Em São Paulo, Pontífice canonizou Frei Galvão no ano de 2007

Em sua viagem apostólica ao Brasil, em maio de 2007, o Papa Bento XVI presidiu a canonização do primeiro santo brasileiro: Frei Galvão, em celebração realizada no dia 11 daquele mês no aeroporto Campo de Marte, na zona norte da cidade, diante de 1,2 milhão de fiéis.

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

O frade franciscano, que viveu entre 1739 e 1822, foi canonizado quando o Papa leu a fórmula de canonização: “Em honra da Santíssima Trindade, para a exaltação da fé católica e o crescimento da vida cristã, pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos santos apóstolos Pedro e Paulo e nossa, depois de ter refletido longamente, invocado o auxílio divino por muitas vezes ouvido o parecer de muitos de nossos irmãos no episcopado, declaramos e definimos como santo o beato Antônio de Sant’Ana Galvão, e o inscrevemos na lista dos santos, e estabelecemos que, em toda a Igreja, ele seja devotamente honrado entre os santos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, proclamou o Pontífice.

O anúncio do Papa foi precedido pelo pedido formal de canonização, feito pelo Cardeal José Saraiva Martins, então Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, que em breve relato sobre a biografia do candidato disse que a vida de frei Galvão foi marcada pela solidariedade aos mais carentes e pela prudência – confessor, era conselheiro. “Até o fim de seus dias, foi por todos e para todos homem da paz e da caridade.”

Um pedaço de osso do Santo também foi apresentado, por Sandra Grossi, que estava com o filho, Enzo. O nascimento do menino, em 1999, na cidade de São Paulo, foi reconhecido pelo Vaticano como milagre do Frade, e consumou a canonização. A mãe, que sofre de má-formação no útero que impede o feto de se desenvolver e passara por três abortos (um de gêmeos), deu à luz após ingerir as “pílulas” do franciscano. 

‘Vidas limpas, de almas claras e de inteligências simples’

“Hoje, a Divina sabedoria permite que nos encontremos ao redor do seu altar em ato de louvor e de agradecimento por nos ter concedido a graça da canonização do Frei Antonio de Sant’Ana Galvão”, disse Bento XVI ao iniciar a homilia.

Depois, mostrou seu afeto e proximidade com os brasileiros: “Tenham certeza: o Papa vos ama, e vos ama porque Jesus Cristo vos ama”.

Em seguida, falou da finalidade principal daquela celebração: “Sinto-me feliz porque a elevação do Frei Galvão aos altares ficará para sempre emoldurada na liturgia que hoje a Igreja nos oferece”.

Na sequência, o Pontífice passou a elencar as diversas virtudes que elevaram Frei Galvão à honra dos altares: “O carisma franciscano, evangelicamente vivido, produziu frutos significativos por meio do seu testemunho de fervoroso adorador da Eucaristia, de prudente e sábio orientador das almas que o procuravam e de grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava ‘filho e perpétuo escravo’”.

“O que nos pede o Senhor? ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amo’. Mas logo a seguir acrescenta: que ‘deis fruto e o vosso fruto permaneça’ (cf. Jo 15, 12.16). E que fruto nos pede Ele, senão que saibamos amar, inspirando-nos no exemplo do santo de Guaratinguetá?”, prosseguiu.

O Papa ainda destacou que Frei Galvão deixou exemplos a serem seguidos: “Como soam atuais para nós, que vivemos numa época tão cheia de hedonismo, as palavras que aparecem na cédula de consagração da sua castidade: ‘tirai-me antes a vida que ofender o vosso bendito Filho, meu Senhor’. São palavras fortes, de uma alma apaixonada, que deveriam fazer parte da vida normal de cada cristão, seja ele consagrado ou não, e que despertam desejos de fidelidade a Deus dentro ou fora do Matrimônio. O mundo precisa de vidas limpas, de almas claras, de inteligências simples que rejeitem ser consideradas criaturas objeto de prazer”.

“Os católicos paulistanos e o povo brasileiro sentem-se hoje muito felizes e agradecidos porque Vossa Santidade acolheu favoravelmente o pedido do episcopado brasileiro, em particular da Arquidiocese de São Paulo, de canonizar aqui mesmo o Beato Frei Galvão”, disse Dom Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo ao se dirigir ao Papa durante a cerimônia de canonização.

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