Visitação gratuita pode ser feita até 17 de novembro. Elementos ópticos interativos permitem ao público ver de perto itens esculpidos no templo e hoje posicionados a até 30 metros de altura
A expansão da cidade de São Paulo de uma pequena capital de província a uma das maiores metrópoles do mundo é um dos enfoques da exposição “Sé: Catedral, Praça e Marco”, que foi inaugurada na quinta-feira, 15, após a missa presidida pelo Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, na abertura do tríduo da festa da padroeira, Nossa Senhora da Assunção.
A exposição poderá ser vista gratuitamente até 17 de novembro, sempre entre 10h e 17h.
Ao todo, no interior da Catedral, estão expostas 115 fotos de alguns dos principais nomes da área no último século, mostrando diversos momentos da Praça da Sé e da construção do templo, que teve suas obras iniciadas em 1912 e que está completando 70 anos em 2024.
Imagens inéditas dos operários que ergueram o templo ao longo de mais de 40 anos evidenciam a proporção da construção e detalhes que até então nunca tinham sido exibidos ao público.
A imagem mais antiga, de Militão Augusto de Azevedo, mostra o Largo da Sé (que ficava próximo onde hoje está a sede da Caixa Cultural). Trata-se de um dos primeiros registros fotográficos da cidade (1862). Cinquenta anos depois o largo (junto com a primeira Catedral, de estilo barroco) seria demolido, dando lugar a uma praça oito vezes maior.
O espaço da praça na vida da cidade também é abordado, com imagens de protestos pela Revolução de 1932 (autor desconhecido), o comício das Diretas Já em 1984 (foto de Fernando Santos) e muitos outros.
As 115 imagens da mostra encontravam-se dispersas em arquivos públicos e privados (como do Instituto Moreira Salles, Museu Paulista, Arquivo Metropolitano da Cúria e outros), tendo sido reunidas pela primeira vez para a exposição.
EVOLUÇÃO DA TÉCNICA
Das charretes aos bondes e carros, passando pela maior presença de pessoas nas ruas, é possível observar o crescimento da cidade e a evolução das próprias técnicas de produção de imagem ao longo do tempo. “Isso, pois a popularização da fotografia coincide com a explosão do crescimento de São Paulo”, afirma Camilo Cassoli, curador responsável pela mostra.
“Além dos próprios dispositivos de registro – das pesadas câmeras iniciais do século XIX até os atuais drones – nas cenas fotografadas, podemos ver a presença das câmeras de televisão iniciais e dos primeiros telefones celulares com câmeras”, complementa.
Juntamente às imagens impressas, o público poderá observar – a partir de dispositivos ópticos especialmente instalados na Catedral – detalhes do edifício dificilmente observáveis a olho nu. Esculturas e vitrais presentes a até 30 metros de altura serão aproximados por instrumentos disponíveis para observação dos visitantes.
A expografia da mostra também dialoga com o espaço, explorando – com transparência de suas divisórias e suportes para textos – recortes de vistas do templo e aspectos das cores de seus vitrais.
“Procuramos uma instalação que interaja com o ambiente, propondo novas formas de observação dele não apenas a partir de suas imagens históricas, mas também propondo aspectos que o visitante poderá ver a olho nu ou pelos monóculos que haverá no local”, comenta Camilo Cassoli.
Uma instalação também reúne lado a lado exemplares de diversos tipos de rochas e minérios utilizados na construção, próximos a imagens deles sendo esculpidos in loco no início do Século XX.