Vanessa e Lubikila estão entre as mães acolhidas pelo Amparo Maternal e terão o primeiro Natal com suas bebês, nascidas em 2025

Quando o Menino Jesus iluminar o mundo na noite de Natal, encontrará o sorriso e o chorinho de duas amiguinhas nascidas em 2025: Maria Fernanda, com quase 7 meses de vida, e Guelsa Buene, que se aproxima da idade de 2 meses. Com suas mães, elas estão no centro de acolhida do Amparo Maternal, na Vila Clementino, instituição de inspiração católica que desde 1939 é referência no acolhimento e assistência a mães, bebês e puérperas em situação de vulnerabilidade.
Vanessa Alexandrino Cassemiro de Souza, 25, mãe de Maria Fernanda, é paulistana. Lubikila Miguel, 30, mãe de Guelsa, veio de Angola para São Paulo em setembro deste ano. Neste Natal, carregarão em seus braços a graça de novas vidas, pequenos faróis que lhes dão grandes forças para reconstruir a própria história.
‘Se não fosse a Maria Fernanda, eu não existiria mais’
Quando descobriu que estava grávida, Vanessa logo se viu sem nenhum apoio: o homem com quem se relacionou a abandonou e a tia com quem morava pediu que ela saísse de casa. A jovem, então, procurou acolhida em um centro de referência especializado de assistência social (Creas), mantido pela Prefeitura de São Paulo, e de lá foi encaminhada para o Amparo Maternal, chegando em outubro do ano passado.
Vanessa conta que pensou em não ter a bebê, mas que graças a todo o suporte e apoio que recebeu da equipe do Amparo Maternal entendeu que a gestação era uma grande graça em sua vida: “Eu não tinha fé em Deus. Ele só passou a existir para mim quando decidi que teria minha filha, quando disse ‘ela tem de nascer, eu tenho que ir com a gravidez até o final’. A partir daí, eu me abri para Deus. Hoje, eu sempre oro aqui na capelinha e peço que Deus me dê a direção para criar minha filha, para arrumar um emprego, para ter uma vida feliz com ela”.
“A minha filha deu um novo sentido à minha vida, porque eu não queria nem existir mais depois de ser abandonada pelo pai dela e rejeitada pela minha tia. Eu me vi sozinha e pensei: ‘Pra que eu vou ficar no mundo? Se não fosse a Maria Fernanda, eu não existiria mais. Quero que, quando ela crescer, saiba de tudo o que eu fiz pelo bem dela. Ela é tudo na minha vida”, assegura Vanessa. “Neste ano, vou passar um Natal muito feliz com a minha filha nos braços”, afirma, emocionada.
‘A minha filha representa tudo para mim’
Quando Lubikila contou ao namorado que estava grávida, ouviu dele que deveria abortar o bebê. “Eu não aceitei. Como já trabalhava como cabelereira em Angola, ajuntei o dinheiro que tinha e vim para o Brasil, cheia de dúvidas: não sabia onde morar, nem como ia sobreviver, mas vim para salvar a minha vida e a da minha filha”, recorda.
Tão logo chegou a São Paulo, porém, uma senhora que a acolheria quis cobrar altos valores para hospedá-la, e como Lubikila não tinha o dinheiro, foi expulsa pela mulher. A angolana, então, procurou o serviço de assistência social da Prefeitura de São Paulo, sendo encaminhada para o centro de acolhida do Amparo Maternal.
“Cheguei com muitas incertezas: ‘Como que vão me receber? Não conheço ninguém’, mas fui muito bem acolhida e tive toda a ajuda para cuidar bem da minha filha. Todos me trataram com amor e carinho, mesmo sem me conhecer”, relata Lubikila.
“A minha filha representa tudo para mim. Ela é a minha prioridade. Deus quem sabe do futuro dela e do meu, mas no que depender de mim, quero que ela tenha uma vida melhor do que a minha”, comenta a mulher, confiante em dias melhores. “Agora com a minha bebê no meu braço, terei um Natal de muita felicidade!”
‘Nunca recursar ninguém’

A árvore de Natal no hall de entrada do centro de acolhida do Amparo Maternal está montada próxima da frase que é o lema da instituição – “Nunca recusar ninguém” – e que bem sintetiza o ambiente de pleno acolhimento vivenciado pelas 20 gestantes, 33 mães, 26 bebês, 2 recém-nascidos e 13 crianças, entre 1 e 7 anos, que vivem atualmente no local, que tem capacidade para até 100 pessoas.
“O trabalho do Amparo modifica vidas. A gestante às vezes chega aqui em desespero, sem qualquer rede de apoio, e conseguimos fazer a diferença na vida delas e dos seus filhos. E isso não se deve só ao nosso trabalho como profissionais, mas vem também da força de Deus que está aqui neste espaço”, destaca, ao O SÃO PAULO, Ângela Maria de Souza, gerente de serviço do Amparo Maternal.
Lorenna Pirolo, diretora-presidente da Associação Amparo Maternal, recorda que quase todas as mulheres que chegam trazem consigo medos e incertezas pelo contexto em que vivenciam a gestação, e que, assim, o processo de acolhida requer que toda a equipe do Amparo viva “um permanente Advento, arrumando a casa do nosso coração para receber o Salvador que logo vai passando por nossa porta pedindo apoio”.
Há mais de quatro anos como diretora-presidente, Lorenna testemunha o quanto a vida das acolhidas adquire novo sentido após o nascimento de seus filhos: “Para elas, esse nascimento é a prova viva da misericórdia de Deus e da fidelidade de Seu amor. É Ele dizendo, ‘Eu estou convosco, vamos recomeçar’. Todas poderiam ter sucumbido no meio do desespero, da insegurança do ‘Como vai ser? Onde vou morar? Como vou cuidar da criança?’, mas quando o bebê nasce, ele vem iluminando e ressignificando tudo aquilo que foi vivido. É como se trouxesse a luz que vai afastando a escuridão. E daí essa mãe muda o foco. O olhar não é mais sobre o passado, é sobre a esperança que se inicia com o bebê. Muitas me falam, ‘Lorenna, agora eu enxergo uma nova vida, uma nova chance, meu filho, minha filha, é uma bênção’. E essa bênção dará uma nova força a essas mães para que sigam em frente, busquem um recomeço, uma história melhor. O choro e o sorriso de um bebê são o sim de Deus em suas vidas”.
A toda mulher que esteja sozinha em uma gestação, sem apoio do pai da criança ou da família, Lubikila estimula: “Tenha muita força, muita coragem, porque com Deus a gente consegue. Confie em Deus! Quando você está grávida, pode até aparecer quem fale pra não ter o filho, mas depois que o bebê nasce, todo mundo fica alegre”. Igualmente recomenda Vanessa: “Tenha fé em Deus, pois se Ele deu a graça de a gente ter um filho é porque Ele vai dar um direcionamento, vai mudar a nossa história!”.
SAIBA MAIS SOBRE O AMPARO MATERNAL
Site: https://amparomaternal.org
Instagram: @associacaoamparomaternal





