Clero renova compromisso com o anúncio do Evangelho, a santificação do povo e o testemunho da caridade

No Mosteiro de Itaici, Dom Odilo, bispos auxiliares, padres e diáconos participam do 21º Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral
Fernando Geronazzo

“A teologia e a pastoral dos Sacramentos” foi o tema central do 21º Curso de Aprofundamento Teológico e Pastoral do Clero da Arquidiocese de São Paulo, realizado entre os dias 5 e 8, no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP). O encontro formativo reuniu 223 clérigos, entre sacerdotes, diáconos, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e os bispos auxiliares.

As reflexões do curso tiveram como base o novo Diretório da Pastoral dos Sacramentos da Arquidiocese de São Paulo, promulgado em janeiro deste ano, fruto das propostas do 1º sínodo arquidiocesano (2017-2023).

Com a assessoria de teólogos e canonistas da Arquidiocese, os participantes aprofundaram os aspectos teológicos, pastorais e canônicos de cada um dos sete sacramentos.

O curso foi ainda marcado pela celebração eucarística todas as manhãs, a oração do Ofício Divino ao longo do dia e momentos de confraternização e cultura, fortalecendo os laços de comunhão e fraternidade presbiteral.

Padre Anderson Marçal

SACRAMENTOS

Na introdução da temática, o Diretório sublinha: “Os sacramentos estão ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e, enfim, a prestar culto a Deus; como sinais, têm também a função de instruir. Não só supõem a fé, mas também a alimentam, fortalecem e exprimem por meio de palavras e coisas, razão pela qual se chamam sacramentos da fé. Conferem a graça, a cuja frutuosa recepção, a celebração dos mesmos otimamente dispõe os fiéis, bem como a honrar a Deus do modo devido e a praticar a caridade”.

A Igreja distingue três grupos de sacramentos, de acordo com a graça que eles produzem: sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia); sacramentos de cura (Penitência e Unção dos Enfermos); e sacramentos a serviço da comunhão e da missão (Ordem e Matrimônio).

BATISMO, CONFIRMAÇÃO E EUCARISTIA

A teologia católica ensina que o Batismo é a primeira entrada para a participação no mistério do Senhor. Marca o início de um processo de identificação com o Senhor. A Confirmação (Crisma) complementa a configuração do batizado a Cristo e encaminha-o para a participação na Eucaristia.

“Há um nexo profundo entre a realidade dos sacramentos da iniciação e o itinerário catecumenal que a eles conduz. Em determinados períodos da história da Igreja, foram até chamados conjuntamente de ‘o sacramento da iniciação’, para expressar sua profunda interação. Isso é importante para que superemos a atual fragmentação existente entre os três sacramentos da iniciação cristã… Urge recuperar a unidade pastoral entre os três sacramentos da iniciação à vida cristã. São integrados no mesmo caminho de fé, como experiência vital e de crescimento no seio de uma comunidade eclesial”, destaca o Diretório.

PENITÊNCIA E UNÇÃO DOS ENFERMOS

Sobre os sacramentos da cura, o Catecismo da Igreja Católica explica que cada cristão traz consigo a vida nova em Cristo, recebida pelos sacramentos da iniciação cristã, como que “em vasos de argila” (2Cor 4,7), pois permanecem na “morada terrestre” (2Cor 5,1), sujeitos ao sofrimento, à doença e à morte.

“A vida nova de filhos de Deus precisa ser cuidada, porque pode se perder nos caminhos do pecado, fonte de todos os males. Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, vem em nosso socorro, pela força do Espírito Santo, para continuar sua obra de cura e de salvação… Por isso, instituiu os dois sacramentos de cura: o Sacramento da Penitência e o Sacramento da Unção dos Enfermos”. (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1420-1421).

ORDEM E MATRIMÔNIO

Quanto aos sacramentos do serviço e da comunhão, a constituição pastoral Gaudium et spes, do Concílio Vaticano II, recorda que os sacramentos da Ordem e do Matrimônio se ordenam à salvação das outras pessoas e contribuem para a salvação pessoal por meio do serviço prestado aos demais.

“Toda a Igreja é um povo sacerdotal, uma vez que, pela graça batismal, todos os fiéis participam do sacerdócio de Cristo. Esta participação se chama ‘sacerdócio comum dos fiéis’. Baseado nele e a seu serviço, existe a participação na missão de Cristo por meio do ministério conferido pelo sacramento da Ordem”, afirma a constituição dogmática Lumen gentium.

O Diretório recorda que o Matrimônio é um pacto de amor, aliança matrimonial entre o homem e a mulher que se entregam mutualmente para o bem dos cônjuges e a geração e a educação dos filhos, significando, assim, a união de Cristo com a Igreja.

Padre Anderson Marçal

FORMAÇÃO PRESBITERAL

Ainda sobre o sacramento da Ordem, houve um tempo no curso dedicado à reflexão sobre a Pastoral Vocacional e a formação sacerdotal com base no novo Diretório de Formação Presbiteral da Arquidiocese.

Além de apresentar as normativas para a organização e a vivência da formação presbiteral na Arquidiocese de São Paulo, o novo diretório traça um percurso formativo que deve guiar cada um dos candidatos aos sacerdócio durante seu tempo de discernimento e preparação.

Uma novidade deste novo diretório de formação é a introdução da Pastoral Vocacional no percurso de formação presbiteral da Arquidiocese. Essa etapa busca acolher, acompanhar e ajudar o candidato a discernir seu chamado ao sacerdócio.

REORGANIZAÇÃO PASTORAL

Esta edição do curso do clero também foi oportunidade de aprofundamento sobre a nova organização pastoral a partir das comissões de coordenação e animação pastoral.

“A Arquidiocese possui ricas e variadas expressões de vida eclesial e pastoral, graças aos dons e carismas que o Espírito Santo concede a todos os membros do povo de Deus. É importante que cada expressão de vida eclesial e pastoral contribua generosamente para a realização da vida e da missão da Igreja na Arquidiocese”, explicou Dom Odilo.

O Arcebispo destacou, ainda, que a vida e a missão da Igreja agregam-se em torno de três eixos fundamentais: anúncio, celebração e testemunho. Cada organização e expressão de vida eclesial e serviço pastoral contribui, a seu próprio modo, para realizar uma (ou mais de uma) dessas três dimensões da vida da Igreja.

Nesse aspecto, a nova organização se divide em três grandes comissões pastorais, nas quais são abrigadas todas as expressões da vida pastoral: Comissão Pastoral do Anúncio; Comissão Pastoral da Glorificação de Deus e da Santificação; Comissão Pastoral do Testemunho e do Serviço da Caridade.

São competências dessas comissões acompanhar e articular as pastorais, movimentos e serviços ligados a elas, partilhando os projetos e ações realizadas, orientando, avaliando e desenvolvendo atividades em comum, contribuindo para implementar o Plano de Pastoral da Arquidiocese. “Dessa forma, as Comissões contribuem para promover a pastoral de conjunto e a sinodalidade”, completou o Cardeal Scherer.

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