‘Corpus Christi é a festa da Eucaristia, tesouro inestimável que Jesus deixou a sua Igreja’

Afirmou o Cardeal Scherer na missa campal realizada na Praça da Sé, na qual exortou os fiéis a dar testemunho da fé católica aos que estão afastados da Igreja e àqueles que ainda não receberam os sacramentos da iniciação à vida cristã

Fotos: Luciney Martins/ O SÃO PAULO

Na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, nesta quinta-feira, 19, os católicos se reúnem para louvar e bendizer a Deus que enviou seu Filho, Jesus, o Pão da Vida Eterna. Em Corpus Christi, a Igreja Católica reafirma sua fé na presença real de Cristo nas espécies do pão e do vinho consagrados na missa.

E foi nesta certeza que leigos, coroinhas, ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, religiosos consagrados, diáconos e padres lotaram a Praça da Sé nesta manhã para a missa campal de Corpus Christi, em frente à Catedral da Sé, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, tendo entre os concelebrantes os bispos auxiliares de São Paulo e os sacerdotes vigários episcopais e cônegos.

A celebração foi transmitida pela Rede Vida de Televisão, mídias da Arquidiocese de São Paulo e pela rádio 9 de Julho.

No começo da missa, o Arcebispo Metropolitano recordou que este é o dia em que os católicos em todo o mundo manifestam a fé na Eucaristia. “Celebremos com fé, com devoção e alegria, agradecendo e louvando a Deus por este dom tão grande, tão importante, que é Jesus Eucaristia no meio de nós”, exortou.  

ESTE É UM DIA TODO DEDICADO À EUCARISTIA

Antes da proclamação do Evangelho, os fiéis entoaram a Sequência de Corpus Christi, na qual se canta em um dos trechos que “hoje a Igreja te convida:  ao Pão Vivo que dá vida, vem com ela celebrar. Este pão, que o mundo creia, por Jesus, na Santa Ceia, foi entregue aos que escolheu”.

“Hoje é dia de caminhar com Jesus pelas nossas cidades, comunidades, vilas e bairros, e dizer a todos ‘Ele está no meio de nós’. Ele habita esta cidade e nós queremos que a nossa convivência seja iluminada, abençoada por Ele”, afirmou o Cardeal Scherer, no começo da homilia, ao explicar o testemunho público de fé que os católicos dão nesta ocasião em diferentes partes do mundo.

“Este é um dia todo dedicado à Eucaristia e ao que ela significa para nós. É a festa da Eucaristia, tesouro inestimável que Jesus deixou a sua Igreja como Seu memorial, ou seja, o sacramento da Sua constante presença, do Seu constante sacrifício entregue por nós, e, também, da Sua condição de Sacerdote, de Intercessor por nós”, prosseguiu.

Dom Odilo ressaltou que na celebração da Eucaristia a Igreja fica visível a todos: “Neste momento, nós aparecemos como discípulos reunidos em torno de Cristo, Ele que é o nosso Mestre, nosso Guia, Salvador e Intercessor, que nos instrui constantemente, nos estimula, nos encoraja nos caminhos da missão”.

VIDA E FÉ PARTILHADA

Ao comentar o Evangelho segundo Lucas (Lc 9,11b-17), que relata a multiplicação dos pães e dos peixes, Dom Odilo lembrou que essa passagem mostra como Jesus sempre está atento às necessidades do povo e que ensina aos discípulos e a todos a força da partilha e da solidariedade.

“O pão partilhado sacia e dá para todos. Isso é uma lição perene para nós, para que tenhamos sempre a coragem de partilhar, de estimular, de encorajar a partilha e a solidariedade”, destacou, lembrando ainda que esta passagem bíblica ressalta que aqueles que se dispõem a seguir os mandamentos de Cristo, como fizeram os apóstolos, alcançam êxito na missão que lhes é confiada por Deus.

A IGREJA SE EDIFICA EM TORNO DE CRISTO

Ainda na homilia, Dom Odilo recordou que celebração da Eucaristia foi instituída por Jesus Cristo na Última Ceia, sendo gesto perene na Igreja desde então para que se recorde a Paixão de Jesus e o que o próprio Cristo significa.

“A Eucaristia é o resumo da vida e da missão da Igreja”, enfatizou o Arcebispo, ressaltando que na missa os fiéis vão para rezar e ouvir a Palavra de Deus e se fortalecem nas virtudes da fé, esperança e caridade para testemunhar o Evangelho e a ação de Deus nas diferentes realidades.

“‘Fazei isto em memória de mim’, Jesus recomenda. São palavras que se referem à Eucaristia com o seu significado total para nós, e é por isso que a celebração da Eucaristia é tão importante na vida da Igreja, que se edifica em torno de Jesus Cristo, presente, sacramentado na Eucaristia”, enfatizou. “A Eucaristia é Jesus no meio de nós, e Cristo no meio de nós e nós com Ele, unidos pela fé, esperança e caridade, somos a Sua Igreja”, completou Dom Odilo.

‘VAMOS À MISSA TAMBÉM?’

Ao mencionar dados da pesquisa do 1º sínodo arquidiocesano de que apenas 6% dos católicos na Arquidiocese de São Paulo vão à missa regularmente, e os indicativos do Censo 2022 sobre a queda no percentual de católicos na população brasileira, Dom Odilo exortou que os fiéis valorizem a participação na Santa Missa, pois aqueles que não o fazem acabam por se afastar da Igreja ou não mais se reconhecem como católicos.

