Dom Odilo: ‘A assunção de Nossa Senhora ao céu nos traz alegria, esperança e coragem’

Destacou o Arcebispo de São Paulo na missa de abertura da festa da padroeira da Catedral da Sé

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

À frente do presbitério e devidamente ornamentada para este momento especial, a imagem de Nossa Senhora da Assunção era venerada pelos fiéis que chegavam à Catedral da Sé, no fim da manhã da quinta-feira, 15.

Após a oração do Terço e da Hora Média, teve início às 12h a missa de abertura do tríduo preparatório da festa da padroeira da Catedral da Sé, no dia em que Nossa Senhora da Assunção é recordada pelo calendário litúrgico, sendo inclusive feriado em alguns países. No Brasil, esta solenidade é sempre transferida pelo domingo seguinte à data, este ano, 18 de agosto.

“Toda a Igreja olha para Maria elevada ao céu como um grande sinal de esperança daquilo que Deus prepara para nós e que para Maria já é uma realidade”, afirmou o Arcebispo Metropolitano no começo da missa, que teve entre os concelebrantes o Padre Luiz Eduardo Baronto, Cura da Catedral.

TODA A IGREJA SE ALEGRA

Na homilia, o Arcebispo ressaltou que para Maria, “foi sem dúvida um prêmio, um privilégio, depois de morrer para esta vida ser elevada já ao céu em corpo e alma. Um fato único!”.

Dom Odilo destacou que embora o dogma da Assunção de Maria só tenha sido proclamado como uma verdade de fé em 1950 pelo Papa Pio XII (leia detalhes abaixo), muitos séculos antes o povo já celebrava, de modo convicto, a festa da assunção de Nossa Senhora.

“Afinal, não podia participar da corrupção da morte aquela que nos trouxe o autor da vida, o Redentor, que para todos promete vida plena; aquela que desde a sua morte foi elevada em corpo e alma para participar da plenitude da vida”, detalhou Dom Odilo.

A CERTEZA DA PLENITUDE DA VIDA

O Arcebispo de São Paulo enfatizou que a festa da Assunção de Nossa Senhora também é ocasião para que as pessoas pensem no próprio futuro e na riqueza do dom da vida.

“Todos nós queremos mais vida. Deus colocou dentro de nós esta busca, este desejo à vida plena. Nós não nos conformamos com a morte eterna, isso seria a pior coisa. Assim, Maria representa para todos nós um sinal de segura esperança”.

Nesse sentido, prosseguiu o Arcebispo, “a assunção de Nossa Senhora ao céu nos traz alegria, esperança e coragem, para não desanimar diante das lutas da vida. Devemos superar as tantas provas da vida mantendo-nos fiéis a Deus, sem nos desviar do Caminho, da Verdade e da Vida”.

ALEGRIA TESTEMUNHADA E COMUNICADA

Dom Odilo, recordando falas do Papa Francisco, lembrou ainda que a festa da Assunção remete à alegria pela certeza da vida eterna, e também é um chamado a comunicar a fé com alegria às demais pessoas.

“Para nós cristãos, há um sentido missionário, do testemunho da nossa fé. Sempre gostamos de comunicá-la, de dizer aos outros como estamos felizes pela fé que temos e pela esperança que nos anima. Maria vai às pressas, ela está a caminho para ir ao encontro”, disse, destacando que Igreja deve sempre estar a caminho: “Ela é missionária desta alegria, desta boa nova, mas também está a caminho daquela meta que Maria já alcançou”.

CONTINUIDADE DA FESTA DA PADROEIRA

Antes da benção final, o Padre Baronto fez agradecimentos aos que se empenham para a manutenção da Catedral da Sé e de sua missão evangelizadora, como os cônegos do Cabido Metropolitano, os padres confessores, os ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, os servidores do altar, as equipes de liturgia e de coleta, o coro da Catedral, as confrarias e os movimentos e pastorais presentes na Igreja-mãe da Arquidiocese.

O Cura também convidou os fiéis a visitar a exposição fotográfica. “Sé: Catedral, Praça e Marco”, inaugurada após a missa e que continuará em cartaz até 17 de novembro, no interior da Catedral da Sé, com visitação gratuita. A mostra ocorre no contexto das comemorações dos 70 anos de inauguração do templo.

O tríduo festivo da padroeira prosseguirá na sexta-feira, 16, e no sábado, 17, com o Santo Terço, às 11h; a Hora Média, às 11h30; e missas, às 12h, presididas, a cada dia, pelos Bispos Auxiliares da Arquidiocese, Dom Edilson de Souza Silva e Dom Rogério Augusto das Neves, respectivamente. Na sexta-feira, às 16h, haverá a reza das Vésperas; e no sábado, às 15h, missa com a participação dos religiosos e religiosas consagrados.

Na Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria, no domingo, 18, as celebrações eucarísticas serão às 9h e às 16h, e a missa solene às 11h, presidida pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, com a participação da Orquestra Filarmônica do Senai-SP.

O DOGMA DA ASSUNÇÃO DE MARIA

Proclamado em 1º de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII, este dogma mariano afirma que, após terminar o curso terreno de sua vida, Maria foi assunta, isto é, levada de corpo e alma à glória celeste. Significa que a Mãe de Deus está viva e glorificada de forma plena no céu, prefigurando a promessa de Deus para a Igreja.

A fé na Assunção de Nossa Senhora remonta ao século IV. Santo Efrém afirmava que o corpo virginal de Maria não sofreu corrupção depois da morte. Já Santo Epifânio dizia que o fim dela foi prodigioso e que ela possuía o Reino dos Céus ainda com a carne.

Os cristãos do século VI celebravam em Jerusalém a festa da Dormição ou Trânsito de Nossa Senhora, em 15 de agosto. Essa compreensão se propagou ao longo dos séculos, sendo consolidada pelas Igrejas orientais desde o século X.

Por ocasião do Concílio Vaticano I, em 1870, cerca de 200 bispos pediram ao Papa Pio IX a definição dogmática da assunção de Maria. O assunto, porém, não chegou a ser aprofundado.

No século XX, os pedidos para o reconhecimento desse dogma continuaram. Em 1946, o Papa Pio XII fez uma consulta aos bispos do mundo inteiro a respeito do tema, com um posicionamento favorável quase unânime.
São muitas as referências das Sagradas Escrituras nas quais os santos padres, teólogos e bispos se apoiam para afirmar que Maria foi assunta ao céu (cf. Gn 3,15; Ex 20,12; Is 60,3; Sl 132,8; Ct 3,6; Lc 1,28; Ap 12).

Referindo-se a esse dogma, a constituição Lumen gentium, do Concílio Vaticano II, diz que a Mãe de Jesus, tal como está nos céus já glorificada de corpo e alma, “é a imagem e o começo da Igreja como deverá ser consumada no tempo futuro”.
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