Papa: sonho com uma comunicação com holofotes acesos sobre os últimos

Na audiência da plenária do Dicastério para a Comunicação, Francisco traça “o perfil do bom comunicador”, recordando os princípios de verdade, justiça e paz. Uma comunicação “apaixonada, curiosa e competente” é o “sonho” do Papa: uma narração além de slogans, “de coração a coração”, com os holofotes voltados para os últimos e as vítimas de guerra. No mundo digital, o convite não é para “substituir” o encontro real, desenvolvendo a criatividade.

Vatican Media

O chamado é para uma tarefa “grande e entusiasmante”, que é ao mesmo tempo “vocação e missão”: é a mensagem que o Papa Francisco dirige aos cerca de 300 participantes da assembleia plenária do Dicastério para a Comunicação, dirigida pelo prefeito Paolo Ruffini e recebida na manhã desta quinta-feira, 31 de outubro, na Sala Clementina do Palácio Apostólico. Para eles, o Pontífice traçou “o perfil do bom comunicador”, aquele que é firme na verdade e na justiça e pronto para propagar o Evangelho:

“Vocês são chamados a uma grande e entusiasmante tarefa: a de construir pontes, quando tantos erguem muros, os muros das ideologias; a de promover a comunhão, quando tantos fomentam divisão; a de se deixar envolver pelos dramas do nosso tempo, quando tantos preferem a indiferença. E essa cultura da indiferença, essa cultura de “lavar as mãos”: “não cabe a mim. Deixe que se virem”… Isso dói muito!”

Desenvolver a criatividade, mesmo em tempos de redução de despesas

Criatividade, tecnologia usada de forma “inteligente”, mas acima de tudo o coração são ferramentas fundamentais para os colaboradores da mídia do Vaticano, continua Francisco, para que o amor de Deus possa reverberar em cada expressão da vida comunitária, longe de esquemas políticos ou corporativistas. O Papa também destaca a concretude de uma profissão que também deve lidar com “as dificuldades econômicas e a necessidade de reduzir despesas”:

“Gostaria de lhes dizer uma coisa: ainda devemos ser um pouco mais disciplinados com relação ao dinheiro. Vocês devem procurar maneiras de economizar mais e buscar outros fundos, porque a Santa Sé não pode continuar a ajudá-los como agora. Sei que é uma má notícia, mas é uma boa notícia porque mexe com a criatividade de todos vocês.”

Por trás de tudo isso, no entanto, há um “sonho”: o sonho de uma comunicação que conecta “pessoas e cultura”, que conte e valorize “cada canto do mundo”.

“É por isso que estou feliz em saber que vocês trabalharam duro para aumentar a oferta das mais de cinquenta línguas com as quais a mídia do Vaticano se comunica, acrescentando os idiomas Lingala, Mongol e Kannada.”

Olhar para os últimos e buscar o diálogo além de slogans

O convite de Francisco é, portanto, para sair, ousar, arriscar mais, abrindo mão um pouco de si mesmo para dar espaço ao outro e para contar a realidade “com honestidade e paixão”, com competência e curiosidade:

“Sonho com uma comunicação feita de coração a coração, deixando-nos envolver pelo que é humano, deixando-nos ferir pelos dramas que tantos de nossos irmãos e irmãs vivem. (…) Sonho com uma comunicação que saiba ir além dos slogans e mantenha os holofotes acesos sobre os pobres, os últimos, os migrantes, as vítimas da guerra. Uma comunicação que promova a inclusão, o diálogo e a busca pela paz.”

A beleza do encontro real não seja suplantada pelo virtual

O desafio, recorda o Pontífice, é também o das novas linguagens e caminhos que habitam o mundo digital: os comunicadores não devem temer a mudança, sublinha Francisco, desde que isso não signifique banalizar ou “substituir” no encontro on-line “a beleza” das relações “reais, concretas, de pessoa a pessoa”, aquelas tecidas segundo o estilo evangélico.

“Ajudem-me, por favor, a tornar o Coração de Jesus conhecido no mundo, por meio da compaixão por esta terra ferida. (…) Ajudem-me com uma comunicação que seja uma ferramenta para a comunhão.”

A esperança das pequenas e grandes histórias do bem

A esperança é, finalmente, o último – mas não menos importante – chamado indicado por Francisco:

“Apesar do fato de o mundo estar abalado por uma violência terrível, nós, cristãos, sabemos como olhar para as muitas chamas da esperança, para as muitas pequenas e grandes histórias do bem.”

E são a esperança e a fé, portanto, as virtudes que os comunicadores cristãos são exortados a testemunhar no mundo de hoje, especialmente em vista do Jubileu iminente.

Uma saudação especial

Antes de concluir a audiência, Francisco dirigiu uma saudação especial a Gloria Fontana, chefe do Escritório REI (Ricerca ed Elaborazione Informazioni) do Dicastério:

“Hoje é seu último dia de trabalho: espero que lhe façam uma festa! [aplausos] Bem, depois de 48 anos de serviço: ela entrou no dia de sua Primeira Comunhão, acredito eu… [aplausos e risos] Ela prestou um grande serviço no escodimento, dedicando-se a transcrever os discursos do Papa.”

Fonte: Vatican News

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