Dom Odilo também pediu que todos os batizados se preocupem com aqueles que têm deixado de ir à missa e que os convidem a retomar a caminhada de fé, bem como o façam àqueles que ainda não professam a fé católica.

“O que podemos fazer pelos nossos irmãos que ainda não participam da missa, mas que são católicos, são batizados? Primeiramente, poderíamos dar um belo testemunho da missa, de como é bom ir à missa, quanto faz bem, falar do grande valor que tem a missa, e convidá-los: ‘Vamos à missa também?’ Convidar até mesmo os nossos familiares, parentes que não vão à missa, enfim, ajudar a quem está morrendo de fome e sede perto do poço abundante da água e do alimento que Jesus nos dá, o alimento da fé”, recomendou o Arcebispo, dizendo que essa postura também é parte da missão dos católicos.

RECEBER A EUCARISTIA COM PROFUNDA FÉ

Aos que já vão à missa regulamente, Dom Odilo recomendou que bem se preparem para receber, com fé e dignamente, a Santa Comunhão.

“Receber com profunda fé aquilo que a Eucaristia é e significa, e ensinar isso às crianças, aos adolescentes. Participar da missa é um momento sagrado. Nós não vamos à missa para nos divertirmos ou por entretenimento. Vamos para rezar, para adorar, para encontrar a Deus; para com os irmãos, nos alegrarmos na fé, nos realimentarmos para a vida do dia a dia”, explicou.

Dom Odilo também lembrou que é parte do apostolado dos católicos encaminhar os adultos e jovens para os sacramentos da iniciação à vida cristã, algo que tem se mostrado crescente nas paróquias e comunidades, mas que precisa ser ainda mais intensificado.

Aos padres, diáconos e ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, o Arcebispo recomendou que estejam atentos às pessoas que não podem ir à missa para receber o sacramento da Comunhão, como é o caso de muitos idosos e enfermos: “Que eles possam também ter o acesso à Eucaristia e receber este precioso dom de Deus, que lhes dá tanto conforto e esperança”.

REVALORIZAR A DEVOÇÃO EUCARÍSTICA

Na conclusão da homilia, Dom Odilo recomendou aos fiéis que revalorizem a prática da devoção eucarística em diferentes momentos do dia.

“A visita à Eucaristia nas igrejas, fora da missa, durante o dia, deveria ser uma prática constante em nossa vida. Ficar uns minutos lá diante de Jesus na Eucaristia, rezar um momento, compartilhar a vida, talvez até chorar um pouquinho as angústias e mágoas. Sempre se sai com o coração muito confortado quando a gente faz isso”, recomendou.

Por fim, ao recordar a vivência deste Ano Santo, com o tema “Peregrinos da Esperança”, o Arcebispo ressaltou que a Eucaristia aponta para a grande esperança cristã: chegar à vida eterna.

“A celebração da Eucaristia é anúncio da nossa esperança, da nossa fé na vida eterna, da nossa esperança na consumação das promessas de Deus. Animados pela esperança, peregrinos de esperança, continuamos a esperar o cumprimento pleno das promessas de Deus. Que a Eucaristia nos ajude a viver profundamente este tesouro tão grande da nossa fé”, concluiu.

CAMINHANDO COM JESUS EUCARÍSTICO

Bênção com o Santíssimo no Pateo do Collegio

Após a comunhão e antes de proferir a primeira bênção com o Santíssimo no altar montado em frente à Catedral da Sé – em que se fez súplicas ao Senhor em favor das pessoas em situação de rua – Dom Odilo encorajou que as paróquias continuem a realizar ações caritativas em favor das pessoas em situação de maior vulnerabilidade na cidade.

Na sequência, ocorreu a procissão com o Santíssimo, iniciada sobre o tapete com 65 metros de comprimento, montado nas proximidades do marco zero da Praça da Sé pelos membros da Missão Belém, organização católica voltada para o atendimento da população em situação de rua e dependência química.

A procissão eucarística teve continuidade passando pelo Pateo do Collegio (com a bênção na intenção pela cidade de São Paulo) e o Mosteiro de São Bento (com bênção pelos enfermos), e foi concluída no Largo Santa Ifigênia, em frente à Basílica de Nossa Senhora da Conceição, com a bênção do Santíssimo Sacramento, na intenção para a Arquidiocese de São Paulo para que bem viva a sinodalidade e os propósitos deste Ano Santo.

Em todas as paróquias da Arquidiocese, haverá missas da Solenidade de Corpus Christi na tarde desta quinta-feira, 19, ou no início da noite.

A cobertura completa da celebração de Corpus Christi na Arquidiocese de São Paulo pode ser vista nas redes sociais do O SÃO PAULO (@jornalosaopaulo) e na edição do jornal a ser publicada na quarta-feira, 25 de junho.

SOBRE A FESTA DE CORPUS CHRISTI
 
Esta celebração foi instituída pelo Papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264. No entanto, sua origem remonta ao ano de 1247, em Liège, na Bélgica, quando surgiu um movimento eucarístico com a finalidade de propagar a fé católica na presença real de Cristo nas espécies eucarísticas.
 
Naquela ocasião, aconteceu a primeira procissão eucarística pelas ruas da cidade. Anos depois, essa celebração se tornou nacional e, em 1313, o Papa Clemente V a estabeleceu como uma festa de caráter mundial.
 
Com esta solenidade, a Igreja Católica reafirma sua fé na presença real de Jesus Cristo nas espécies do pão e do vinho consagrados na missa.

Deixe um comentário