Peregrinação Jubilar à Catedral da Sé organizada pelo Vicariato Episcopal da Caridade Social e a Comissão Testemunho e Serviço da Caridade teve missa presidida por Dom Odilo

Tendo à frente a cruz peregrina e banners de santos que fizeram de suas vidas um testemunho de amor ao próximo – como São João Bosco, Santa Dulce dos Pobres, Santa Teresa de Calcutá, Santa Paulina, Santa Josefina Bakhita, São Vicente de Paulo, São Francisco de Assis, São Maximiliano Kolbe, entre outros –, os membros de pastorais, associações, movimentos e organizações da sociedade civil que atuam em favor dos pobres realizaram peregrinação jubilar à Catedral da Sé, na tarde do sábado, 15.
A ‘Peregrinação dos Pobres’, organizada pelo Vicariato Episcopal da Caridade Social e a Comissão Testemunho e Serviço da Caridade da Arquidiocese de São Paulo, partiu do Pateo do Collegio e percorreu as ruas laterais à Praça da Sé, com paradas para reflexões sobre as dimensões assistencial, promocional e transformadora da caridade, reforçando a atenção permanente da Igreja aos mais vulneráveis e a necessidade de políticas públicas que incidam positivamente em favor dos pobres em áreas como saúde, educação, trabalho e meio ambiente. “A caridade é viver o Evangelho na prática, com atitude e esperança”, foi uma das frases ditas em coro pelos peregrinos.

AS 3 DIMENSÕES DO AGIR CARITATIVO
Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cônego José Renato Ferreira, Coordenador da Comissão Arquidiocesana do Testemunho e Serviço da Caridade, detalhou que as três dimensões da caridade se complementam.
“Não há uma mais importante do que a outra: temos de socorrer as pessoas no imediato da vida, caridade assistencial; também criar condições para que não fiquem em uma eterna dependência, para que sejam protagonistas da própria libertação, caridade promocional; e trabalharmos para mudar as estruturas da sociedade na busca de justiça e dignidade de vida, dimensão transformadora”, disse o Cônego, destacando que a atenção aos pobres é parte da identidade da Igreja e que eles não devem ser vistos como um objeto de assistência, mas sim como “pessoas, a face sofrida do Cristo”.
Também integrante desta Comissão, Frei Marx Rodrigues dos Reis, OFM, comentou que os pobres muito têm a ensinar sobre a esperança cristã: “Quem vive nas calçadas e não sabe se terá comida amanhã, entende o que é acreditar na Providência divina. Também podemos olhar para os pobres e perceber que Deus veio ao nosso encontro de forma muito simples. Foi pobre como nós e assim indicou que o caminho na construção do Reino se faz, necessariamente, ao lado dos pobres”.

PEREGRINOS NO ANO JUBILAR
Nas escadarias da Catedral da Sé, os peregrinos foram acolhidos pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, e no interior do templo participaram dos ritos próprios deste Jubileu, tomando ciência sobre o significado das indulgências e as condições para recebê-las, e sobre o sentido da esperança cristã, conforme refletiram ao lerem a carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,5-11) e um trecho da bula Spes non confundit, pela qual o Papa Francisco proclamou este Jubileu.
Os peregrinos também realizaram a contemplação à cruz jubilar. “Na cruz, Deus nos deu a prova do Seu amor e, por isso, ela é também sinal de esperança. Se Deus nos amou tanto assim, podemos esperar no Deus que é fiel em suas palavras, em suas promessas”, disse o Arcebispo.
“Seja este um momento de louvor a Deus, de adorá-Lo, e, também, de intercessão pelos muitos pobres que hoje não estão aqui, para que recebam os frutos da esperança. Que nossa Igreja seja rica em iniciativas de caridade”, exortou Dom Odilo no começo da missa, destacando que Jesus deixou como legado à Igreja a missão de cuidar dos pobres.

A FORÇA DA CARIDADE ORGANIZADA
Na homilia, o Arcebispo recordou que ao criar o Dia Mundial dos Pobres, cuja primeira edição ocorreu em 2017, o Papa Francisco desejou trazer para o centro das preocupações da Igreja e da sociedade a atenção aos mais pobres.
Dom Odilo lembrou que a caridade organizada “tem a grande força de agregar esforços, iniciativas e ações de muitas pessoas que talvez, sozinhas, não se sentiriam nem motivadas, nem saberiam como fazer a caridade”; e ressaltou que a caridade assistencial, que ajuda a suprir as necessidades imediatas, não se dissocia da caridade promocional, que busca fazer com as pessoas se libertem de sua condição de pobreza e possam viver dignamente.

AJUDÁ-LOS A SE APROXIMAR DE DEUS
Ao recordar a mensagem do Papa Leão XIV para o 9º Dia Mundial dos Pobres, celebrado no domingo, 16, com o tema “Tu és a minha esperança” (Sl 71,5), Dom Odilo enfatizou que também é missão da Igreja proporcionar que os pobres conheçam a Deus.
“Seria uma grande falha da nossa ação caritativa se não ajudássemos os pobres a se aproximarem de Deus, se eles não fossem evangelizados, pois lhes tiraríamos a possibilidade de poderem clamar a Deus. O pobre clama a Deus, e, também, a nós. Seu clamor ouvido por nós é sinal da presença e da ação de Deus junto dos pobres. E Jesus deixou claro que aquilo que fazemos para os pobres é como feito a Ele e terá Sua grande recompensa na vida eterna”, comentou Dom Odilo.
“Nesta peregrinação, gostaria que todos levassem no coração esta motivação e esta certeza: vale a pena estar do lado dos pobres e continuar a fazer a caridade das mais diversas formas, pois estar com eles é sinal da compaixão de Deus para com todos”, enfatizou.
Após a homilia, os peregrinos realizam a renovação das promessas batismais; e antes da bênção final veneraram a imagem da Virgem Maria e rezaram a Oração do Jubileu.

ESTAR COM OS POBRES
Na conclusão da missa, Dom Odilo recordou que o Vicariato Episcopal da Caridade Social tem contatado as paróquias e as demais organizações da Igreja em São Paulo para mapear as ações caritativas que realizam, a fim de que se tornem amplamente conhecidas e para motivar que aquelas que não promovem a caridade organizada comecem a fazê-lo.
O Arcebispo também recomendou que todas as pastorais, movimentos e grupos que já atuam com os pobres os convidem a ir a uma igreja, para com eles rezar, falar-lhes sobre a esperança, “para que tenham o encontro pessoal com Deus e, também, vivam a graça deste Jubileu”.
Em entrevista à reportagem, Cônego Marcelo Monge, Vigário Episcopal da Caridade Social, destacou que a grande participação dos grupos e pastorais na peregrinação ajudou a demarcar o reconhecimento pelo primeiro ano de trabalhos deste Vicariato, além de indicar que as pessoas que atuam com os pobres estão sedentas de momentos de encontro em que percebam que a ação caritativa que realizam não é isolada e que há dificuldades comuns.
O Sacerdote disse ainda que o Vicariato tem estimulado a realização de retiros para os responsáveis pela caridade organizada. “As pessoas que fazem a caridade também precisam ser alimentadas pela Palavra, pelo espírito”, assegurou, apontando que os santos que se dedicaram aos pobres inspiram as ações caritativas no presente: “Hoje, nós também buscamos viver a santidade, com gestos que deixam marcas de caridade, amor e justiça”.







