Famílias: chamadas à transmissão da vida e à defesa da dignidade humana

Este foi um dos destaques da live realizada na quinta-feira, 13, na programação arquidiocesana da Semana Nacional da Família, com exposições de Dom Sérgio de Deus Borges e do Padre José Eduardo de Oliveira e Silva

“Família e compromisso com a vida” foi o assunto em destaque na live realizada pela Pastoral Familiar e a Região Episcopal Santana na noite da quinta-feira, 13, como parte da programação arquidiocesana da Semana Nacional da Família, que continua até sábado, 15, com  o tema “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24,15).

Os expositores do encontro virtual foram Dom Sérgio de Deus Borges, Bispo de Foz do Iguaçu (PR) e especialista em Matrimônio e Família; e o Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco (SP), que é doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma. Também participaram como mediadores Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Santana, o Padre Eduardo Higashi, Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar nessa região episcopal, e outros membros desta Pastoral.

Compromissos elementares da família

A primeira exposição da noite foi feita por Dom Sérgio. Inicialmente, ele lembrou que o homem é chamado à plenitude de vida, o que contempla, em equilíbrio, sua própria existência terrena e a busca pela plenitude na vida eterna. “Esta vida não é a realidade última, é a realidade penúltima, pois a última é o céu, é a glória. Trata-se de uma realidade sagrada, pois a vida é sagrada, e nós somos chamado a guardá-la com muita responsabilidade e levá-la à perfeição do amor de Deus e no cuidado dos irmãos”, afirmou.

O Bispo de Foz do Iguaçu enfatizou que a vida se desenvolve, sobretudo, na família, e recordou que na exortação apostólica Familiaris consortio, São João Paulo II evidencia que a família é uma comunidade de pessoas; nela se dá o início da vida; é chamada à participação e desenvolvimento da sociedade; e à missão na Igreja. Também se ressalta o compromisso da família com a transmissão da vida e a educação para a vida.

“Com a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus, Ele coroa e leva a perfeição a obra de suas vidas, os chama a uma participação especial no seu amor e no seu poder de criador. Homem e mulher cooperam nesta grande missão de Deus, na participação da criação do amor de Deus e no seu amor como Pai. Eles são cooperadores em uma ação livre e responsável, transmitindo o dom da vida humana”, indicou Dom Sérgio, comentando, ainda, que “a fecundidade é o fruto e o sinal do amor conjugal, testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos”, que ao se unir em Matrimônio devem ter a disposição de colaborar com Deus na transmissão da vida.

Dom Sergio lembrou, ainda, que o compromisso com a vida também se dá por meio da educação que os pais proporcionam aos filhos. “O dever de educar mergulha nas raízes da vocação primordial dos cônjuges. Eles participam da obra de Deus e por isso têm o direito e o dever de educar seus filhos. Gerando os filhos no amor, eles também são chamados a educá-los para viver no meio deste mundo, para construir-se, edificar-se e cumprir a meta de viver bem a sua vocação”, afirmou, enfatizando que essa função primeira de pais e mães, pelo exemplo do amor, não deve ser substituída pelo Estado ou qualquer outra instituição.

Ainda de acordo com o Bispo, os pais são chamados a educar para os valores essenciais da vida humana, não importando as dificuldades que lhes sejam impostas pela dinâmica cotidiana: “Pais e mães precisam ajudar as crianças, os adolescentes e os jovens a redescobrir o respeito pela dignidade de cada pessoa, o cuidado sincero com todos. Precisamos ajudá-los a percorrer a senda do serviço para com os outros, com os pobres. A missão educativa dos pais se torna ministério, o sacramento do Matrimônio edifica uns aos outros”.

Dom Sergio indicou, ainda, que a família de estar engajada para a proteção da vida humana, diante de manifestações da cultura atual que propõem estilos contrários à natureza e à dignidade do ser humano.

“Nós, nessa realidade, como cristãos e como família, anunciamos o valor supremo de cada homem, de cada mulher, pois Criador, ao colocar tudo o que foi criado a serviço do ser humano, manifesta a dignidade da pessoa humana e convida a respeitar essa dignidade”, comentou o Bispo, exortando os cristãos a ser opor a ideologias que colocam em risco a vida e a dignidade das famílias, como as que de defendem o aborto e a eutanásia.

Por fim, Dom Sérgio comentou que a atual pandemia de COVID-19 fez com que as pessoas convivessem mais em família e, assim, redescobrissem o valor da Igreja doméstica e da força caridade que pode emanar em cada lar em favor dos que mais precisam.

