O SÃO PAULO dá continuidade à série sobre a 1a carta pastoral escrita por Dom Odilo
Com o foco de refletir sobre o destaque pastoral dos anos de 2011 e 2012, avançar na concretização das metas do 10º Plano de Pastoral da Arquidiocese – “Ser Igreja Discípula e Missionária de Jesus Cristo na cidade de São Paulo” – e manter a Igreja em São Paulo em sintonia com a missão continental e a realização das propostas da Conferência de Aparecida (2007), o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, lançou, em janeiro de 2011, a carta pastoral “Paróquia, torna-te o que tu és”.
Nesta edição, o jornal O SÃO PAULO dá continuidade à série iniciada na semana passada, quando foram apresentados o contexto no qual a 1a carta pastoral de Dom Odilo foi escrita e a síntese dois primeiros capítulos – “Destaque pastoral 2011-2012” e “Paróquia, torna-te o que tu és”.
A vida e missão da paróquia
Neste que é o 3o capítulo da carta pastoral, Dom Odilo convida a comunidade paroquial a refletir sobre a maneira como tem conseguido cumprir a tríplice missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus; proporcionar a santificação dos fiéis, mediante a celebração dos sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Penitência; e exercer a caridade pastoral, acolhendo especialmente os que mais sofrem e buscando os que se afastaram da Igreja.
O Arcebispo ressalta que a paróquia não deve ser identificada como o local para o atendimento dos serviços religiosos, uma instância burocrática ou organizativa, mas, sim, “uma comunidade de pessoas, uma porção do povo de Deus, que se congrega concretamente e de forma organizada em nome de Cristo, confiada aos cuidados pastorais de um Ministro ordenado (Padre)”; e que, “com suas muitas comunidades menores e organizações eclesiais, é a verdadeira ‘Igreja na base’”.
Muitos membros, mas um só corpo
No 4o capítulo da carta, Dom Odilo fala sobre as atribuições dos leigos, religiosos e consagrados na paróquia.
Aos leigos compete, sobretudo, “testemunhar a fé e a vida cristã no meio do mundo e levar a luz, o sal e o fermento do Evangelho para a família, as relações humanas e para o mundo secular, onde vivem e trabalham”; aos ministros ordenados – sacerdotes e diáconos – “cabe assumir e desempenhar pessoalmente a tríplice missão de Cristo e da Igreja, para o proveito dos fiéis; mas também formar, conduzir e animar todos os membros do corpo eclesial na vivência da própria vocação e missão”; já os religiosos e as novas formas de vida consagrada, são convidados a “uma renovada partilha de dons e à participação dinâmica na vida e missão da Igreja”.
Somos todos discípulos-missionários de Jesus Cristo
No 5o capítulo da carta pastoral, Dom Odilo ressalta que a paróquia pode realizar muitas atividades sociais, culturais e religiosas, mas nunca deve perder seu objetivo primordial: “proporcionar aos seus membros uma rica e variada experiência da fé cristã católica, alimentada nas fontes da fé e da vida cristã e eclesial, que são a Palavra de Deus, a Tradição viva da fé da Igreja, a Liturgia e a riqueza mística do seguimento de Cristo, segundo o Evangelho, manifestada na vida dos santos”.
‘Paróquia, comunidades de comunidades’
Neste capítulo, o Arcebispo exorta que sejam estimuladas e valorizadas “as comunidades menores, como as comunidades eclesiais de base, capelas de bairro e outras formas de comunidade e expressões de vida eclesial, onde as pessoas tenham a possibilidade de uma participação mais pessoal, de receber ajuda ou de colocar seus dons a serviço da vida e da missão eclesial”. Ele também aponta a necessidade de que a Igreja alcance os fiéis em locais de acesso mais restrito, como condomínios e conjuntos residenciais, e que não esteja ausente de ambientes como os hospitais, colégios, escolas, universidades, presídios e as diferentes plataformas de comunicação. Dom Odilo assinala, ainda, que é nas famílias que se dá a base da vivência diária da fé, a educação cristã e a transmissão da fé às novas gerações.
