
Parlamentares municipais e estaduais, prefeitos, secretários municipais e subprefeitos, além de membros do Poder Judiciário, participaram no sábado, 2, na Catedral da Sé, do Jubileu dos Governantes, organizado pela Sub-Região São Paulo do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
No átrio da Catedral, eles foram acolhidos pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e iniciaram a peregrinação jubilar, acompanhados dos sacerdotes e dos bispos Dom Carlos Silva, OFMCap., e Dom Rogério Augusto das Neves, Auxiliares de São Paulo; Dom Algacir Munhak, CS (São Miguel Paulista), Dom Pedro Luiz Stringhini (Mogi das Cruzes), Dom João Bosco Barbosa de Sousa, OFM (Osasco), Dom Edmilson Amador Caetano (Guarulhos), Dom Joaquim Mol (Coadjuntor de Santos), Dom Valdir José de Castro (Campo Limpo) e Dom Marcelo Antônio Silva (Auxiliar de Santo Amaro).
UM ANO DE JÚBILO

Em frente ao presbitério, eles ouviram a explicação do significado das indulgências, acompanharam a leitura da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,5-11) e contemplaram a cruz jubilar. Dom Odilo enfatizou que este é um ano de júbilo porque “a Igreja oferece a oportunidade de renovação da vida cristã, para que cada pessoa possa receber o perdão dos pecados e ganhar as indulgências”.
Na sequência, todos foram saudados conjuntamente por Dom Carlos Silva, que também é Secretário-geral do Regional Sul 1, e pelo Padre Flaviano Walger Schulz, Subsecretário da Sub-Região São Paulo: “Nós nos reunimos na certeza de estarmos juntos sobretudo pela paz, uma necessidade sempre reiterada pelo Papa Leão XIV em seus pronunciamentos”.
Antes da missa conclusiva, aconteceram dois momentos reflexivos: um sobre os 10 anos da encíclica Laudato si’, conduzido por José Renato Nalini, secretário-executivo de Mudanças Climáticas da Prefeitura de São Paulo; e outro a respeito do tema da esperança, com Dom Joaquim Mol.
VOCAÇÃO E MISSÃO NA VIDA PÚBLICA

Dom Odilo, na homilia da missa, enfatizou que a esperança cristã não decepciona, pois está fundamentada no amor de Deus pela humanidade. Ele destacou que neste Ano Jubilar todos são chamados a renovar a esperança e ser sinais de esperança, a partir de gestos como a promoção da paz; a abertura para gerar a vida e cuidar dos mais frágeis; o combate a todas as formas de violência, mentira e enganação do próximo; a atenção aos exilados, refugiados e migrantes; o cuidado da casa comum; e a ajuda na superação da pobreza.
O Arcebispo exortou que católicos que têm responsabilidades públicas nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário “possam ser condutores desses sinais de esperança para a sociedade”, unindo forças a outras pessoas que atuam em prol do bem comum.

Por fim, o Cardeal agradeceu às autoridades públicas que dão seu testemunho cristão e as encorajou: “Queremos assegurar-lhes nosso apoio, nossa prece, nossa bênção. Queremos pedir a Deus que lhes dê a graça, a sabedoria e a prudência, que deve ser uma virtude dos governantes; bem como a coragem de não se intimidar diante de forças que se oponham. Continuemos a lutar e a defender aquilo que acreditamos, e, assim, seremos sinais de esperança para a sociedade”.
Durante a missa, os participantes realizaram a renovação das promessas batismais, foram aspergidos com água benta e, ao final, rezaram a oração do Jubileu e veneraram a imagem de Nossa Senhora da Assunção.
Nalini: ‘Releiamos, meditemos e sigamos a Laudato si´’

Participante do Jubileu dos Governantes, José Renato Nalini, secretário-executivo de Mudanças Climáticas da Prefeitura de São Paulo, foi convidado a falar sobre os 10 anos da encíclica Laudato si’. Ele lembrou que no documento, lançado em 2015, o Papa Francisco alerta a humanidade sobre a urgência do cuidado com a casa comum.
“Temos sido irresponsáveis, como se ela existisse para que a saqueássemos, sem nada repor. Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra, que o nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta”, ressaltou Nalini.
O secretário também lembrou o apelo de Francisco para a conversão ecológica, pela qual o ser humano passe “do consumo ao sacrifício, da avidez à generosidade, do desperdício à capacidade de partilha”, proporcionando um desenvolvimento sustentável e integral, que será capaz de regenerar a natureza, já afetada pela poluição, excesso de resíduos e a cultura do descarte.
“Tudo converge para a deterioração da qualidade de vida humana e a degradação social”, lamentou Nalini, que mencionou iniciativas da Prefeitura de São Paulo perante as questões ambientais, como a criação, em 2021, da Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas.
“Releiamos, meditemos, sigamos a Laudato si’”, recomendou. Ao final da missa, todos receberam um exemplar impresso da encíclica.

Dom Joaquim Mol detalha as metas e o contexto do Jubileu
Em reflexão antes da missa de encerramento da peregrinação jubilar, Dom Joaquim Mol, Bispo Coadjuntor de Santos (SP), destacou que este Ano Santo ocorre no contexto dos apelos do falecido Papa Francisco por uma Igreja em saída missionária, sinodal e que se faça “pobre para os pobres”, misericordiosa e comprometida com a ecologia integral.
Recordou, ainda, a memória bíblica do Jubileu, que alude ao sábado, como dia de repouso e de honra ao Senhor, conforme relatado no Êxodo; ao Jubileu que ocorria a cada 50 anos e que é descrito no capítulo 25 do livro de Levítico como um ano para o descanso da terra, a recuperação aos titulares de propriedades alienadas por dívidas e à libertação dos escravos; bem como ao Ano da Graça do Senhor, proclamado pelo próprio Jesus, conforme descrito no Novo Testamento.
Dom Mol apontou que na bula de proclamação do Jubileu, Francisco faz dois apelos concretos: que o dinheiro usado em armas e em despesas militares seja revertido para um fundo mundial de combate à fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres; e que as nações mais ricas perdoem as dívidas dos países que nunca poderão pagá-las. Além disso, o Pontífice apresenta oito sinais de esperança para este Ano Jubilar: a paz para o mundo; a abertura à vida pelos casais; a recuperação da alegria da liberdade pelos presos; a maior proximidade com os doentes; o ressurgimento da esperança entre os jovens; o acolhimento aos exilados, deslocados, refugiados e migrantes; a valorização dos idosos; e o enfrentamento da pobreza e da miséria.
VEJA O VÍDEO DO INÍCIO DA PEREGRINAÇÃO NA CATEDRAL DA SÉ