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Dom Odilo dedica a igreja e consagra o altar da Paróquia Santa Rosa de Lima

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

“Suplicantes, pois, nós vos rogamos, Senhor. Dignai-vos inundar esta igreja e este altar com a santidade celeste; que seja lugar santo e mesa perenemente preparada para o sacrifício de Cristo”. 

Com o templo lotado de idosos, adultos, jovens e crianças, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu no domingo, 24, a missa na qual foi consagrado o altar e dedicada a igreja matriz da Paróquia Santa Rosa de Lima, em Perus, na Região Brasilândia. 

Erigida como Paróquia há 85 anos, em 1940, a comunidade de fé surgiu algumas décadas antes, em uma capela com a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. No começo do século XX, uma família para lá levou a imagem de Santa Rosa de Lima. Desde 1966, a Paróquia está sob os cuidados dos padres monfortinos (SMM), que concluíram o atual templo, com a ajuda de moradores do bairro. 

Padre Luciano Andreol, SMM, Pároco desde 2014, detalhou ao O SÃO PAULO que a dedicação do templo e do altar aconteceria em 2020, mas foi adiada em razão da pandemia. Já antes disso, entre 2012 e 2015, ocorreram reformas na casa paroquial, no centro comunitário e na igreja, com intervenções no teto, piso, sistema de som e ar-condicionado, compra de novos bancos e a instalação de um painel, atrás do altar, com as representações de Jesus Cristo, de Santa Rosa de Lima e de Nossa Senhora de Guadalupe. Recentemente, houve a aquisição da pedra para a mesa do altar e de oito cruzes, que se somaram às quatro que já existiam nas paredes da igreja. 

‘SINAL DE QUE DEUS ESTÁ ENTRE NÓS’ 

Dom Odilo, na homilia, ressaltou que embora Deus não precise de templo para estar junto ao povo, o templo é “sinal de que Deus está entre nós”. Ele destacou, porém, que a igreja é a comunidade de fiéis: “A Paróquia Santa Rosa de Lima são vocês, e não essas paredes. A igreja é a casa dos filhos de Deus, que se reúnem, em comunidade, para adorá-Lo, agradecer-Lhe, bendizê-Lo, pedir perdão, invocar as Suas Graças, ouvir Sua Palavra, se alegrar na fé, se animar na caridade, para assim poder caminhar juntos”. 

O Arcebispo também destacou que a casa de Deus está edificada “sobre a rocha viva, que é Jesus Cristo”, tendo como coluna a herança do testemunho dos apóstolos. Sublinhou, ainda, que é a Palavra de Deus que anima o agir da Igreja, e lembrou que todo fiel, ao ir à missa, deve estar aberto a ouvi-la. Além disso, ressaltou que a igreja é “a casa da Eucaristia, do pão da vida, que desde agora nos alimenta para a vida eterna”. 

Por fim, Dom Odilo exortou os fiéis a seguirem o exemplo da padroeira da Paróquia e de toda a América Latina, Santa Rosa de Lima (1586-1617), que desde muito jovem viveu intensamente o encontro com Deus “na Eucaristia, na Palavra e na caridade com o próximo”. 

O RITO DE DEDICAÇÃO 

A liturgia de dedicação começou após a saudação inicial do Arcebispo, quando ele abençoou a água e a aspergiu sobre os fiéis e nas paredes da igreja e no altar. Depois do “Glória”, Dom Odilo colocou o Lecionário sobre o ambão e entregou ao Pároco o livro dos Evangelhos. 

Após a homilia e a profissão de fé, entoou-se a Ladainha de Todos os Santos. Na sequência, foram depositadas sob o altar as relíquias de São Luís Maria Grignion de Montfort e de Santo Antonio de Sant’Anna Galvão. Depois, ocorreu o momento central do rito, com a prece de dedicação, seguida da unção do altar com o óleo do Santo Crisma, tornando, assim, o altar símbolo de Cristo, o ungido por excelência. Também foram ungidas as 12 cruzes nas paredes. 

Posteriormente, houve a incensação do altar e da igreja, com a queima do incenso sobre o altar. Em seguida, foram incensados o povo e as paredes. Passou-se, então, ao revestimento do altar, e, por fim, ao acendimento das velas que o ladeiam e aquelas que estão junto às 12 cruzes. 

‘RENOVAÇÃO DE NOSSA VIDA CRISTÃ’ 

Antes da bênção final, Dom Odilo lembrou que a cada 24 de agosto a Paróquia deverá celebrar o aniversário de dedicação do templo. 

Em nome de toda a comunidade, uma criança leu um agradecimento ao Cardeal Scherer e aos padres Luciano, Pároco, e Sony Fleurima, SMM, Vigário Paroquial. 

“Eu espero que este momento especial da dedicação da igreja e do altar seja também de renovação da nossa vida cristã, e não somente um fato externo, mas que possa entrar no coração das pessoas e que dê mais unidade na vida da Paróquia”, disse o Pároco à reportagem. 

A matriz da Paróquia Santa Rosa de Lima fica na Rua Dr. Oscar Cunha Correia, 141 (próxima à estação Perus da CPTM). Saiba mais detalhes pelas redes sociais: @paroquiasantarosadelima_perus

Comunidade paroquial tem histórica atuação em prol dos direitos humanos

Wilma, Eduardo, Orlando e Célia recordam o histórico da Paróquia (foto: Pascom paroquial)

Ao longo de seus 85 anos, a Paróquia Santa Rosa de Lima – atualmente composta pela matriz, nove comunidades eclesiais de base (CEBs) e duas comunidades em formação – sempre teve ações voltadas à garantia dos direitos humanos, uma das prioridades do conselho paroquial, instalado há mais de 50 anos. 

Célia Aparecida Leme, coordenadora da CEB São Paulo Apóstolo, lembrou à reportagem que os padres monfortinos sempre se engajaram nas causas sociais ao lado do povo, como ocorreu durante a greve da fábrica de cimento de Perus, entre 1962 e 1969; e na mobilização contra a instalação de um lixão no bairro, nos anos 2000: “O rosto da igreja nas comunidades eclesiais de base é de uma igreja que tem a participação muito forte dos leigos”. 

Em 1980, após assassinatos de jovens em Perus, os coordenadores das CEBs fundaram um centro de direitos humanos, com o nome de uma das vítimas, Carlos Alberto Pazzini. Orlando Barbi, atual coordenador do Terço dos Homens, sublinhou que a instituição também se empenhou por melhorias nas questões de moradia, transporte e saúde. “As nossas comunidades de base sempre trabalharam sobre o bem comum, como era a comunidade dos primeiros apóstolos, uma família de irmãos”, enfatizou, recordando, ainda, o engajamento da Paróquia para a descoberta, nos anos 1990, da vala comum do cemitério de Perus, na qual foram ocultados mais de mil corpos de assassinados pelo regime militar. 

Wilma Aparecida Bernardo da Silva, catequista de Batismo, e Eduardo Aparecido Rabello, ministro extraordinário da Palavra, conheceram a Paróquia na juventude, ouvindo em suas escolas as catequeses do Padre Pedrinho Stevens, Pároco entre 1975 e 1985. Ela fez memória das muitas decisões do conselho paroquial que resultaram em melhorias para o bairro; ele disse ter expectativa que mais pessoas se envolvam nas iniciativas paroquiais, e vê com esperança o aumento do número de jovens na Paróquia, a maioria como servidores do altar: “Eles também estão se integrando no serviço social. É motivo de alegria saber que têm a mesma visão que a nossa, de seguir Jesus de Nazaré, o Cristo que não fica alheio ao sofrimento humano”. 

À reportagem, Padre Luciano Andreol mencionou outras ações atuais, como um projeto de distribuição de medicamentos e o Jantar da Misericórdia, ofertado semanalmente à população em situação de rua em uma das CEBs. O Pároco também destacou o crescente número de adultos que têm buscado os sacramentos da iniciação à vida cristã e se engajado na vida pastoral durante o catecumenato e após recebê-los.

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