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Dom Odilo realiza encontro anual com ‘padres novos’ da Arquidiocese de São Paulo

Nos dias 21 e 22, na Abadia de Santa Maria, no Tucuruvi, zona Norte da capital paulista, os “padres novos” da Arquidiocese – aqueles que possuem até 8 anos de ministério sacerdotal – participam do encontro anual com o Cardeal Scherer. A atividade deste ano reúne 38 sacerdotes que se enquadram nessa condição. 

Trata-se de uma oportunidade para a abordagem de assuntos vinculados à vida cotidiana da Igreja, à formação e à troca de experiências, como também ao fomento da fraternidade sacerdotal entre os membros do clero arquidiocesano e a maior proximidade com o Arcebispo Metropolitano. 

Na manhã da terça-feira, 21, Dom Odilo abriu o encontro com a oração da Hora Média e, em seguida, destacou, em linhas gerais, aspectos relevantes que motivam a realização deste evento. 

“O objetivo de estarmos aqui é ser encontro, conviver, partilhar. A troca de experiências da vida sacerdotal e o cultivo da amizade entre os padres é fundamental para o bom desempenho do ministério ordenado”, frisou o Arcebispo. 

Dom Odilo destacou que o intuito do encontro também seria voltar o olhar para as questões cotidianas da vida eclesial, e a retomada de aspectos importantes de documentos como a Lumen gentium, a Sacrosanctum Concilium e a primeira exortação apostólica do Papa Leão XIV, a Dilexi te

A VOCAÇÃO SACERDOTAL 

O Cardeal Scherer recordou a questão da vocação sacerdotal no tempo atual. Embora haja um arrefecimento em relação aos que fazem um discernimento vocacional em todo o mundo, a Arquidiocese tem se empenhado em fomentá-lo, e os frutos têm surgido: o número de candidatos ao sacerdócio vem crescendo de forma constante nos últimos anos. 

Em seguida, o Cardeal propôs que os padres fossem separados em pequenos grupos e que em cada um deles os integrantes partilhassem o seu dia a dia sacerdotal até aqui. 

Em um segundo momento, Dom Odilo reuniu todos os padres em assembleia e pediu que cada um expusesse como tem sido sua experiência como presbítero, quais têm sido seus desafios, alegrias e tristezas, o que mais gosta de fazer como sacerdote e se se sente realizado com a vivência da vocação presbiteral. 

Na tarde da terça-feira, o Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, Procurador da Mitra Arquidiocesana, apresentou diversos aspectos que envolvem questões da administração paroquial, como documentação em geral, recolhimento de impostos, contratação de mão de obra, trato com funcionários, regularização de imóveis, reformas no templo, entre outros. E esclareceu diversas dúvidas de casos reais apresentados pelos sacerdotes presentes. 

A IGREJA HOJE 

Em seguida, em clima descontraído, o Arcebispo Metropolitano propôs uma partilha, mais como reflexão e menos como aula: pediu aos sacerdotes que expusessem quais assuntos gostariam de abordar, refletir juntos e esclarecer. 

Ele iniciou com o enfoque de questões de atualidade da vida da Igreja: morte de Francisco, o Conclave, Papa Leão XIV; e questionou os sacerdotes sobre sua opinião a respeito e como se sentiam diante desses fatos. Exortou que os padres se mantenham informados sobre o que acontece na Igreja por meio dos veículos oficiais de notícias eclesiais, como o jornal O SÃO PAULO, o Vatican News e a Rádio Vaticana

O primeiro tema mencionado foi sobre o Papa Leão XIV. Muitas pessoas acham que seu pontificado deveria ser uma continuação do de Francisco; outros, que ele deveria imprimir um novo perfil à atuação papal. 

“As pessoas projetam expectativas e querem fazer a sua agenda. Não podemos nos esquecer de que o Papa é o primeiro servidor da Igreja, sempre fiel a ela. É ele quem nos convida a dar passos em direção a uma maior consciência do que é ser Igreja”, explicou o Arcebispo. 

Dom Odilo detalhou, ainda, como funciona a dinâmica de um conclave, as etapas do que acontece na Capela Sistina, como se desenvolve a votação até se chegar à escolha do novo Pontífice. 

Depois, abordou o Ano Santo, que acontece a cada 25 anos, e do tema escolhido pelo Papa Francisco para vivê-lo: a Esperança! E frisou que se deve buscar a esperança no testemunho sobrenatural. 

Quanto à Inteligência Artificial e como a Igreja a enxerga, o Arcebispo mencionou que Bento XVI já falava a respeito, assim como Francisco – por meio de suas mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. E Leão XIV mostra que acompanha todo esse processo, a começar pela escolha do próprio nome, uma vez que a revolução em curso como consequência da Inteligência Artificial é muito mais profunda do que a ocorrida com Leão XIII na época da Revolução Industrial. 

“Há usos inadequados e consequências funestas, sobretudo no que diz respeito à ética, à antropologia envolvida no uso da Inteligência Artificial. Existe a preocupação da Igreja em relação a isso. Não dá para condenar a ciência ou a tecnologia. Tudo depende do uso que se faz. A tecnologia é amoral, ou seja, pode ser boa ou má”, concluiu Dom Odilo. 

Por fim, abordou a questão das novas conversões, ou seja, católicos que estavam afastados ou até mesmo que frequentavam outras igrejas e estão fazendo o caminho de volta; e de adultos que nem batizados eram e agora desejam fazer parte da Igreja Católica, uma vez que as paróquias têm experimentado um grande aumento na procura pelos sacramentos de Introdução à Vida Cristã. E citou dados publicados pelo Vaticano sobre as estatísticas da Igreja, destacando o aumento do número de católicos em todos os segmentos, sobretudo na África. 

O Arcebispo concluiu sua reflexão, dizendo que o indiferentismo religioso e a autossuficiência são o grande problema, ou seja, o quão relevante é ter uma religião. 

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