Ao menos 61 pessoas morreram com a doença este ano no Brasil, a maioria no Estado de São Paulo. Combater os criadouros do mosquito Aedes Aegypti continua a ser a ação mais eficaz
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Após encerrar o ano de 2024 com o recorde de 6,62 milhões de casos prováveis de dengue e 6.103 mortes confirmadas, o Brasil continua em alerta para a incidência dessa doença viral transmitida aos humanos pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Conforme o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, ao menos 61 pessoas morreram em decorrência da dengue no Brasil do começo do ano até a quinta-feira, 6, e outros 259 óbitos estão em investigação. Das mortes confirmadas pela doença, 47 ocorreram no estado de São Paulo, que também concentra a maioria dos casos prováveis – 132 mil dos 226,4 mil registrados no País.
Na capital paulista, até o encerramento da quinta semana epidemiológica, em 3 de fevereiro, não havia registros de mortes por dengue, mas 1.881 casos foram confirmados, número inferior aos 10.777 em igual período do ano passado, mas não menos preocupante, uma vez que se vive uma época de temperaturas elevadas e de chuvas mais intensas, que potencializam a formação de criadouros do Aedes aegypti e sua proliferação.
RISCO MAIOR COM A CIRCULAÇÃO DO SOROTIPO 3
Existem quatro sorotipos do vírus da dengue – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A pessoa que se infecta com um deles não adquire imunidade contra os demais. Em 2023, foi mapeada a reintrodução do DENV-3 (sorotipo 3), que desde 2016 tinha baixa predominância no Brasil.
As autoridades em saúde têm alertado que se o sorotipo 3 se tornar o predominante em circulação, encontrará um número maior de pessoas não imunes a ele, o que poderá levar a um aumento exponencial de casos.
“Estudos apoiados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) não sugerem que a dengue tipo 3 seja mais grave. No entanto, quando o indivíduo é infectado por outros sorotipos, como o DENV-1, e logo depois pelo DENV-3, a gravidade do caso pode aumentar”, alerta a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.
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POLÍTICAS PÚBLICAS CONTRA O AEDES AEGYPTI
Em 23 de janeiro, o governo paulista anunciou a criação do Centro de Operações de Emergências (COE) de combate ao Aedes aegypti, envolvendo as Secretarias da Saúde, Comunicação, Segurança Pública, Educação, Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Desenvolvimento Social, Casa Civil, Casa Militar/Defesa Civil, além do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo e o Exército. O Executivo paulista também anunciou investimentos de R$ 228 milhões para ações contra as arboviroses, com foco no combate à dengue.
Em nota ao O SÃO PAULO, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) da capital paulista informou que a Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa) “intensificou o combate ao mosquito da dengue no ano passado, com mais de 11 milhões de ações, e permanece com as medidas para o controle e prevenção em 2025. São ações rotineiras das equipes das 28 unidades de Vigilância em Saúde (Uvis) visitando nas casas, além de ações de nebulização, eliminação de criadouros e aplicação de larvicidas em pontos estratégicos”.
Ainda de acordo com a pasta, “também são realizadas ações educativas para a população e bloqueio de transmissão, o que inclui o uso de drones para aplicar larvicida em locais de difícil acesso. Durante a sazonalidade de 2024, a SMS também ampliou de 2 mil para 12 mil o número de agentes em campo e aumentou a frota de veículos para o transporte dos agentes de controle de endemias e de conjuntos nebulizadores (caminhonete e equipamento de nebulização veicular)”.
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JÁ HÁ VACINA, MAS NÃO PARA TODOS
Em 1,9 mil cidades do Brasil, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos já podem se vacinar contra a dengue, com o imunizante Qdenga, aplicado em duas doses, com intervalo de 90 dias, mas a adesão à vacinação tem sido baixa.
Segundo a SMS, “de abril de 2024 até o momento, foram aplicadas 384.960 doses de vacinas na capital, sendo 251.823 da primeira dose (D1) e 133.137 da segunda dose (D2)”. Considerando que cerca de 600 mil pessoas nessa faixa etária já poderiam ter se vacinado, apenas 22% do público elegível completou o ciclo vacinal na capital paulista.
“O Programa Municipal de Imunizações (PMI) continua realizando busca ativa por meio de visitas domiciliares feitas pelas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), ligações telefônicas, envio de SMS e com a estratégia ‘Vacinação nas Férias 2025’”, assegurou a SMS.
Em 27 de janeiro, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) reforçou o apelo para que o público de 10 a 14 anos se vacine contra a dengue: “Somente 53% das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde desde fevereiro do ano passado foram utilizadas. Além disso, entre os que se vacinaram, 59% não retornaram para receber a segunda dose”.
Nos próximos meses, um novo imunizante contra a dengue, a vacina Butantan-DV, deve começar a ser distribuída em todo o Brasil, mas o Ministério da Saúde não prevê que haja quantidade suficiente para uma vacinação em massa neste ano. De dose única, a vacina produzida pelo Instituto Butantan só poderá ser incorporada ao Programa Nacional de Imunizações após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e posterior submissão à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Sistema Único de Saúde. Não há prazos para a conclusão desses trâmites.
COMBATER OS CRIADOUROS É A SOLUÇÃO
Individualmente e em comunidade, todos podem agir para verificar se na própria residência, em espaços coletivos (como clubes e igrejas) ou em locais públicos (praças, parques, calçadas e pontos viciados de descarte de entulho), há espaços ou recipientes com água acumulada com as larvas do mosquito, tais como:
- Ralos
- Calhas e canaletas do telhado entupidos;
- Pratinhos de vasos de plantas;
- Caixas d’água descobertas ou com tampa quebrada;
- Vasos sanitários à parte da alvenaria principal da casa;
- Piscinas ou fontes ornamentais;
- Lajes sem cobertura;
- Ambientes com materiais descartados, como latas, garrafas PET, pneus e tampinhas;
- Recipientes para alimentação ou hidratação de animais domésticos
Na capital paulista, é possível denunciar locais onde há criadouros do mosquito Aedes aegypti, por meio dos seguintes canais:
Telefone: 156
Chat SP 156 (WhatsApp): (11) 3230-5156
Site: https://sp156.prefeitura.sp.gov.br
*Clique na aba “Foco de dengue – Solicitar vistoria de local com água parada”.
QUANDO BUSCAR ATENDIMENTO MÉDICO?
O sintoma característico da dengue é a febre alta (acima de 38ºC), que se inicia repentinamente e dura de dois a sete dias. Entretanto, o diagnóstico da doença ocorre quando há também ao menos dois destes sintomas: cefaleia, dor nas articulações, dor muscular, dor atrás dos olhos, dor abdominal, náuseas e manchas na pele. Diante dessas condições, já é recomendável que se procure o serviço de saúde.
A pessoa deve buscar atendimento médico IMEDIATAMENTE se além da febre alta apresentar um destes sintomas: dor abdominal intensa e contínua, vômito persistente, sangramento de nariz e gengivas, sonolência ou irritabilidade e tontura.
Em caso de suspeita de dengue, JAMAIS se automedique com anti-inflamatórios, como o ibuprofeno, pois estes podem piorar a função renal, ou com o ácido acetilsalicílico (AAS), que aumenta o risco de sangramento, podendo levar à dengue hemorrágica.