Todas essas expressões eclesiais, porém, assim como a paróquia, devem sempre estar unidas à diocese, ao bispo e ao Papa.
‘Comunidade formadora de discípulos’
Dom Odilo indica, no 7o capítulo, que é missão da paróquia bem formar todos os batizados, a fim de que “permaneçam fiéis e unidos a Cristo e à Igreja, e se tornem, de fato, missionários do Evangelho para o mundo”.
Uma atenção especial deve ser dada à iniciação à vida cristã, por meio de uma catequese eficaz, em todas as fases da vida das pessoas, com o intuito da superação do “analfabetismo religioso”.
“A Sagrada Escritura e o Catecismo da Igreja Católica precisam tornar-se referência e companhia constante para os católicos e nossas comunidades”, afirma o Cardeal Scherer.
‘Paróquia, comunidade missionária’
No 8o capítulo, Dom Odilo recorda a necessária conversão pastoral e missionária na Igreja, apontada no Documento de Aparecida. Também em cada paróquia esse processo deve ocorrer, a partir da tomada de consciência sobre a natureza e a missão eclesial da paróquia; e de uma “corajosa e ampla verificação da realidade atual da paróquia, sobre o que existe e o que já́ se faz de bom, onde há falhas e deficiências, onde e como é preciso fazer mais e melhor”.
“Destaco que, antes de renovar estruturas, é preciso renovar pessoas, mentalidades e posturas; trata-se de desenvolver uma nova ‘cultura pastoral, que tenha sempre presente a preocupação missionária e nos faça pensar, não apenas na satisfação das próprias buscas espirituais e religiosas, mas, também, na partilha dos bens da fé e da vida eclesial com aqueles que já participam da vida da Igreja, ou com aqueles que fazem parte dela mas ficaram distantes, ou se afastaram dela”, escreve Dom Odilo.
‘Presbítero, pastor e guia da comunidade paroquial’
No 9o capítulo, o Arcebispo Metropolitano enfatiza que “a comunidade paroquial depende do sacerdote e não pode dispensar o seu serviço qualificado e dedicado. Ele representa sacramentalmente Jesus Cristo, Sacerdote, Pastor e Guia da comunidade eclesial; pelo exercício do seu ministério sacerdotal, ele gera continuamente a comunidade, no dom do Espírito Santo, nutre-a com os dons da vida sobrenatural, anima e conduz os fiéis em Cristo nos caminhos do Evangelho e entrega sua vida inteira em favor dos irmãos”.
Ao sacerdote, prossegue Dom Odilo, cabe o anúncio da Palavra de Deus, a celebração dos divinos mistérios, o estímulo à viva e frutuosa participação dos fiéis, a própria entrega como servidor da comunidade e o envolvimento dos demais batizados nos cuidados pastorais.
‘A exemplo de São Paulo’
No capítulo conclusivo da carta pastoral, Dom Odilo sublinha que a Igreja em São Paulo tem muito a aprender de seu patrono, São Paulo Apóstolo, que “teve sempre a preocupação de iniciar a evangelização com o anúncio do querigma, mediante o qual a fé era despertada; tinha contatos pessoais com o povo; formava, a seguir, uma comunidade cristã, que ele mesmo continuava a instruir e a pastorear com muito zelo, como lemos nas suas cartas. E não deixava de preparar pessoas, que encarregava de cuidar das comunidades, enquanto ele prosseguia abrindo fronteiras missionárias”.
“Que o exemplo e o ardor missionário de São Paulo contagiem nossa Igreja”, expressa o Arcebispo na conclusão da carta, em que lembra, ainda, que a Igreja em São Paulo conta com a intercessão e proteção de Nossa Senhora da Assunção, dos santos padroeiros das paróquias e comunidades e com o testemunho de tantos missionários ao longo da história.
Detalhes sobre estes capítulos serão apresentados na próxima edição. A íntegra da carta pode ser lida no site do O SÃO PAULO.