivência Mãe do Bom Conselho, em Jundiaí, usou a metodologia Ver-Iluminar-Agir para refletir sobre o fato de que o Brasil voltou ao Mapa da Fome, ou seja, mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras vivem sem ter o que comer ou não tem certeza se conseguirão comida ou precisam reduzir a qualidade e/ou quantidade dos alimentos. Esse diagnóstico, um fato, está no relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado em julho.
Partindo desse problema, visível e presente bem próximo de nossas igrejas e de nosso convívio, a Igreja no Brasil traz pela terceira vez a fome para o centro da Campanha da Fraternidade, após mais um Congresso Eucarístico Nacional, sob o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14, 16). O encontro teve por objetivo analisar as ações já feitas, em curso ou planejadas para a CF no âmbito da superação desse flagelo. Como destacou Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, bispo de Jundiaí, presente ao encontro, um primeiro passo para sensibilizar a sociedade e a Igreja para o problema, objetivo-geral da CF 2023, é “ir ao encontro” dessa realidade, ou seja, se fazer presente nesses locais de necessidade, em saída, como pontua o Papa Francisco.
Esse passo inicial, representando o estar disponível, aliás, já é visível e exemplar em tantos grupos católicos que já fazem muito contra a insegurança alimentar, a exemplo da Sociedade São Vicente de Paulo (Vicentinos), Pastoral da Criança e Cáritas, como pontuou o coordenador estadual da CF, Cláudio Lima Vieira. “É preciso alterar estruturas que levam à fome, edificar pessoas, sensibilizar e fomentar políticas públicas e ações eclesiais.”
A existência da fome, aliás, é um alerta para superarmos essa situação, por meio de ações fraternas e amplamente cristocêntricas. Trazendo essa mensagem central, ampliada por uma análise bíblica com foco e ponto de partida no texto de Êxodo e chegada em Mateus, o Padre Antônio Carlos Frizzo, assessor eclesiástico da CF- São Paulo, ressaltou a opção na Palavra de Deus por quem está em necessidade. E realçou as três dimensões necessárias para viver bem a Eucaristia: “na Palavra, na Mesa, e nas ruas (com o próximo)”. Na sequência, o professor e mestre Thiago da Silva revisitou os documentos da Igreja e a Doutrina Social, com foco nos documentos pontifícios que falam da fome.
Finalizando os trabalhos, o presidente da Cáritas estadual, Antonio Evangelista, que por 11 anos coordenou os trabalhos estaduais da CF sempre com solicitude, ajudou os participantes a encontrar pistas de trabalho para levar essa temática às diversas realidades existentes em nossas (arqui)dioceses, paróquias, comunidades, bairros, ruas e casas. Como nos exorta o texto, há ações pessoais, comunitário-eclesiais e sociopolíticas que todos podem adotar para fazer viva a oração da CF 2023: “Inspirai-nos o sonho de um mundo novo, de diálogo, justiça, igualdade e paz; / ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária, sem fome, pobreza, violência e guerra; / livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.”
Fonte: CNBB