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Em julho, Papa exorta fiéis a rezar ao Espírito Santo pela graça de discernir

No Vídeo do Papa deste mês, Leão XIV lê uma oração inédita sobre a formação ao discernimento, tão necessário em um mundo em constante mudança para decidir com sabedoria

Foto: Vatican Media

A mensagem em vídeo de julho com a intenção de oração que o Pontífice confia à Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa é dedicada à formação para o discernimento. Nas imagens que narram uma jovem que caminha por uma floresta, perde-se e encontra orientação por meio do Evangelho, Leão XIV lê uma oração inédita para pedir ao Espírito Santo a graça de aprender a discernir.

“Espírito Santo, luz do nosso entendimento,
sopro e suavidade nas nossas decisões,
concede-me a graça de escutar atentamente a tua voz
para discernir os caminhos secretos do meu coração,
a fim de compreender o que realmente é importante para ti
e libertar o meu coração dos seus sofrimentos.
Peço-te a graça de aprender a parar
para tomar consciência da minha maneira de agir,
dos sentimentos que habitam em mim,
dos pensamentos que me invadem
e que, muitas vezes, não percebo.
Desejo que as minhas escolhas
me conduzam à alegria do Evangelho.
Mesmo que tenha de passar por momentos de dúvida e cansaço,
mesmo que tenha de lutar, refletir, procurar e recomeçar…
Porque, no fim do caminho,
A tua consolação é o fruto da boa decisão.
Concede-me conhecer melhor o que me move,
para rejeitar o que me afasta de Cristo,
e amá-lo e servi-lo mais.
Amém.”

CONHECER-SE A SI MESMO PARA CONHECER DEUS

Na oração do Papa, percebe-se o eco da famosa súplica de Santo Agostinho nas Confissões: “Ó Deus, que me conheça a mim, que Te conheça a Ti!”. Podemos dizer brevemente que, segundo Agostinho, o conhecimento de si mesmo leva ao conhecimento de Deus: para discernir, é preciso situar-se na verdade diante de Deus, entrar em si mesmo, admitir as próprias fraquezas e pedir ao Senhor que nos cure. A partir daí, é possível renascer através de uma relação autêntica com Deus.

O discernimento tem estado presente na história da Igreja desde o início. São Paulo escreve sobre este tema várias vezes nas suas cartas, por exemplo, em Rm 12,1-2: “Que saibais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada”. Hoje, porém, a antiga arte do discernimento é talvez mais necessária do que nunca. A velocidade com que as mudanças ocorrem atualmente, a enorme quantidade de informação disponível — e nem sempre verdadeira —, a aparente realidade criada pela inteligência artificial e a complexidade dos desafios globais, entre outros fatores, tornam o discernimento uma habilidade essencial para tomar decisões acertadas que nos permitam viver uma vida boa e nos aproximem de Deus.

RECONHECER A VOZ DE JESUS

Reprodução do vídeo

“No meio da pressa da vida cotidiana, devemos aprender a fazer uma pausa e criar momentos sagrados para a oração”, comenta Dom Robert J. Brennan, Bispo da Diocese de Brooklyn, que colabora com o vídeo deste mês, junto a DeSales Media. “São nesses espaços silenciosos de escuta atenta — continua o bispo Brennan — que descobrimos quais os caminhos que realmente importam e encontramos o discernimento para escolher o que conduz verdadeiramente à alegria que vem só de Deus”.

Neste sentido, o diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, Padre Cristóbal Fones, explica que “a formação para o discernimento é fundamental para navegar em um mundo complexo. Ela inclui a oração, a reflexão pessoal, o estudo das Escrituras e o acompanhamento espiritual. Cultivar uma relação profunda com Jesus é o mais importante, pois assim podemos reconhecer a sua voz no meio de tantas vozes do mundo e ter a clareza necessária para tomar as nossas decisões em função de um propósito e num horizonte mais humano”.

O Padre Cristóbal Fones acrescenta que o discernimento também tem uma dimensão comunitária: “Aprender a discernir juntos, ouvindo as experiências e perspectivas dos outros, enriquece o nosso próprio processo de discernimento e ajuda-nos a reconhecer a ação do Espírito Santo na vida da comunidade”.

UMA AJUDA PARA EXERCER MELHOR A LIBERDADE

O discernimento é essencial também para a nossa felicidade: “a cultura atual — continua o Padre Fones — apresenta-nos a felicidade como um fim e tende a identificá-la com o bem-estar. Ao contrário, para Santo Inácio de Loiola, em cuja espiritualidade o discernimento ocupa um lugar muito importante, é antes uma consequência: fomos criados para sair de nós mesmos, aprendendo a amar e a doar-nos, a servir os outros e a unir-nos a Deus. Por este caminho — o caminho de Jesus, o caminho do coração, que certamente é contrário à cultura egocêntrica e utilitarista predominante —, alcança-se a felicidade”.

“Santo Inácio oferece-nos algumas regras de discernimento para sentir e conhecer o que se passa dentro de nós, as emoções, os movimentos do nosso espírito, para que possamos escolher o que nos ajuda a amar e a ser amados, e rejeitar o que nos impede de o fazer. O discernimento espiritual ajuda-nos a exercer melhor a nossa liberdade”, continua.

Fonte: Vatican News

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