Curso de atualização do clero é concluído com acento na mística e nas fontes espirituais

Realizado de forma on-line, a proposta da atividade foi proporcionar uma atualização teológica e pastoral aos sacerdotes, diáconos permanentes e diáconos seminaristas atuantes na Arquidiocese de São Paulo

Entre os dias 2 e 4, aconteceu o curso de atualização do clero arquidiocesano, com uma ampla abordagem de temas durante os três dias, sendo que no último houve destaque para a apresentação da espiritualidade e a mística sacerdotais em suas diversas vertentes, como a inaciana e a franciscana, além daquelas vinculadas a movimentos da Igreja, como os Focolares, a Comunidade Shalom e a Renovação Carismática Católica.

Houve também a apresentação de como se vivencia a espiritualidade sacerdotal no Caminho Neocatecumenal, no Opus Dei e na Fraternidade Jesus Caritas, esta última baseada nos ensinamentos do Beato Charles de Foucauld.

Acentuou-se também a importância da influência dos santos na espiritualidade sacerdotal, como Santa Teresa, São João da Cruz e São João Maria Vianney, além dos ensinamentos papais a respeito do tema, especialmente de Francisco, e qual é o papel transformador exercido pelo sacerdote ao povo que lhe foi confiado por Deus, presente na realidade ao seu redor.

Fechando o ciclo de exposições, uma explanação referente às fontes da espiritualidade sacerdotal foi apresentada pelo Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano.

Fontes

Dom Odilo detalhou quais são as fontes da espiritualidade sacerdotal, as quais devem ser contínua e constantemente cultivadas a fim de manter o padre entusiasmado com o seu ministério e apto a tornar Jesus uma realidade presente e acessível a todos.

O Arcebispo Metropolitano lembrou que tais fontes não se referem a tratados propriamente, mas a vivências.  São elas:

– A própria vocação: “Somos cristãos, filhos de Deus e membros da Igreja. Nossa vocação sacerdotal tem por base a vida cristã, na fé. As tentações podem ser muitas, para que nos esvaziemos, porém é preciso ser firme e perseverar”.

– A  relação com Cristo e, por meio Dele, com a Trindade:  “Nossa referência a Cristo deve ser feita pela nossa vida cristã e pelo nosso sacerdócio. É preciso cultivar essa proximidade com Ele. Jesus, na Última Ceia, chama os apóstolos de amigos e não de servos nem de discípulos ou apóstolos. A questão da intimidade proposta por Jesus deve fazer a diferença.  

– A Igreja: “Somos membros e filhos da Igreja, ela é nossa Mãe. A Igreja como dom, como casa, como missão, nosso espaço, e não somente um espaço qualquer. Servimos à Igreja não como funcionários, mas como membros e como pastores. Somos chamados a ser pais da Igreja, pois o sentido da paternidade faz parte da mística do sacerdócio. O padre gera a igreja, e tem o papel de ser esposo. Assim, é preciso amar essa esposa, como amor de doação. Jesus nos deu o exemplo, lavando os pés, e é preciso que façamos o mesmo, por meio do serviço, da vida dedicada, à pertença em tempo integral à Igreja, como esposa, fazendo sentido o celibato, o amor sem reservas, compreender a vivência do celibato na dimensão do amor esponsal e paternal”.

– A Palavra de Deus: “Como fonte de nossa espiritualidade, fonte de fé e da vida da Igreja, nossa dedicação à Palavra de Deus deve ser profunda e integral, para que possamos ressoá-la a nossos irmãos. É necessário que as nossas atitudes não desmintam a Palavra de Deus em nós.

– A liturgia e os sacramentos: “Sobretudo a Eucaristia, o serviço da Penitência, da Confissão, como meio de santificação, o serviço à glória de Deus. Deve-se priorizar a busca da santificação para nós e para o povo, além da prática da Liturgia das Horas, pois somos intercessores e orantes em nome da Igreja e em favor dela, mesmo quando a rezamos sozinhos. É um dever que nos é dado, em todos os momentos do dia, para elevar a Deus a súplica e a ação de graças”.

– A caridade pastoral: “Exercida como vivência do pastoreio, rezar pelos outros, pregar, anunciar o Evangelho, ouvir confissões, visitar os doentes, fazer reuniões de administração. Caridade pastoral vivida no carisma de cada congregação e instituto para aqueles que são religiosos. As paróquias precisam ser irradiação da caridade pastoral que nós vivemos. Deve derramar-se dentro da vida paroquial o carisma que vivemos fora dela. Derramar, transbordar, extravasar o carisma dentro da comunidade paroquial, como expressão do Evangelho”.

– A comunhão na Igreja: “Com o Papa, com o bispo, com o seu superior religioso. Quando alguém diz que ‘não vai com a cara’ do Papa, do bispo ou do padre, isso é falta de comunhão. É preciso sentir com a igreja as alegrias, as graças, as dores e as preocupações”.

– Fraternidade presbiteral: “Algo muito necessário com os irmãos padres que estão perto de nós, como amigos, com quem temos identidade. Não se pode excluir nenhum deles, sendo que a fé deve nos unir mais que o sangue, na ordem sobrenatural, no sacerdócio de Jesus Cristo, algo sólido e profundo para vivermos a nossa espiritualidade”, concluiu.

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