Diácono José Cícero recebe a ordenação presbiteral

Natural de Panelas (PE) e com itinerário formativo no Seminário da Arquidiocese de São Paulo, ele recebeu a Ordenação Presbiteral, aos 42 anos de idade, no domingo, dia 1º

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Instantes após nascer em um sítio na cidade de Panelas (PE), José Cícero Teotonio da Silva foi colocado em contato com a terra. No domingo, dia 1º, novamente seu rosto tocou o chão: desta vez, de frente para o presbitério da Paróquia São Geraldo, na Região Sé, durante a Ladainha de Todos os Santos, parte do rito no qual foi ordenado sacerdote. 

“Novamente me esvazio e me lanço ao chão. Hoje é um novo nascimento para seguir Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida”, disse José Cícero durante a missa em que recebeu o segundo grau do sacramento da Ordem pela imposição das mãos de Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar de São Paulo, designado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer para presidir essa ordenação presbiteral. O Arcebispo está se recuperando de uma cirurgia no punho esquerdo. 

SACERDOTE: O HUMILDE SERVIDOR  DE JESUS E DA IGREJA 

Dom Cícero, na homilia, exortou o até então Diácono José Cícero a sempre “estar de pé” – disponível – para as responsabilidades do ministério sacerdotal, e enfatizou que Jesus é o fundamento de todo padre: “A vida sacerdotal precisa estar ancorada Nele, fundada Nele. Se você não estiver fundado em Jesus Cristo, Cícero, você irá se afundar: ou se funda Nele ou se afunda”. 

O Bispo também lembrou que um padre jamais deve perder a humildade: “Nós somos instrumentos, quase que como canos enferrujados, mas a água que desce por nós é uma água limpa, pura, que não se contamina da nossa ferrugem”. 

Dom Cícero também destacou que todo padre age em nome da Igreja: “Quem o escolheu foi a Igreja, quem vai ordená-lo hoje é o Espírito Santo, que é o fundamento do nosso ministério. Ele é a força. Cícero, não busque a força para o seu ministério em nenhuma outra realidade, pois o Espírito é exatamente a força da nossa ação, a docilidade das nossas palavras. O Espírito é o abraço de Deus que nos embala, sobretudo nos momentos em que a cruz pesa”. 

O SIM AO MINISTÉRIO SACERDOTAL 

O rito de ordenação sacerdotal começou após a proclamação do Evangelho, quando o Diácono José Cícero foi chamado pelo Padre José Adeildo Machado, Reitor do Seminário de Teologia Bom Pastor, para se apresentar ao Bispo. 

Após a homilia, o Diácono manifestou o propósito de aceitar o encargo do ministério sacerdotal e prometeu ser fiel aos colaboradores da ordem episcopal para apascentar o rebanho do Senhor; desempenhar, com dignidade e sabedoria, o ministério da Palavra; celebrar, com devoção e fidelidade, os mistérios de Cristo, sobretudo o sacrifício eucarístico e o sacramento da Reconciliação; implorar a misericórdia de Deus em favor do povo, sendo assíduo na oração; unir-se cada vez mais a Cristo e ser com Ele consagrado a Deus para a salvação da humanidade; e ter respeito e obediência ao Arcebispo e aos seus sucessores. 

Após a Ladainha de Todos os Santos, Dom Cícero impôs as mãos sobre o Diácono, gesto que foi repetido pelos demais bispos e padres concelebrantes, neste que é o momento central do rito, ao qual se seguiu a prece de ordenação: “Nós vos pedimos, Pai todo-poderoso, constituí este vosso servo na dignidade de presbítero; renovai em seu coração o Espírito de santidade; obtenha a Ele, ó Deus, o segundo grau da ordem sacerdotal, que de Vós procede, e sua vida seja exemplo para todos”, rezou o Bispo ordenante. 

