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Dom Odilo exorta diáconos a serem ministros da caridade e sinais de esperança no mundo

Fernando Geronazzo

Na segunda-feira, 11, o Cardeal Odi­lo Pedro Scherer, Arcebispo de São Pau­lo, presidiu missa na Paróquia Santa Rita de Cássia, no Pari, Região Belém, com a participação dos diáconos permanentes da Arquidiocese. A celebração ocorreu por ocasião da comemoração do padro­eiro dos diáconos, o mártir São Louren­ço, cuja memória litúrgica é celebrada em 10 de agosto.

A missa foi concelebrada por Dom Edilson de Souza Silva, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, pelo Padre Valdeir dos Santos Goulart, Pároco da Paróquia São João Batista, no Brás, e pelo Cônego Celso Pedro da Silva, Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia e presbítero que acompanha o diaconato na Arquidio­cese de São Paulo.

A celebração também marcou a come­moração dos 25 anos da Escola Diaconal Arquidiocesana São José, instituída no ano 2000.

SINAL DE ESPERANÇA

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que São Lourenço e outros santos diáconos “nos recordam sempre desta doação em favor de Cristo, dos irmãos, e vários deles foram mártires”.

No contexto do Ano Jubilar, o Arce­bispo questionou: “Que sinal de esperan­ça é o diaconato para as nossas comuni­dades, para a Igreja, para o mundo?” E respondeu: “Exercendo bem o diaconato, já é um sinal de esperança. Mas, exerci­tando-o como serviço aos outros, ain­da mais”. Ele citou exemplos concretos: “Toda vez que vocês vão visitar o doente, levar a comunhão, administrar os sacra­mentos próprios do ministério ou fazer um trabalho de caridade, vocês podem ser sinal de esperança ao ajudar a levan­tar o ânimo de quem está desanimado, a fazer perceber uma luz para quem está confuso, a ajudar as pessoas a se aproxi­marem de Deus”.

Dom Odilo lembrou ainda que o Papa Francisco definiu o diaconato como “o mi­nistério da caridade” e incentivou os diá­conos a atuarem, sobretudo, “onde mais há necessidade de ser sinal de esperança: nas situações de sofrimento, desalento e em que a dignidade da pessoa é machucada”.

O Arcebispo também reconheceu a participação das esposas e dos familiares dos diáconos: “É bonito ver como as esposas dos diáconos ajudam e participam da mes­ma graça e solicitude em favor dos irmãos”.

ORIGEM BÍBLICA

O diaconato é o primeiro grau do sa­cramento da Ordem – seguido do presbi­terato (padres) e do episcopado (bispos). A palavra grega diakonia significa serviço O serviço dos diáconos é documen­tado desde os tempos apostólicos, como relata o Livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 6,1-6) sobre a instituição dos sete homens encarregados do serviço à Palavra, às me­sas e aos necessitados.

Diferentemente dos padres e bispos, os diáconos não presidem a Eucaristia (missa), a Reconciliação (Confissão) e a Unção dos Enfermos, mas podem minis­trar o sacramento do Batismo e abençoar matrimônios. Além disso, colaboram na formação catequética dos fiéis, no acom­panhamento das famílias e na organização dos serviços caritativos da comunidade.

DIACONATO PERMANENTE

A instituição diaconal foi florescente na Igreja do Ocidente até o século V. De­pois, por várias razões, acabou por perma­necer apenas como etapa intermediária para os candidatos à ordenação sacerdo­tal. O Concílio de Trento, no século XVI, dispôs que o diaconato permanente fosse retomado como nos primórdios, mas não chegou a se concretizar.

Foi somente o Concílio Vaticano II que estabeleceu que o diaconato pudesse “ser restaurado como grau próprio e permanen­te da hierarquia” e “ser conferido a homens de idade madura, também casados”, como destaca a constituição dogmática Lumen gentium. Em 1967, São Paulo VI estabele­ceu as regras gerais para a restauração do diaconato permanente por meio da carta apostólica Sacrum diaconatus ordinem.

A Arquidiocese de São Paulo já havia tido a experiência da ordenação de um diácono permanente na década de 1970. No entanto, o diaconato permanente foi sistematizado com a instituição da Esco­la Diaconal Arquidiocesana São José, em 19 de agosto de 2000. Nessa ocasião, teve início o processo formativo da primeira turma, sendo o primeiro grande grupo de diáconos, 24 ao todo, ordenado em 2005. Atualmente, há 105 diáconos permanen­tes em atividade na Arquidiocese.

FORMAÇÃO

Para ser ordenado diácono perma­nente na Arquidiocese, o candidato deve ter no mínimo 40 anos de idade e dez de vida matrimonial. Durante o período de formação, realiza o curso integrado de Filosofia e Teologia por cinco anos. Ao concluir os estudos, faz um sexto ano de vivência pastoral, uma espécie de labora­tório em diferentes âmbitos como hospi­tais, serviço aos mais pobres e cemitérios.

O Vice-Reitor da Escola Diaconal São José, Diácono Ailton Machado, um dos integrantes da primeira turma e que com­pleta 20 anos de ordenação neste 2025, explicou que a formação começa na paró­quia: “Cristo nos chama ali onde estamos. O pároco acolhe esse chamado e encami­nha para o centro vocacional”. Após entre­vistas, o candidato participa de um curso propedêutico, de agosto a novembro. Su­perada essa etapa, ingressa na Faculdade de Teologia, paralelamente à formação na Escola Diaconal.

“A Faculdade forma o teólogo; a Escola forma o diácono”, resumiu Machado. Du­rante cinco anos, os candidatos participam de encontros quinzenais, dois retiros anu­ais e o estágio pastoral. “É impressionante como o chamado atinge o coração do can­didato. É como uma flecha de amor, e ele não consegue mais se ver fora da escola”, afirmou.

Interessados em saber mais sobre al­gum aspecto específico do diaconato per­manente podem entrar em contato com o Centro Vocacional Arquidiocesano (CVA) pelo telefone (11) 3237-2523 ou pelo e-mail cvasp@uol.com.br.

SÃO LOURENÇO, O PADROEIRO DOS DIÁCONOS

Nascido na Espanha, São Lourenço serviu à Igreja em Roma como diácono no século III, no período do Papa Sisto II. Ainda jovem, foi um dos responsáveis pela administração das ofertas recebidas pela Igreja e com as quais se faziam as obras de caridade aos mais pobres. No ano de 257, o imperador Valeriano intensificou a perseguição aos cristãos.

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