Destacou o Arcebispo de São Paulo na coletiva de imprensa de lançamento da CF 2025, com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
“Promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo os gritos dos pobres e da Terra” é o objetivo da Campanha da Fraternidade de 2025, aberta na Quarta-feira de Cinzas, 5, com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
Na Catedral da Sé, antes da missa das 15h, com o rito de imposição das cinzas, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar de São Paulo e Referencial Arquidiocesano para a Campanha da Fraternidade, concederam entrevista coletiva para falar sobre a CF 2025.

“A Campanha é de fraternidade, não de Ecologia Integral. Esta é, portanto, uma campanha de fraternidade sob o ponto de vista da Ecologia Integral, pois é a fraternidade o tema da Quaresma, um tempo de chamado à conversão ao Evangelho, à conversão à maior caridade, à fraternidade, que são valores fundamentais dos cristãos”, ressaltou Dom Odilo aos jornalistas.
O Arcebispo Metropolitano recordou que por outras oito vezes a Campanha da Fraternidade tratou de temáticas relacionadas à ecologia, o que demonstra a atenção da Igreja pelo cuidado com a Casa Comum e a preocupação com a vida do ser humano e de todos os seres, além do desejo de que o planeta seja espaço de fraternidade e de vida digna para todos, apontamentos também feitos pelo Papa Francisco na encíclica Laudato si’, publicada em 2015, cuja leitura é ainda mais recomendada durante a CF 2025.
“O estudo do tema deste ano, Fraternidade e Ecologia Integral, é um chamado para que, mais uma vez, consideremos a importância de cuidar bem do mundo. ‘Deus viu que tudo era muito bom’ nos remete aos fundamentos da nossa fé. O mundo foi criado por Deus, cremos em Deus Criador e, por isso, para nós cristãos, cuidar do mundo é também questão de fé, de honrar a Deus Criador. Por outro lado, é questão de sermos fraternos e justos com todas as pessoas, para que o mundo não se torne apenas posse e propriedade de uns privilegiados, mas que possa ser vivido por todos, como a casa de todos”, enfatizou Dom Odilo.

A ECOLOGIA INTEGRAL
Dom Rogério, por sua vez, comentou que o conceito de Ecologia Integral é mais abrangente do que o de uma ciência ou de um ativismo em prol do meio ambiente: trata-se de uma nova mentalidade de relacionamento, “uma conversão que nos leva a buscar a comunhão entre nós em todos os ambientes, em todas as esferas da sociedade, seja sociológica, seja teológica ou espiritual”.
Essa nova mentalidade – prosseguiu o Bispo Auxiliar – leva a olhar para a criação não como um bem a ser dominado, mas como um jardim a ser cultivado e guardado, pois, do contrário, se passa a vivenciar situações como os eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes em razão das mudanças climáticas.
“A expressão fundamental para nós, portanto, é a que São João Paulo II utilizou em 2001: conversão ecológica, que é definida no texto-base da Campanha como sendo passar de uma mentalidade extrativista dominadora da criação para uma mentalidade do cuidado”, sublinhou Dom Rogério, desejando que a CF 2025 leve todos a assumir a missão de ser “também aqueles que cuidam da criação, que é obra de Deus”.

UMA CAMPANHA DE EVANGELIZAÇÃO E DE CONSCIENTIZAÇÃO
Questionado pelos jornalistas sobre os objetivos concretos da CF 2025, Dom Odilo enfatizou que se trata de uma campanha de conscientização e de evangelização, a fim de que se fortaleça a mentalidade e a sensibilidade perante as questões ambientais, não somente na Igreja, mas em todas as outras instâncias sociais, como no mundo da educação, da comunicação, da cultura e da política.
O Arcebispo ressaltou que as pequenas atitudes individuais podem incidir positiva ou negativamente no cuidado do meio ambiente, mas que há questões que envolvem políticas locais e globais. “Penso que cabe a todos se interrogar: ‘Do jeito que eu cuido da Casa Comum, estou ajudando ou estou dificultando a vida dos meus irmãos – das outras pessoas e das gerações que estão por nascer?”’, indagou.

Já Dom Rogério lembrou que o fato de a Campanha lidar com um tema de incidência no cotidiano não impede que as pessoas vivam a conversão requerida para o tempo quaresmal, até pelo fato de a CF sempre apresentar o tema proposto a partir de uma fundamentação teológica: “Os fundamentos da teologia cristã-católica nos levam a entender a proposta da Campanha não como uma prática meramente política, mas como um exercício quaresmal de tomada de consciência dos pecados e de conversão”.
Por fim, Dom Odilo lembrou que qualquer pessoa antes de confessar os próprios pecados e deles se arrepender precisa tomar consciência de que os cometeu. Nesse sentido – disse o Arcebispo – a CF 2025 permitirá que as pessoas se conscientizem sobre as ofensas que fazem a Deus e ao próximo no que se refere às questões ambientais.