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‘O Filho de Deus veio ao nosso encontro para nos dar coragem’

Afirmou o Cardeal Scherer na celebração da missa do Dia de Natal no Arsenal da Esperança

Fotos: Fernando Arthur/Comunicação ArquiSP

“Hoje queremos colocarmo-nos diante Dele para dizer muito obrigado porque você veio, manifestou a bondade, o perdão e a misericórdia de Deus para todos nós. Jesus, muito obrigado porque você nos dá a esperança, veio e se fez pequenino para que todos possamos nos aproximar de você”.

Assim o Cardeal Odilo Pedro Scherer iniciou a Missa do Dia do Natal, na tarde da quinta-feira, 25 de dezembro, no Arsenal da Esperança, na Mooca, mantido desde 1996 pela comunidade missionária SERMIG – Fraternidade da Esperança, e que acolhe diariamente 1,2 mil homens que antes estavam em situação de rua por razões diversas, como o abandono das famílias, vícios ou falta de condições financeiras para uma moradia digna.

Entre eles, o Menino Jesus nasceu e foi solenemente celebrado na missa solene, concelebrada pelo Padre Simone Bernardi, responsável pelo Arsenal da Esperança. Também participaram os voluntários e colaboradores da instituição e o Padre Lorenzo Nacheli, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, da Região Belém. Ao final, os acolhidos receberem presentes natalinos.

Dom Odilo, no começo da homilia, agradeceu o empenho dos missionários da Fraternidade da Esperança e dos benfeitores em manter o Arsenal da Esperança.

“Arsenal, em português, significa um lugar onde se guardam armas, material de guerra, munições, mas aqui não há armas, nem munição. O arsenal aqui é da esperança, da bondade, da acolhida, para que todos aqui possam experimentar não a violência, não a rejeição, não o aumento do sofrimento e da dor, mas sim algo diferente que os ajude, que lhes dê sustento, que lhes dê esperança”, ressaltou o Arcebispo Metropolitano.

UM GRANDE PRESENTE À HUMANIDADE

Dom Odilo enfatizou que no Natal se celebra o fato extraordinário do nascimento de Jesus, já que Deus envia ao mundo seu próprio Filho, sendo, por isso, uma grande ocasião de “louvor, adoração e gratidão”, que deve ser comemorada não apenas com festividades sociais, mas também com ações caritativas em favor dos mais vulneráveis.

“No Natal, nós lembramos que o Filho de Deus veio ao mundo como um grande presente para nós, um grande presente para a humanidade. Deus Pai enviou o Seu Filho porque nos ama, porque nos quer bem, e por isso mesmo nós o acolhemos com fé, com alegria, e partilhando com os outros a solidariedade, a caridade, o acolhimento, enfim, o bem querer que Ele nos ensinou e que trouxe ao mundo”, enfatizou.

Dom Odilo lembrou que o Natal também é a festa da fraternidade universal, pois “o Filho de Deus veio ao mundo para fazer com que todas as pessoas sejam uma grande família de irmãos. Jesus que se fez irmão de todos, quer nos conduzir para a casa do Pai”.

ESPERANÇA E CORAGEM

Ainda na homilia, o Arcebispo de São Paulo sublinhou que o Natal a todos abre um caminho de esperança, já que também anuncia que a vida humana não se resume à vivência na terra, mas se dará em plenitude na vida eterna.

“Quem de nós não deseja viver? Queremos viver, mas sabemos que a nossa vida aqui é curta, mas Deus tem mais vida para nos dar. Jesus disse ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida, quem me segue, terá vida plena’. Ele veio para nos dar vida”, enfatizou o Arcebispo, recordando que Jesus sofreu as realidades humanas para ao final dar esperança a todos.

Dom Odilo comentou, ainda, que o Jubileu 2025 – que se aproxima de seu término – trouxe justamente este chamado a reviver a esperança, enfatizando que a humanidade não caminha sozinha.

“Cristo veio para nos dizer que é possível, para nos dar a mão estendida, a fim de que consigamos superar os nossos limites, as nossas dificuldades, até mesmo os nossos erros, para, assim, conseguirmos nos levantar. Deus olha para cada um de nós com muito amor para nos dar esperança. Em nenhuma circunstância na vida devemos dizer ‘não posso mais, não consigo mais, não adianta’. Muitas vezes, nós somos levados a desanimar, mas o Filho de Deus veio ao nosso encontro para nos dar coragem”, enfatizou.

DEUS SE FEZ UM DE NÓS

O Arcebispo Metropolitano lembrou, ainda, que o Natal traz sempre a boa notícia de que Aquele que viu a Deus Pai face a face foi enviado para anunciá-Lo à humanidade: “Deus olhou para nós com amor, Ele nos amou profundamente, nos ama também hoje, constantemente. Nós que não estivemos lá no nascimento de Jesus, hoje podemos acolher esta boa notícia”.

Este grande amor de Deus em relação a cada pessoa aponta que a dignidade de todo o ser humano deve ser respeitada: “Cada um de vocês diga para si, ‘eu tenho uma dignidade muito grande, Deus me ama, Deus me conhece, sabe o meu nome, sabe quem eu sou, sabe a minha situação’. E porque Deus nos ama, Ele enviou seu filho a nós, para que fosse como nós, verdadeiramente humano. Ele assumiu nossa carne, a nossa condição humana. Jesus foi pequenino, criança, teve fome, sede, sentiu frio, sentiu dor. Ele sentiu alegria, foi amado, teve afeto, mas também sentiu o desprezo, a calúnia, a indiferença. Ele assumiu tudo o que é nosso, para dizer que na condição em que nos encontramos, Deus nos ama e é possível que sintamos o grande valor que Ele nos dá”.

MÃOS ESTENDIDAS AO PRÓXIMO

No término da homilia, Dom Odilo exortou que todas as pessoas no dia de Natal pensem naqueles que não têm família ou que vivem isolados e abandonados.

“Aqui vocês encontram acolhida, mas quantos outros não encontram uma mão estendida? No Dia de Natal, devemos pensar no outro, no irmão, e na irmã, que tem grande valor perante Deus e, por isso mesmo, também deve ter grande valor perante meus olhos”, disse, desejando que todos que atuam no Arsenal continuem firmes na missão que realizam, pois encontrarão recompensa em Deus pelo bem que realizam ao próximo.

Antes da conclusão da missa, o Padre Simone Bernardi agradeceu o Arcebispo por a cada ano celebrar o Natal no Arsenal da Esperança: “Isso nos ajuda sempre a sentir que não estamos sozinhos, e para que tenhamos coragem para levar adiante esta caminhada. Sempre falamos que se trata de uma responsabilidade grande, e o Arsenal da Esperança caminha no dia a dia graças à colaboração de cada um. Fazemos sempre uma escolha de querer conviver”.

Por fim, Dom Odilo ressaltou que neste Arsenal “sempre há quem tenha muita ‘munição de esperança’ para dar a vocês, há todo este povo dedicado aos trabalhos, benfeitores e apoiadores, a generosidade de muitas mãos”. Lembrou, ainda, que ao promulgar este Ano Jubilar, o falecido Papa Francisco afirmou que o mundo precisa muito de esperança, “e nós, da Igreja, devemos ajudar a dar sinais de esperança, como se faz aqui. Coragem a todos, e quando faltar esperança, volte aqui e a reabasteça também na oração, no encontro com Deus, na escuta da Palavra, tudo isso alimenta e fortalece a nossa esperança”.

(Colaborou: Fernando Arthur)

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