Contra a cultura da morte

O segundo expositor da noite foi o Padre José Eduardo. Recordando a encíclica Evangelium vitae, de São João Paulo II, o Sacerdote ressaltou que a humanidade vive um combate entre os que defendem a cultura da morte e a cultura da vida.

Ele lembrou que desde os anos 1950, organizações internacionais têm patrocinado a cultura da morte, “um conjunto de saberes destinados a mexer na estrutura da sociedade para induzir a sociedade humana a práticas que são opostas ao surgimento da tutela da vida em qualquer de suas manifestações”. Uma primeira ação dos ideólogos desta campanha foi a esterilização de pessoas e a difusão de contraceptivos já naquela década. Tais organizações, segundo o Padre, perceberam que só essas ações não bastariam e passaram a disseminar campanhas em favor da legalização do aborto em todos os países.

“Há um relatório da Fundação Ford que explica como isso foi feito. No início, eles colocaram especialistas para estudar os melhores métodos de difusão desse tipo de consciência. Depois, as ONGs foram povoando a Organização das Nações Unidas, e já na década 1980, todos os países tinham um programa de controle da natalidade em suas políticas públicas”, exemplificou.

Padre José Eduardo ressaltou a firme posição de São Paulo II de se opor a qualquer forma de controle da natalidade, o que foi enfatizado pelo Pontífice com a publicação da encíclica Humanae vitae, em 1968.

Um disseminador da cultura da morte foi o sociólogo Kingsley Davi, que nos anos 1970 se empenhou em saberes científicos voltados a mexer na estrutura da família e nas normas sexuais. Em um artigo de 1997, este sociólogo escreveu: “nós temos que alterar a complementariedade entre homem e mulher. Esta complementariedade do homem que se sente atraído pela mulher e da mulher que responde a atração sexual e se casam e querem ter filhos é o fator que precisa ser mexido”, exemplificou.  

Padre José Eduardo ressaltou que São João Paulo II, ao longo de seu pontificado, também se opôs a todas as tentativas da cultura de morte, como o aborto, e também precisou lidar com o avanço mundial da ideologia de gênero, “ou seja, a ideia de que não existe a identidade em qualquer de suas manifestações”.

O Doutor em Teologia Moral alertou: “Está sendo criada uma nova antropologia, pela qual o homem é entendido apenas como uma força produtiva. Ele não tem dignidade, humanidade, vínculos familiares. Ele é apenas uma peça solta, cuja utilidade laboral é sua única razão de existir”.

Outro alerta do Padre são as sutilezas linguísticas que os adeptos da cultura da morte têm utilizado para impulsionar seus propósitos: “Agora, se valem de expressões como direitos sexuais reprodutivos, utilizam uma linguagem como proteção da vulnerabilidade, as vidas precárias que precisam ser viabilizadas, falam em termos poéticos de auto realização das pulsões intimas”.

Por fim, Padre José Eduardo disse que a cultura da morte avança na América Latina, por meio de representantes políticos e até nas instâncias supremas da Justiça, e fez um apelo às famílias: “A nossa responsabilidade é imensa. O Brasil é o maior país da América Latina, se a cultura da morte vencer aqui, vai começar uma cascata de aprovações e nós vamos começar uma nova antropologia no mundo. Não haverá mais nenhum impedimento para a cultura da morte, virá algo imprevisível em termos civilizatórios”.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

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PROGRAMAÇÃO CONTINUA ATÉ SÁBADO

As atividades arquidiocesanas da Semana Nacional da Família serão concluídas no sábado, dia 15. Além das lives às 20h, há a récita do Santo Terço às 15h. A cada dia, uma região episcopal da Arquidiocese se responsabiliza pela programação. Veja a seguir, as próximas lives temáticas.

Sexta-feira, 14/08  –  Região Episcopal Lapa:

20h – “Família e Matrimônio”

Participações:

*Padre Raimundo Rosimar, Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar;

*Ester e Sílvio dos Santos, casal coordenador do Setor pós-matrimonial da Arquidiocese de São Paulo;

*Chagas e Suely, casal coordenado;

*Célia e Devair, casal vice-coordenador da Pastoral Familiar da Região Episcopal Lapa.  *Dom José Benedito Cardoso,  Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa.

Sábado, 15/08  –  Região Episcopal Brasilândia:

20h – “Hora Santa da Família”

*Haverá a Adoração do Santíssimo, com a participação de famílias convidadas da Região Episcopal Brasilândia e será dirigida pelo Padre Marcio Diretor Espiritual da Pastoral Familiar e do ECC da Região Brasilândia.

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