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Na rádio 9 de Julho, Dom Odilo comenta sobre a nova exortação apostólica do Papa Leão XIV

“A exortação apostólica Dilexi te recorda claramente aquilo que é o fundamental e o eclesial: cuidar dos pobres, estar atentos aos pobres nas suas diversas situações e necessidades é papel da Igreja”, assim ressaltou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, em entrevista à rádio 9 de Julho

Na manhã da sexta-feira, 17, o Arcebispo Metropolitano foi entrevistado pelos comunicadores Padre Cido Pereira e Patrícia Diniz no Construindo Cidadania, durante o programa Bom Dia, Povo de Deus.  

A NATUREZA DE UMA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA

Inicialmente, Dom Odilo explicou que a Dilexi te, publicada pelo Papa Leão XIV em 9 de outubro, trata-se de uma exortação apostólica, que difere de uma encíclica, ambas, porém, documentos pontifícios. 

“A encíclica é um texto doutrinal, em que temos um tema condensado com linhas de doutrina do Magistério da Igreja. Uma exortação apostólica também tem elementos da doutrina, mas ela mais se parece com uma grande homilia, é diretamente dirigida aos fiéis, enquanto uma encíclica é dirigida a todas as pessoas, independentemente de serem cristãs ou não cristãs. Nesta exortação apostólica, portanto, o Papa está exortando a estarmos atentos, a cuidar dos pobres, a usar de todas as formas a caridade para com os pobres”, detalhou.

Dom Odilo também explicou que pela própria natureza de uma exortação apostólica, o Papa menciona algumas questões, mas não as aprofunda, sendo como que luzes lançadas para que se façam reflexões posteriores: “O Papa não faz um tratado completo com todos os argumentos. Isso não cabe em uma exortação apostólica. Ele sinaliza, e agora cabe ao campo da Teologia, aos investigadores e aos que, de fato, têm o desejo de estudar o tema, o papel de entrar nos pormenores de análises”. 

CUIDAR DOS POBRES NÃO É IDEOLOGIA

Dom Odilo ressaltou que na exortação apostólica o Papa Leão XIV sublinha que a atenção aos pobres é algo permanente na história da Igreja, como se pode atestar já desde os relatos do Antigo Testamento, nos quais “Deus mostra um amor preferencial pelos pobres e Jesus continua nessa linha muito claramente e a entrega aos cristãos”.

“Ao longo de toda a história da Igreja, nós temos esse testemunho do cuidado dos pobres. Também hoje, há muitas instituições e organizações voltadas para os pobres, doentes, pessoas com deficiência, encarcerados, algumas atéseculares que continuam a existir, adequando-se às situações atuais”, detalhou, destacando que na exortação apostólica Leão XIV busca sublinhar que a caridade da Igreja com os pobres não é algo recente e que o chamado para fazê-la é para todos, e não só a alguns grupos ou correntes ideológicas. 

Dom Odilo comentou, ainda, que no documento Leão XIV enfatiza que ninguém deseja viver na pobreza – “não é da vontade de Deus que existam tantos pobres e miseráveis” –, mas que há todo um contexto de poder e de busca de privilégios por alguns que leva a muitas pessoas a tal condição.

“O Papa diz que nós, cristãos, católicos, podemos ser também tentados por essa ideologia, esse pensamento mundano – retomando as palavras do Papa Francisco – nós podemos ser invadidos por uma mentalidade mundana em vez de estarmos fermentando o mundo com a mentalidade do Evangelho. Leão XIV, portanto, chama a atenção para que nós, como membros da Igreja, cristãos, não nos deixemos permear por uma mentalidade contrária ao Evangelho, mas que mantenhamos os pés firmes no Evangelho”, sublinhou o Arcebispo. 

COMPROMISSO DE TODOS OS CRISTÃOS

Dom Odilo ressaltou que na exortação apostólica, Leão XIV lembra que a Igreja e os cristãos como um todo têm o dever de cuidar dos pobres, de estar atentos às suas condições de vida e necessidades.

Ele também sublinhou que este é um compromisso a ser assumido pelos políticos católicos: “No desempenho do seu papel político, nas suas competências próprias, eles deveriam primar pela atenção aos pobres, aos mais necessitados da sociedade, por meio de propostas sociais, econômicas eadministrativas, a partir dos fundamentos cristãos”.

O Arcebispo comentou, ainda, que em todos os âmbitos de suas vidas, os leigos cristãos – “missionários do Evangelho” – devem agir em favor dos mais pobres, “levar essa preocupação, essa mentalidade que brota do Evangelho para ajudar que isso permeie a sociedade e a vida pública”. 

LER O DOCUMENTO E NÃO APENAS FRAGMENTOS

Dom Odilo recomendou que os católicos e todas as pessoas de boa vontade tenham contato com a íntegra da exortação apostólica Dilexi te, lendo-a aos poucos a cada dia, ou consultando materiais confiáveis a respeito, mencionando como um destes o recente Caderno Fé e Cidadania do O SÃO PAULO sobre o documento. 

“Muitas vezes, nós nos contentamos, com as manchetes, mas eu convido a todos os ouvintes e internautas a lerem toda a exortação apostólica, é fácil de encontrar e baixar o texto digitalmente. Ler e conhecê-la é necessário, senão ficamos apenas nos chavões genéricos e não saímos do lugar. Vamos ao ponto! Não é longo, não é difícil”, motivou.

O Arcebispo também recomendou que os agentes das pastorais, organismos e movimentos eclesiais que atuam na caridade social leiam o documento para ter ampla ciência sobre a palavra da Igreja acerca dos trabalhos que fazem: “A exortação apostólica dá um respaldo, uma força iluminadora ao trabalho de todos. Ela oferece a base sólida para o trabalho social e a caridade social. E se a gente não a entende pelo lado da fé, somos levados depois pela ideologia e acabamos fazendo violência, que é algo contrário à caridade”.

Dom Odilo também recomendou que na semana que antecede o Dia Mundial dos Pobres, em 16 de novembro, haja um amplo trabalho de divulgação e de reflexão sobre o conteúdo da exortação apostólica Dilexi te

COLETA MISSIONÁRIA

Na conclusão da entrevista, o Arcebispo de São Paulo fez um pedido especial aos fiéis: que participem da Coleta Missionária, que será realizada em todas as paróquias e comunidades no domingo, 19 – Dia Mundial das Missões – e já nas missas vespertinas do sábado, 18. 

“Nós somos uma igreja missionária. Portanto, este é o momento de tomarmos essa consciência da Igreja em saída, de discípulos missionários. A coleta é um gesto concreto em favor das missões. O trabalho missionário custa. Os missionários vão para outros países, trabalham em frentes missionárias em que quase não podem contar com recursos locais. O trabalho deles e suasiniciativas são sustentadas por esta coleta que se faz nas igrejas católicas de todo o mundo. Peço, então, esse gesto generoso para a coleta em favor das missões”, disse, recomendando aos pais que também envolvam as crianças nesse processo.

“Pais, avós, deem um dinheirinho na mão das crianças, coloquem no envelopinho e expliquem a elas que vão entregá-lo para a ajudar o padre, a irmã que está lá cuidando de crianças pobres em outro lugar. As crianças vão fazer isso alegres e aprenderão o sentido”.

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