Logo do Jornal O São Paulo Logo do Jornal O São Paulo

Prefeitura reabre à visitação seu prédio histórico no centro de SP

Passeios pelo edifício icônico são realizados aos sábados e domingos, às 14h30 e 16h30, e contam com guias de turismo credenciados 

PMSP

Após a conclusão da restauração de seu hall, o Edifício Matarazzo volta a integrar, a partir de sábado, 23, a grade de atrações do programa Vai de Roteiro, uma iniciativa da Prefeitura que oferece passeios guiados gratuitos por diversos pontos da cidade. O objetivo é promover o turismo local, mostrando a riqueza cultural, histórica e arquitetônica de São Paulo, tanto para moradores quanto para visitantes.  

As visitas do Vai de Roteiro são realizadas aos sábados e domingos, às 14h30 e 16h30, e contam com guias de turismo credenciados. Além do saguão do Edifício Matarazzo, o jardim da cobertura do imóvel também pode ser visitado por grupos de até 20 pessoas por horário. Não é necessário fazer agendamento antecipado ou inscrição prévia, pois a inscrição é feita no local. Para participar, basta chegar com, no máximo, 1 hora de antecedência e, no mínimo, 15 minutos. É preciso apresentar documento original e oficial com foto, incluindo as crianças (para crianças até 5 anos incompletos também é aceita certidão de nascimento).

A revitalização do saguão da sede da Prefeitura foi realizada ao longo de seis meses por uma equipe especializada, composta por dez profissionais das áreas de conservação, restauro e manutenção. O trabalho incluiu a fixação das placas de mármore travertino, bem como a recuperação de esquadrias de madeira e metálicas do Edifício Matarazzo — construído entre 1937 e 1939 —, assegurando a preservação de suas características originais e a valorização do patrimônio público.

Segundo a secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), Elizabete França, a preservação de prédios históricos no centro tem caráter estratégico. “Impulsiona a economia local, atrai moradores, gera empregos e resgata o valor cultural da cidade. O Edifício Matarazzo é um marco no coração de São Paulo. Restaurar esse espaço é abrir as portas da história para a população e manter viva a relação entre o passado e o presente, o poder público e a cidade”, afirma.

A necessidade da obra foi identificada em inspeções de rotina, que apontaram o desgaste natural do tempo e recomendaram a recuperação integral do prédio — a primeira desde sua inauguração. Após processo licitatório, o Estúdio Sarasa, especializado em patrimônio histórico, foi selecionado para executar os serviços.

De acordo com o engenheiro civil e de produção Artur Queiroz, coordenador de operações da empresa, o estudo técnico permitiu mapear as áreas que precisavam de reforço. Ele explica que fatores como o adensamento urbano, a circulação intensa no centro, a operação do Metrô e a realização de grandes eventos no Vale do Anhangabaú compõem um cenário distinto daquele da década de 1930, quando a região era marcada pelo trânsito de veículos mais leves, como bondes e charretes. “Com o passar das décadas, essas transformações urbanas geram movimentações naturais nas estruturas, o que reforça a importância de conservar o edifício com o devido cuidado”, conclui.

Historiadores e artistas plásticos

A equipe de profissionais, que também contou com artistas plásticos, historiadores e biólogos, atuou no terceiro pavimento da sede da Prefeitura durante aproximadamente 200 dias. “Para saber o que foi feito na década de 1930 retiramos uma placa que estava solta e entendemos claramente como foi realizado o trabalho naquela época. As peças então foram perfuradas e acrescentamos o resíduo dessa operação à uma mistura de resina acrílica e cimento branco, que ocupou todas as cavidades, gerando a aderência do material. O reparo foi feito com o próprio mármore travertino, sem perdas, para não descaracterizá-lo”, explicou Queiroz. 

O processo foi executado em todas as placas, em especial  nas que estão localizadas no teto. “Nelas nós colocamos pinos de fibra de carbono que, instalados em 45º graus, ancoraram essas placas junto à laje. Foi um grande trabalho de prevenção”, enfatizou a arquiteta e urbanista Luiza Ravanini. 

No final das atividades foi realizada a higienização do mármore e aplicada uma camada de cera protetiva em sua superfície. “É um material que dá um impacto maior, realça não apenas as colunas, mas também as paredes, as muretas e até os percursos que levam para o pavimento inferior do edifício”, completou Queiroz. 

Para a arquiteta e urbanista Luiza Ravanini, a manutenção dos patrimônios da cidade é de extrema importância. “Quanto mais preservamos nosso passado, mais nos conhecemos. A sustentabilidade hoje em dia é um assunto em alta. Não podemos sair demolindo e construindo, sendo que temos um passado importante e territórios para serem preservados. O que foi construído não pode ser jogado fora”, enfatiza. “Caso contrário não há sentido em manter técnicas de preservação e essas construções. Temos que levar em consideração não apenas a materialidade, mas também o ser humano dentro desse processo. Porque somos o resultado de todas essas gerações”, declarou o engenheiro Queiroz.

Jardim e lago com carpas 

Além da arquitetura, os prédios centenários do Centro têm seus destaques. No caso do Edifício Matarazzo, que completa 86 anos neste 2025, é seu jardim, na cobertura do prédio. Batizado de Walter Galera, zelador que deu início ao cultivo da vegetação, o jardim tem um lago com carpas e 400 espécies de plantas, além de visão panorâmica para o Theatro Municipal, o Farol Santander e o Edifício Martinelli.

O imóvel da Prefeitura foi sede das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM),  endereço do Grand Hotel de La Rotisserie Sportsman e do jornal Diário da Noite, do empresário de comunicação, político e diplomata brasileiro Assis Chateaubriand. Em 1972  foi vendido para o Grupo Audi. E dois anos mais tarde, quando comprado pelo Banco do Estado de São Paulo (Banespa), ficou conhecido como “Banespinha”.

Em 2004, com a privatização do Banespa, o Edifício Matarazzo, tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) em 1992. foi cedido à gestão municipal como parte da negociação de dívidas. Anteriormente, a Prefeitura havia ocupado um imóvel na região central, no bairro do Ibirapuera, na Zona Sul, e também no Parque Dom Pedro II. 

Detalhes

Acima das portas de acesso ao edifício há cinco painéis esculpidos com os ramos dos negócios dos Matarazzo: tecelagem, metalurgia, agricultura, química e comércio. Os dois pilares que ficam no saguão da entrada principal, revestidos também de mármore travertino, trazem relevos de cenas ligadas a diferentes formas de trabalho. Seu autor é o escultor italiano Galileo Emendabili, o mesmo do Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932. Nas laterais há os brasões da família Matarazzo e, acima dos elevadores, um mosaico feito pelo artista italiano Giulio Rosso, que faz alusão ao Brasil e suas características. Assim como alguns outros imóveis construídos na mesma época, o Edifício Matarazzo não tem o 13º andar. Por superstição, após o 12º há o 14º andar.

Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
 

Deixe um comentário