Evento realizado na FAPCOM reuniu representantes da Pastoral Litúrgica das regiões episcopais

Na manhã do sábado, 13, na Faculdade Paulus de Comunicação (Fapcom), na Vila Mariana, 240 pessoas participaram do Encontro Arquidiocesano de Formação Litúrgica, com o tema “A Palavra de Deus na Liturgia: Teologia, Música e Prática”.
A orientação coube ao Padre Rodrigo Arnoso Santos, C.Ss.R., doutor em Teologia e mestre em Sagrada Liturgia, e ao maestro Delphim Rezende Porto, doutor em Música e regente da São Paulo Schola Cantorum.

SEMENTE DE COMUNHÃO
A centralidade da Palavra de Deus na celebração da missa foi o tema principal do encontro. Segundo Dom Edilson de Souza Silva, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa e Referencial para a Liturgia Arquidiocesana, a escolha da temática buscou fazer com que os participantes compreendessem que a liturgia conduz os fiéis a uma participação mais consciente, frutuosa e piedosa, conforme orienta o Concílio Vaticano II.
“Sendo a celebração eucarística o ápice, o cume e a fonte de toda a missão da Igreja, precisamos dedicar a ela atenção especial para que produza os frutos que Deus deseja. Estamos plantando sementes no coração daqueles que participam destes momentos. E eles, ao produzirem os frutos esperados, podem também plantar essas sementes junto àqueles com os quais trabalham em suas comunidades”, afirmou o Bispo Auxiliar.

Dom Edilson acrescentou que, a partir desta formação, espera-se que as comunidades da Arquidiocese iniciem um processo contínuo de aprendizado, sempre com “respeito, mansidão e ternura”.
“Nós somos o corpo de Cristo, o povo de Deus. Em qualquer igreja em que participemos da Eucaristia, devemos nos sentir em casa. E, para isso, é importante que a celebração siga aquilo que a Igreja determina. Não somos donos da liturgia, embora seja essencial nos apropriarmos dela, para que, ao celebrarmos, estejamos verdadeiramente em comunhão”, disse.

INVESTIR EM FORMAÇÃO
Na primeira parte da formação, o maestro Delphim Rezende Porto abordou a música litúrgica, especialmente os Salmos, como instrumento para concretizar uma liturgia que apresenta ao povo a Palavra de Deus.
O maestro recomendou aos ministérios de canto que priorizem o texto litúrgico, valorizando o canto da Palavra de Deus acima dos gostos pessoais. “O desafio é cantar a Palavra, rezar como Igreja e não apenas entreter a assembleia”, enfatizou.
Ele ainda lembrou que a missão dos músicos é servir, e não buscar um protagonismo individual, o que requer muita dedicação: “Os padres se formam por anos. Quem serve na liturgia também precisa investir em formação. Não basta assistir a um vídeo no YouTube; é preciso aprofundar-se, estudar e caminhar com a Igreja”.
O doutor em Música destacou que é essencial valorizar os jovens talentos das comunidades, incentivando-os ao estudo formal de música: “Cantar é arte. Cantar bem exige treino. Uma música bem feita atrai por si mesma e, quando se une à Palavra de Deus, torna-se ainda mais doce ao coração do povo”.

ESCOLA DE DISCIPULADO
O Padre Rodrigo Arnoso Santos, C.Ss.R., ressaltou que a liturgia é um espaço privilegiado e catequético para que a Palavra alcance os corações, despertando nos fiéis o espírito de discipulado: “Quando nos deixamos tocar pela Palavra, somos moldados por ela e buscamos uma vida à semelhança de Cristo”.
Padre Rodrigo acrescentou que, além de semear a Palavra, as celebrações cultivam nos corações a esperança de um mundo novo, inspirado nos valores do Evangelho. Essa compreensão, porém, ainda é um desafio nas comunidades paroquiais. “Temos um tesouro a ser explorado, mas, muitas vezes, ainda não aproveitado em sua plenitude. É preciso beber mais dessa fonte, entendendo a liturgia como cume e fonte de toda a vida cristã. Na liturgia, não fazemos nada por nós mesmos, mas, no Espírito, tornamo-nos expressão de Cristo, prestando culto a Deus e cooperando para a santificação de homens e mulheres”, destacou.

‘NÃO APENAS FAZER LEITURA E CANTAR’
Membro da Comissão Arquidiocesana de Liturgia e mediador do encontro, o Padre Álvaro Moreira Gonçalves descreveu a manhã formativa como uma resposta ao chamado do falecido Papa Francisco, expresso na carta Desiderio Desideravi, de uma formação integral para a liturgia.
“As formações dão um norte, ajudam a indicar as fontes, aprofundam o estudo e possibilitam efetivar nas paróquias aquilo que refletimos juntos. Reunir tantas forças da Arquidiocese significa aumentar a qualidade das nossas celebrações e oferecer, com abundância, a Palavra de Deus”, afirmou.
“A Comissão de Liturgia participa da missão de santificação neste caminho pós-sinodal, recordando a missão de Cristo, que vem oferecer vida e salvação ao seu povo. O que podemos dizer às nossas comunidades é que não desanimem e sempre busquem oferecer a Deus o melhor, pois unida à santificação da humanidade está a glória de Deus”, completou Padre Álvaro.

Fabiana Regina, da Paróquia Sagrada Face, na Região Belém, recordou que ainda na adolescência passou a proclamar as leituras nas missas. Ela, que há oito meses atua na coordenação paroquial de liturgia, pretende levar e transmitir para sua comunidade os aprendizados do dia de formação, especialmente aos novos membros: “Nem todos conseguem estar presentes nas formações. Por isso, quero repassar o máximo possível para que se mantenham atualizados e motivados a participar das próximas, porque sempre temos algo a aprender”.
Para Sandra Baganha, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Região Santana, um dos principais desafios nas comunidades tem sido o de preparar leitores e músicos, bem como lembrá-los de que a formação contínua é essencial para manter a liturgia viva: “Não é apenas fazer a leitura ou cantar, mas entender a liturgia, dela participar de forma consciente e profunda. É muito bom aprender a liturgia e saborear o que ela tem para nós. Precisamos sempre conversar, compartilhar e aprimorar o que fazemos nas nossas comunidades”.
