‘Hoje já me sinto um paulistano’, diz Dom Odilo, prestes a completar 75 anos

Em entrevista ao programa ‘Construindo Cidadania’, da rádio 9 de Julho, Cardeal recordou alguns dos momentos marcantes dos seus 22 anos de episcopado. Ele é Arcebispo de São Paulo desde abril de 2007.

No próximo sábado, 21, às 12h, na Catedral da Sé, os fiéis e o clero da Arquidiocese de São Paulo participarão da missa de ação de graças a Deus pelos 75 anos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano.

Dom Odilo falou sobre os 75 anos de vida, 22 dos quais como bispo da Igreja, em entrevista ao programa Construindo Cidadania, da rádio 9 de Julho, apresentado pelo Padre Cido Pereira e por Cidinha Fernandes, ao vivo manhã da quinta-feira, 19, pelas mídias sociais da emissora. O programa também irá ao ar em 1.600 kHz e no site www.radio9dejulho.com.br, no sábado, 21, às 17h.

SENTIMENTOS NA CHEGADA A SÃO PAULO

Nascido em Cerro Largo (RS), em 21 de setembro de 1949, Dom Odilo foi ordenado padre em Toledo (PR) em 1976, e nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo por São João Paulo II em 28 de novembro de 2001. Ele recebeu a ordenação episcopal pela imposição das mãos do Cardeal Cláudio Hummes, em 2 de fevereiro de 2002.

Na entrevista, Dom Odilo disse que antes da nomeação ao episcopado pouco conhecia sobre São Paulo. “Pouco a pouco fui conhecendo esta cidade, que, no começo, assusta, mas depois muito atrai”, comentou, recordando o período em que foi Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana.

Dom Odilo revelou que ao ser nomeado Bispo Auxiliar conviveu com “um sentimento de pequenez” perante a grande missão que lhe foi confiada, mas, ao mesmo tempo, de gratidão – “o episcopado é uma grande graça e missão”e de reconforto, sabendo que Deus iria orientá-lo.

O COMEÇO COMO ARCEBISPO

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Dom Odilo era Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispo do Brasil (CNBB) quando, em 2007, o Papa Bento XVI o nomeou Arcebispo de São Paulo. Dias após tomar posse do ofício, em 29 de abril daquele ano, um de seus primeiros compromissos foi justamente o de receber o Pontífice em São Paulo, como parte da viagem apostólica que o Santo Padre fez ao Brasil no começo de maio.

“Eu estava apenas chegando. Fui o anfitrião, mas tudo estava preparado antes. De todo modo, foi o primeiro grande desafio – receber o Papa em São Paulo –, mas a primeira grande experiência. Foi, na verdade, um presente”, recordou.

Dom Odilo destacou que ao longo do tempo percebeu ser preciso abraçar São Paulo, entendê-la, “revestir-se da cidade e da Igreja na cidade” para ser seu pastor, algo que, afirmou, fez com coragem e confiança, tendo como inspiração seus antecessores e olhando para os desafios presentes postos à Igreja em São Paulo.

“Este entrar na cidade é um entrar físico também, um contato físico com a sua realidade – humana, econômica, social, política e cultural. A gente aprende todos os dias em São Paulo, mas devo dizer que hoje já me sinto um paulistano, como tantas outras pessoas que não nasceram aqui, mas aqui botaram o pé, se entrosaram, e assumiram a sua parte e sua missão na cidade”, destacou.

RELAÇÃO COM O CLERO, BISPOS E AUTORIDADES

Dom Odilo comentou que durante todos estes anos como Arcebispo sempre manteve proximidade com o clero, seja com os padres diocesanos – pouco mais de 400 atualmente –, seja com os pertencentes a congregações e institutos.

“O clero de São Paulo é muito generoso. Aqui o trabalho é árido, São Paulo tem uma realidade humana e cultural muito diversa”, observou.

O Arcebispo lembrou ainda que o clero arquidiocesano é muito eclético, de diferentes experiências formativas, e que até por isso a Arquidiocese tem se empenhado em promover um trabalho vocacional para que provenham vocacionados ao sacerdócio das próprias paróquias e comunidades da Arquidiocese. 

Dom Odilo lembrou, ainda, da relação amistosa com os bispos auxiliares, sem os quais, segundo ele – “o Arcebispo não daria conta do volume de trabalhos a realizar em São Paulo” – bem como com Dom Cláudio Hummes e Dom Paulo Evaristo Arns, que o precederam e que tiveram grande consideração por ele até o fim de suas vidas – o Cardeal Hummes faleceu em 2016 e o Cardeal Hummes em 2022.

Ainda de acordo com Dom Odilo, ao longo deste anos sempre foi possível manter um relacionamento “franco, claro e institucional com todas as autoridades de São Paulo”, mas sem deixar de apresentar a posição da Igreja perante os problemas da cidade e, ao mesmo tempo, colocando-se à disposição para ajudar.

CONGRESSO DE LEIGOS E 1º SÍNODO ARQUIDIOCESANO

Durante a entrevista, o Arcebispo também comentou sobre duas iniciativas realizadas ao longo deste período como Arcebispo: o 1º Congresso de Leigos, em 2010, e o 1º sínodo arquidiocesano (2017-2023).

Sobre o Congresso, Dom Odilo comentou que tal iniciativa destacou o papel dos leigos como membros vivos da Igreja não apenas no interior dos templos, mas principalmente nas múltiplas realidades, tendo a missão de serem “testemunhas do Evangelho no mundo”.

A respeito do 1º sínodo, Dom Odilo lembrou que a inspiração para fazê-lo veio das assembleias do Sínodo dos Bispos das quais participou, e a partir da necessidade que o Papa Francisco tem dito sobre uma Igreja mais sinodal, em que todos os batizados assumam responsabilidades e não somente o clero.

Um dos frutos do 1º sínodo foi a reorganização pastoral e administrativa da Arquidiocese, que envolve, por exemplo, a criação dos Vicariatos Episcopais para a Caridade Social e para a Pastoral da Saúde e os decanatos nas regiões episcopais. A respeito desta reorganização, o Arcebispo disse que ela permite às pessoas ter a percepção do todo e que percebam o porquê e o para quê da existência das estruturas da Igreja.

“Toda a vida e ação da Igreja tem que estar orientada segundo aquilo que é a finalidade da existência da Igreja: o anúncio do Evangelho, a glorificação de Deus e a santificação do homem, e o testemunho do Evangelho e do reino de Deus no mundo”, explicou.

UMA GRANDE COMUNIDADE ECLESIAL

Ao final da entrevista, Dom Odilo enfatizou que a Igreja sempre deve ser entendida como o povo de Deus reunido em torno da Eucaristia e da Palavra de Deus, e enviado para o meio do mundo para testemunhar o Evangelho, e que a Arquidiocese se constitui como uma grande comunidade eclesial, formada por pequenas comunidades, seja na perspectiva geográfica, seja por comunidades religiosas.

“E cada comunidade tem a sua importância com as suas múltiplas expressões diferentes, seus carismas diferentes. No fundo, é isso que o Papa fala com a proposta da Igreja mais sinodal”, concluiu.

ASSISTA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

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