A Família Franciscana prestou nesta quarta-feira, 6 de julho, a última homenagem ao Cardeal Dom Cláudio Hummes, na Celebração Eucarística, às 8h, a penúltima das missas de corpo presente do funeral de Dom Cláudio. Ele foi sepultado na cripta da Catedral da Sé, após a Missa de Encomendação, às 10h.
O Definidor Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel, representando o Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, que está em Roma, presidiu a Santa Missa, concelebrada pelos frades do Regional São Paulo.
Dom Cláudio faleceu, nesta segunda-feira (4/7) aos 87 anos (completaria 88 anos em 8 de agosto), em sua residência, na zona Sul de capital paulista, onde permanecia, a seu pedido, em cuidados paliativos após um quadro irreversível de câncer no pulmão. “Ao mesmo tempo que D. Odilo Scherer nos informava da páscoa de D. Cláudio, ele também nos convidava a elevar preces a Deus em agradecimento pela vida operosa do falecido Cardeal Hummes e sufrágio em seu favor, para que Deus o acolha e lhe dê a vida eterna, como acreditou e esperou. Sim, é o que nós queremos fazer nesta manhã nesta Celebração de despedida: Louvar e agradecer ao bom Deus, ao Altíssimo e Bom Senhor, como cantava São Francisco de Assis, a vida operosa de D. Cláudio Hummes”, disse Frei Fidêncio.
O ex-Ministro Provincial, Frei Fidêncio, recordou que D. Cláudio, com apenas 17 anos de idade, foi acolhido na Ordem dos Frades Menores pela Província Franciscana de São Francisco de Assis, no Rio Grande do Sul. “E, ao ser acolhido como frade menor, certamente, podemos dizer como Francisco reagia diante de um frade que entrava na vida franciscana. Francisco exultava de alegria, louvava a Deus porque estava dando a ele, e através da Ordem Franciscana, que se perpetua pelos séculos, um homem de grande valor. Deus estava dando um amigo fiel. Deus estava dando um companheiro necessário”, acrescentou o celebrante.
Segundo ele, essas “três belíssimas expressões” do biógrafo Tomás de Celano, que narra a vida de São Francisco de Assis, também se podiam aplicar nesta manhã para o dia em que Dom Cláudio entrou na Ordem Franciscana pela Província do Rio Grande do Sul. “Ao fazer a sua profissão religiosa, Deus estava oferecendo, através do jovem Dom Cláudio, um amigo fiel. Não só para nós, para os frades, mas um amigo fiel para toda a Igreja de Deus, onde D. Cláudio exerceu o seu pastoreio: Em Santo André, em Fortaleza, em São Paulo e em Roma. Sim, D. Cláudio se caracterizou exatamente como um amigo fiel das causas dos pobres, um amigo fiel de todas as lutas sociais, um amigo fiel do próprio Deus, o Deus da vida”, recordou Frei Fidêncio.
Para o frade, Francisco também se alegrava porque Deus tinha dado “um companheiro necessário”. “E Dom Cláudio não foi apenas companheiro necessário dos frades do Rio Grande do Sul, mas companheiro necessário de toda a Igreja de Deus. O companheiro necessário de todos que lutavam pela causa do Reino. Um companheiro necessário de todos os agentes pastorais, um companheiro necessário dos sacerdotes, principalmente quando presidia em Roma a Congregação para o Clero, um companheiro necessário para todos os bispos”, emendou.
“E Francisco também se alegrava quando chegava um irmão menor de tão grande valor. “E eu creio que todos nós podemos afirmar e reafirmar, nesta nossa celebração, deste homem de grande valor que Deus concedeu mais uma vez, não apenas para nós frades menores, para a Ordem Franciscana, mas para toda a Igreja de Deus. Um homem de valor porque sabia valorizar a sacralidade do ser humano. Um homem de grande valor, que no espírito de São Francisco, soube compreender e entender a sacralidade da criação divina. Quando ele poderia estar tranquilo, aposentado e viver no seu recanto, ele aceitou a grande missão de ser o porta-voz da Igreja da criação divina presente na grande Amazônia, a querida Amazônia”, observou o frade.
Frei Fidêncio agradeceu como Família Franciscana este homem, este companheiro, este amigo fiel. “E hoje, voltando-nos para Dom Cláudio, lembrando sobretudo das palavras que foram decisivas para o Pontificado do Papa Francisco, quando D. Cláudio, sentado ao lado do eleito Cardeal Jorge Mario Bergoglio, faz essa bela lembrança: ‘Por favor, não se esqueça dos pobres!’, cada um de nós vai orar e dizer a Dom Cláudio: Por favor, Dom Cláudio, da eternidade onde você está, junto de Deus, onde você vive a paz eterna, não se esqueça de olhar pelas causas do pobres, como irmão menor, companheiro e seguidor de São Francisco. Dom Cláudio, não se esqueça dos operários, daqueles que lutam por emprego, dos que lutam por uma causa justa, de uma vida digna. Dom Cláudio, não se esqueça dos pobres, não se esqueça da pobre Mãe Terra, que muitas vezes é vilipendiada, destruída. Não se esqueça da nossa querida Amazônia, um dos pulmões da humanidade. Não se esqueça dos operários que lutam e trabalham pela causa que você abraçou em Santo André, causa que você continuou a abraçar. D. Cláudio, não se esqueça das nossas pobres famílias de hoje, das sagradas famílias, que lutam, que trabalham, que esperam, que sonham, que choram“, pediu.
E concluiu: Nós queremos dizer simplesmente neste momento como ouvimos na primeira leitura de hoje: “A vida dos justos está nas mãos de Deus”. Que Deus acolha na eternidade este homem justo, este amigo fiel, este companheiro necessário que Deus nos deu.
Moacir Beggo para Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil