Cultos religiosos e atividades comerciais com presença de pessoas já poderão ser realizados no domingo, 18, com restrições de 25% na ocupação dos ambientes
Na tarde desta sexta-feira, 16, o Governo do Estado de São Paulo anunciou uma fase de transição do Plano São Paulo, que entrará em vigor, gradualmente, a partir do domingo, 18, e perdurará pelos próximos 14 dias.
Na 1a semana, entre os dias 18 e 23, será permitida a retomada das atividades presenciais no comércio (incluindo os shoppings centers) entre 11h e 19h, bem como a volta dos cultos religiosos com a presença dos fiéis. Nos dois casos, porém, a ocupação dos ambientes estará limitada a 25% da capacidade total.
A partir da 2a semana, entre os dias 24 e 30 de abril, também passarão a ser permitidas algumas atividades de serviços, com as mesma limitações de público. Salões de beleza e barbearias, restaurantes e atividades culturais poderão ser realizadas no horário das 11h às 19h, o que inclui, também, a permissão para a reabertura de parques, clubes e museus. Já os bares ainda deverão permanecer fechados.
A partir do dia 24 também será permitida a retomada das atividades presenciais em academias, com funcionamento limitado das 7h às 11h e das 15h às 19h.
Durante esta fase de transição continuam mantidos o toque de recolher das 20h às 5h, o teletrabalho para atividades administrativas não essenciais e a recomendação do escalonamento de horário para a entrada e saída de funcionários nos setores da indústria (5h-7h e 14h-16h), comércio (7h-9h e 16h-18h) e serviços (9h-11h e 18h-20h).
Uma nova atualização do Plano São Paulo será anunciada em 1o de maio.
Justificativas
De acordo com o governo paulista, a adoção de uma fase de transição e não diretamente da fase laranja trará mais garantias de que a flexibilização ocorrerá no mesmo compasso da queda de novos casos de COVID-19, que tem sido verificada nas últimas duas semanas. “Não é hora de a população baixar a guarda com os cuidados contra a doença”, pediu o vice-governador Rodrigo Garcia ao anunciar as medidas.
“Conseguimos controlar o avanço da pandemia, mas os indicadores ainda estão em nível elevado. O Centro de Contingência entende que no mundo ideal o melhor seria o maior nível de restrição possível e a menor mobilidade das pessoas, mas vivemos no mundo real e entendemos que as medidas apontadas pelo governo agora permitem que alguns setores possam seguir caminhando, desde que mantendo um alto nível de isolamento. É preciso que continuemos com todas as medidas de proteção. Com os anúncios de hoje, não significa que já devemos ir para a rua. Temos que evitar exposição, de sair para lazer, pois a situação ainda é muito grave”, comentou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus.
O secretário de estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, apresentou dados sobre a queda nos índices de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para pacientes com a COVID-19: em 1o de abril, havia 13.120 pessoas com a doença nas UTIs, uma ocupação próxima a 93% da capacidade, hoje há 11.798 pacientes, cerca de 83% da ocupação. Ele apontou ainda que os dados parciais desta semana indicam uma queda de 10% no número de internações.
Menezes detalhou que desde a 2a quinzena de março tem sido verificada uma desaceleração de novos casos de COVID-19, fruto, em seu entender, da adoção das medidas mais restritivas das fases vermelha e emergencial do Plano São Paulo.
“Após duas semanas da fase vermelha, houve a redução progressiva de casos. Em 4 de abril, o número de pacientes ingressando nas UTIS era igual ao dos que saíam”, afirmou, detalhando que atualmente, em média, as UTIs estão com 140 pacientes a menos a cada dia. O governo assegura que manterá a atual quantidade leitos mesmo com a redução de novas internações.
Outro indicador é que há 14 dias, a média era de 500 internações a cada 100 mil habitantes, e hoje este indicador está em 465. Apesar da melhora, Menezes reiterou: “Continuamos com a alta transmissão do vírus e isso se reflete nas internações e nos óbitos”, afirmou, detalhando que as medidas de proteção já conhecidas devem ser mantidas: uso de máscara, higienização frequente das mãos e se evitar aglomerações.
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência, informou que, a partir do que tem sido registrado nos últimos dias, possivelmente amanhã, quando se encerrará esta semana epidemiológica, pela 1a vez após sete semanas, será verificada uma redução na quantidade de óbitos pela doença no estado de São Paulo.
Estoques mínimos de kit intubação
Jean Gorinchteyn comentou que o governo paulista aguarda para hoje a chegada de 440 mil kits de intubação, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde ontem, quantidade equivalente ao que está sendo consumido nos hospitais paulistas em 48 horas.
O secretário de estado da Saúde comentou que o governo paulista tem conseguido fazer pequenas aquisições dos medicamentos que compõem os kits e que já mudou protocolos para permitir o uso de outros que permitam manter os procedimentos de intubação dos pacientes. “Continuamos adquirindo pequenas quantidades de fornecedores e fazendo aloucamentos para os municípios que precisam”, afirmou.
Gorinchteyn voltou a criticar o fato de o Governo Federal, desde de março, ter requisitado que todos os estoques dos medicamentos do ‘kit intubação’ dos fabricantes nacionais sejam repassados ao Ministério da Saúde, que tem feito a distribuição aos hospitais públicos, filantrópicos e particulares.
Rodrigo Garcia assegurou que na rede própria de Saúde do estado de São Paulo tem sido possível garantir os estoques do ‘kits intubação’, mas que o governo estadual tem se preocupado com as demandas que também têm recebido das redes municipais, particular e dos hospitais filantrópicos.