Imagem peregrina foi saudada por fiéis na Ponte do Piqueri na manhã da terça-feira, 12
Pouco a pouco, os devotos de Nossa Senhora Aparecida – individualmente, em família ou em grupos – ocuparam a passagem de pedestres da Ponte do Piqueri para esperar pela imagem peregrina da Padroeira do Brasil.
Desde 2004, em todo dia 12 de outubro é assim: a imagem peregrina que é abençoada semanas antes na nascente do rio Tietê, em Salesópolis (SP), e peregrina por cidades que são banhadas pelo rio, é recebida no Dia da Padroeira do Brasil pelos devotos na Ponte do Piqueri.
Trata-se da iniciativa Tietê Esperança Aparecida, idealizada pelo Padre Palmiro Paes, com o apoio da Arquidiocese de São Paulo e da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O objetivo é conscientizar a população e as autoridades sobre as ações para a despoluição do rio Tietê e o resgate de suas boas condições naturais também na Região Metropolitana de São Paulo.
Com rosas nas mãos, Filomena de Cássia, 59, moradora de Pirituba, aguardava pela chegada da imagem ao lado das duas filhas adolescentes e do irmão. “Quando eu plantei esta roseira, eu a consagrei a Nossa Senhora. Ela dá rosa o ano inteiro e sempre trago as rosas para a Mãe Aparecida neste dia”, contou à reportagem. “Temos esperança de ver este rio limpo um dia, se não a gente, ao menos os nossos filhos ou nossos netos”, completou.
Pela marginal do Tietê
Até 2019, a imagem chegava à ponte em uma procissão pluvial, mas neste ano, assim como em 2020, ela foi trazida em carro aberto do Corpo de Bombeiros ao longo da marginal do Tietê, após ter sido celebrada uma missa, no começo da manhã, na Capela Santo Estevão Mártir, na Região Episcopal Ipiranga.
“Conduzimos a imagem de Nossa Senhora Aparecida pelas ruas da cidade, margeando o rio Tietê, porque queremos ser sinal de esperança de um novo tempo”, disse à reportagem o Padre Palmiro. “É um momento bonito, do povo saudando a imagem, dos caros que buzinam, de pessoas que acenam”, recordou, lamentando, porém, que ao longo do caminho viu, mais do que nos anos anteriores, pessoas vivendo em situação de rua.
Despoluição
O secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, acompanhou a procissão e a bênção das águas feita pelo Padre Palmiro, na parte central da Ponte do Piqueri, por volta das 10h30.
Em entrevista à reportagem, Penido enalteceu a iniciativa que ocorre pelo 18a ano seguido e que alerta para a responsabilidade de todos com a despoluição e boa conservação do rio Tietê.
“É preciso que haja consciência geral. Claro que existe a obrigação e o trabalho do Estado de garantir o saneamento básico, para que o esgoto deixe de cair in natura no rio, e é o que temos feito, por exemplo, no projeto do rio Pinheiros. O conceito básico é que entrando água limpa no rio, ele se purifique. Já estamos fazendo ações no Tietê para que possamos, a médio prazo, ter este rio limpo, mas precisamos da consciência das pessoas: não há só um problema como o esgoto, há a questão do lixo e do descaso com nosso rio. Temos que ter a consciência de colocar os resíduos sólidos no lugar certo, sermos agentes da limpeza. Se não intervirmos, o rio nasce limpo, mas morre”, ressaltou o secretário.