Na sequência, o Neossacerdote foi revestido com a estola e a casula, paramentos litúrgicos próprios para o serviço de seu ministério. Depois, teve suas mãos ungidas por Dom Cícero com o óleo do Crisma, conferindo-lhe a força do Espírito de Deus. Posteriormente, recebeu o cálice e a patena, com o vinho e pão que serão oferecidos e transubstanciados no Corpo e Sangue de Cristo nas missas que celebrar. O rito foi concluído com o abraço da paz e a acolhida do novo Padre no presbitério por Dom Cícero e os concelebrantes, entre os quais Dom Bernardino Marchió (Dom Dino), Bispo Emérito de Caruaru (PE); Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ; Dom Carlos Silva, OFMCap.; e Dom Carlos Lema Garcia, Bispos Auxiliares da Arquidiocese; e o Cônego José Augusto Schramm Brasil, Pároco da Paróquia São Geraldo. 

‘PORQUE PARA DEUS NADA  É IMPOSSÍVEL’ (LC 1,37) 

“Diante de tudo que Deus tem feito e sempre fará em minha vida, só posso constatar e afirmar que para Deus nada é impossível”, disse, ao O SÃO PAULO, o Padre José Cícero, 42 anos, ao explicar sobre a escolha de seu lema sacerdotal. 

Ele ingressou no seminário em 2014, já adulto. “O chamado ao sacerdócio sempre esteve no meu coração desde a infância. E, participando das missões de Frei Damião de Bozano [franciscano capuchinho e missionário no Nordeste brasileiro], percebi algo que já era um chamado de Deus em minha vida, mas não compreendia. Essa inquietação continuou ao longo do caminho até eu tomar uma decisão, já na idade adulta. Sempre é tempo de nos decidirmos por Deus, ou seja, Ele nos chama sempre para seguirmos seu caminho”, disse à reportagem. 

José Cícero sempre foi atuante na Paróquia Bom Jesus dos Remédios, em Panelas (PE), e continuou a sê-lo na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Caruaru (PE), cidade onde iniciou seu processo formativo. Ele chegou a São Paulo em 2019. “Percebi o preparo de Deus, motivando-me, iluminando-me e guiando-me nos percalços. Quando achava que não ia conseguir, Deus refazia as minhas forças”, disse, ao rememorar os dez anos da preparação para o sacerdócio. 

“A nossa mãe sempre falava que queria que ele fosse padre. Ela era muito católica e sempre levava o Cícero para a Igreja”, recordou Luís Teotonio, um dos irmãos do Neossacerdote. Tanto a mãe, Josefa Moura, quanto o pai, José Teotonio, já são falecidos e foram carinhosamente lembrados pelo novo Padre em seus agradecimentos finais. 

‘O SACERDÓCIO NÃO  SE CONSTRÓI SOZINHO’ 

Padre José Cícero também agradeceu a Deus “por Seu amor eterno e misericordioso”; à Virgem Maria, “que ao longo da minha caminhada intercedeu por mim”; a Dom Odilo “pela paternidade e cuidado com o rebanho do Senhor”; a Dom Cícero, por ter presidido a ordenação e pelos conselhos que lhe deu quando era Reitor do Seminário de Teologia; e aos demais bispos concelebrantes, padres formadores e aos sacerdotes, diáconos, religiosos e fiéis com os quais conviveu nas Paróquias Santa Maria Madalena, Santa Dulce dos Pobres, São João Batista e São Geraldo em seu período formativo, bem como à Diocese de Marabá (PA), onde esteve em missão neste ano. 

“Sei que o sacerdócio é um presente de Deus para a Igreja, mas ele não se constrói sozinho: é fruto de uma rede de amor, de oração e de apoio”, disse o Neossacerdote à assembleia de fiéis. “Devemos perceber a infinita misericórdia de Deus nas pequenas coisas e Ele confiará muito mais. Cheio de esperança na certeza da presença Divina, foi aqui na cidade de São Paulo que Deus me confiou, por sua graça, o valioso ministério sacerdotal”, afirmou à reportagem. 

Antes da bênção final, Dom Cícero Alves de França comunicou ao Padre José Cícero a saudação de Dom Odilo, também extensiva à sua família: “Ele me pediu que transmitisse a você a alegria que hoje sente por ter mais um filho para a Arquidiocese de São Paulo”. 

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