Cidadania e cuidado ambiental: a experiência dos plantios coletivos

Ação Plantio Global em frente ao Instituto Biológico, em 17 de março, com o plantio de mudas, manejo da terra e oficinas socioeducativas
Plantio Global

Mobilizações para o plantio coletivo de mudas de árvores em praças, canteiros centrais e rotatórias podem ser vistas em alguns bairros de São Paulo, especialmente aos finais de semana. Alguns coletivos o fazem por conta própria, mas o melhor caminho é que se informem no poder público municipal sobre os corretos procedimentos, ainda que a legislação não proíba o cidadão de plantar árvores em áreas públicas.

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) tem promovido ações de plantio coletivo em parceria com as subprefeituras e os Conselhos Regionais de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (Cades).

“Alguns Cades nos procuram e nós fazemos todo o acompanhamento técnico durante a execução do plantio e a posterior manutenção das mudas. Depois, compete à comunidade nos informar da eventual morte de uma muda e contribuir com sua irrigação e os cuidados necessários, uma vez que não basta apenas executar o plantio, a manutenção também é muito importante”, explicou, ao O SÃO PAULO, Andressa Freitas de Lima Rhein, diretora da Divisão Técnica de Arborização Urbana da SVMA.

Realizada anualmente pelo Cades Regional Vila Mariana, a ação Plantio Global tem como um dos focos plantar e cuidar das árvores do Corredor Verde Polinizador que interliga o Instituto Biológico ao Parque Ibirapuera, na zona Sul. A meta é diversificar e ampliar a biodiversidade local pelo cultivo de espécies herbáceas (que não possuem caule lenhoso), arbustivas (com caule lenhoso, mas com altura menor do que uma árvore) e arbóreas que atraem abelhas, fundamentais para a polinização.

Em sua 6ª edição, o Plantio Global reuniu, em 17 de março, cerca de 200 pessoas, que se encontraram na Avenida Dr. Dante Pazzanese, no Museu do Instituto Biológico, para realizar o plantio, o manejo da terra e participar de oficinas socioeducativas. Dias antes, ocorreu uma aula teórica, no Sesc Vila Mariana, para explicar os propósitos da ação e a importância da flora para o planeta.

“Desde 2016, o Cades Regional Vila Mariana realiza ações de plantio. Ao longo deste tempo, fomos aprendendo como planejar adequadamente os processos para o incremento da arborização urbana, e temos nos aprimorado na implantação disso com as pessoas, envolvendo-as nas ações. Agora, em 2024, nós já nos concentramos na terceira etapa no corredor de polinizadores que é a manutenção, em como fazê-la de modo adequado nessa parceria da sociedade civil com a gestão pública”, disse à reportagem Lara Freitas, co-fundadora do programa permanente Ecobairro e conselheira titular do Ca- des Regional Vila Mariana.

“No início dos plantios, partimos desta inquietação: como faremos para trazer a floresta de volta para a cidade? Quais são as áreas passíveis de receber este incremento de arborização urbana? O primeiro pensamento foi olhar para a possibilidade de plantios em praças. Depois, percebemos que conseguiríamos dar mais visibilidade a isso se fizéssemos um plantio simultâneo, em diferentes locais, e é daí que nasceu o Plantio Global, em 2017”, recordou Lara, explicando que no mesmo dia 17 também houve uma ação de plantio no bairro de Santo Amaro.

Em razão da fase mais crítica da pandemia de COVID-19, o Plantio Global não foi realizado em 2020 e 2021, mas desde a retomada, em 2022, pessoas de diferentes idades, incluindo famílias inteiras, têm voltado a participar.

“Temos atividades associadas ao plantio que servem para acolher todo mundo e para potencializar este aprendizado e os benefícios de estar junto no espaço público. No Plantio Global, trabalhamos várias dimensões, desde a primeira linha de política pública até o nível de sucesso na implementação do indivíduo arbóreo. Não é apenas um evento, é uma ‘ação semente’, que reverbera, enraíza e cuida”, finalizou Lara Freitas.

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