O Vicariato Episcopal da Caridade Social, anunciado durante o 1º Fórum da Caridade Organizada e Mobilização Cristã, em 5 de julho, pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, foi tema do programa “Construindo Cidadania”, da rádio 9 de Julho, apresentado na manhã da quinta-feira, 18, pelas redes sociais da emissora e que irá ao ar no sábado, 20, às 17h, em AM 1.600 kHz e pelo site www.radio9dejulho.com.br.
Na entrevista ao Cônego Antônio Aparecido Pereira e à radialista Cidinha Fernandes, o Arcebispo Metropolitano ressaltou aspectos do regulamento deste organismo Arquidiocesano, publicado recentemente, e lembrou que o Vicariato Episcopal da Caridade Social tem como meta incentivar, melhorar e promover outras iniciativas da promoção da dignidade e do socorro em relação à pessoa humana que mais necessita.
IMPULSO DO SÍNODO
O Purpurado recordou que o Vicariato surgiu de um impulso que partiu do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo.
“O nosso sínodo, que concluímos no ano passado, de muitas maneiras, primeiramente, levantou o fato da grande necessidade de caridade das obras de misericórdia em nossa cidade, em nossa Arquidiocese. Há um mar de necessidades em toda a parte: no centro da cidade, na periferia, com os pobres em geral, os doentes, os hospitais, e depois toda a questão da promoção da dignidade, da justiça e assim por diante”, afirmou.
Dom Odilo recordou as muitas iniciativas de caridade na Arquidiocese, e que muitas vezes não estão articuladas entre si, e ressaltou a necessidade de uma boa coordenação e articulação, destacando a visibilidade destas ações.
“Será competência e tarefa do Vicariato, também, fazer o mapeamento, o levantamento do que já se faz, também para trazer isso muito mais à luz e também para incentivar mais pessoas a se unirem, a aderirem a essas iniciativas.”
O Cardeal destacou que compete ao Vicariato elaborar diretrizes norteadoras das ações da caridade social, além de promover o estudo e formação na Doutrina Social da Igreja.
“Isso certamente será uma das iniciativas interessantes, inclusive com instituições acadêmicas, com pesquisadores, com peritos em diversas áreas de estudos sociais, mas tendo como foco justamente conhecer mais e melhor o pensamento da Igreja a respeito das muitas questões sociais que são, digamos, o foco da caridade social”, afirmou.
Dom Odilo expressou que deseja que o Vicariato Episcopal da Caridade Social seja a voz e iniciativa na Arquidiocese, que ajude a manter o ardor da caridade em São Paulo.
VOLUNTARIADO
Dom Odilo também recordou as ações que o Vicariato deverá fazer, entre elas a promoção do voluntariado: “Há muita gente disponível para dar a sua parte, mas, é claro, não em tempo integral. Eu penso, por exemplo, nos profissionais que podem dar uma hora por semana. Que organizemos esta hora por semana que os profissionais da saúde, os profissionais do direito ou da educação ou de outros possam dar em algum tipo de trabalho social”.
CARIDADE SOCIAL X IDEOLOGIA POLÍTICA
Dom Odilo também ressaltou a preocupação com a relação entre caridade social e ideologização. O Purpurado salientou que não se deve promover a caridade por partido ou ideologia, mas sim por causa do Evangelho e da fé.
“Direita, esquerda, centro. Todos são chamados a promover a caridade e as obras de misericórdia, independentemente de partido, de ideologia, de governo ou de governante”, afirmou.
O Cardeal Scherer ressaltou que a caridade deve unir todos, e que todos são chamados a caridade, a atenção ao próximo necessitado. E recordou que deve ser superado o fato de muitos dizerem que fazer caridade é comunismo ou esquerdismo.
“Não começar imediatamente a dizer que é comunista ou esquerdista quem se preocupa com os pobres ou quem está atento a defender a sua dignidade, os seus direitos humanos. Isso precisa ser superado, porque, do contrário, nós falsificamos o Evangelho ou o colocamos na gaveta para prevalecer a nossa ideologia. Isso não se pode fazer.”
Ainda neste contexto, Dom Odilo exortou os políticos católicos a exercerem a caridade por meio do exercício de sua competência própria.
“Para os políticos, a caridade social será promover vida digna para quem tem carência de vida digna, garantias sociais melhores para quem é carente de garantias sociais, promover estabilidade econômica e possibilidades econômicas para quem não tem acesso a participar ativamente da vida econômica, e por aí. De modo que há muitas expressões e formas de praticar a caridade.”, exortou.
ORGANIZAÇÃO
Por fim, o Cardeal ressaltou que o Vicariato deve promover a caridade social de maneira mais ativa e organizada: “A palavra organizada é a que deve ter peso aqui”.
Ao final do programa, Dom Odilo incentivou os ouvintes à caridade no cotidiano, para que não percam a sensibilidade social e a atenção diante das necessidades do próximo: “Façamos a nossa parte. Embora, claro, o que fazemos é sempre uma gota no mar de necessidades, mas essa gota, se a fazemos, ajuda. E muitas gotas formam o mar. Portanto, coragem a todos para fazerem cada dia a sua parte”.
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