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‘Que ninguém se sinta órfão, porque todos temos a Mãe de Jesus’

Destacou o Padre Baronto, Cura da Catedral da Sé, em missa no dia da padroeira da Confraria de Nossa Senhora das Dores

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na segunda-feira, 15, a memória da Bem-Aventurada Virgem Maria das Dores foi celebrada solenemente na Catedral da Sé, com a presença dos membros da Confraria de Nossa Senhora das Dores, uma das mais antigas e ativas associações de fiéis leigos da Arquidiocese de São Paulo, fundada em 1773.

A celebração eucarística foi presidida pelo Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, Cura da Catedral, com a participação de devotos que foram honrar a Virgem Dolorosa.

UMA FESTA DE FÉ E TRADIÇÃO

A preparação para a festa da padroeira da Confraria começou dias antes, com um tríduo realizado entre 12 e 14 de setembro, um tempo de oração e reflexão sobre as Sete Dores de Maria. Antes da missa da segunda-feira, 15, os membros da confraria se reuniram aos pés da imagem de Nossa Senhora das Dores para a récita do Santo Terço.

Ao acolher os fiéis no início da missa, Padre Baronto sublinhou a profunda raiz histórica da celebração: “Sejam todos bem-vindos a esta festa que nós aqui na Catedral celebramos há tantos e tantos anos, com certeza pelo menos por 250 anos. Esta missa e esta memória foram sempre celebradas com muita dignidade nesta Igreja Catedral, graças à presença da Confraria de Nossa Senhora das Dores, que já tem uma história tão bonita de empenho pela devoção à Nossa Senhora sobre esse título”.

A MÃE OFERECIDA AOS PÉS DA CRUZ

Na homilia, Padre Baronto aprofundou o sentido teológico da memória litúrgica, celebrada um dia após a Exaltação da Santa Cruz. “A dor de Maria é a dor do Seu Filho Jesus, ambos estão unidos pelo mistério da dor e do sofrimento”, afirmou, explicando que a cruz, embora símbolo de vitória, recorda o caminho de sofrimento percorrido pelo Redentor.

O Sacerdote meditou sobre a humanidade de Cristo, que, como narra a Carta aos Hebreus, “dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas”. Ele destacou a angústia de Jesus no Getsêmani, mostrando que o Filho de Deus conheceu a profundidade do sofrimento humano.

Padre Baronto também recordou a cena do Calvário, na qual Jesus, despojado de tudo, realiza seu último grande gesto de doação antes de morrer: entregar sua Mãe à humanidade: “Ele ainda pensou na gente. E Ele ainda quis, antes do Seu último suspiro, nos dar de presente Sua Mãe”.

Ao dizer “Mulher, eis aí o teu filho” e “Eis aí a tua Mãe”, Cristo estabelece uma nova relação de maternidade e filiação para todos os cristãos. “Que ninguém aqui hoje, nesta igreja, se sinta órfão. Mesmo no sofrimento, ninguém aqui é órfão, porque todos temos a Mãe de Jesus”, enfatizou.

Na conclusão da homilia, o Cura da Catedral da Sé exaltou a fortaleza de Maria, que não se prostrou, mas “esteve de pé o tempo todo, firme” junto à cruz: “Nunca houve e nunca haverá uma mulher tão bonita e tão elegante como Nossa Senhora aos pés da cruz. A elegância Dela era pela dignidade, pela força suave, pela fidelidade, pela coragem. Ela estava aos pés de quem a sociedade condenou como bandido, que era Seu Filho. Quando todos correram, Ela ficou. É Bem próprio de mãe isso.”

LEGADO QUE SE RENOVA

A Confraria de Nossa Senhora das Dores da Catedral da Sé representa uma jornada de fé que atravessa séculos. Fundada em 3 de agosto de 1773, a partir da devoção propagada pela Ordem dos Servos de Maria, a associação nasceu com o propósito de santificar seus membros e a comunidade pela meditação da Paixão de Cristo e das Dores de Sua Mãe.

A venerável instituição não apenas testemunha um passado glorioso, mas floresce no presente. Além de promover a devoção, a confraria tem um papel essencial na vida espiritual do centro da cidade e na proteção do patrimônio histórico e cultural da Catedral da Sé. Seu compromisso abnegado com a organização de ações religiosas e caritativas se tornou um farol de esperança e um testemunho vivo de perseverança.

Um sinal claro de que este legado continua a se renovar foi a cerimônia de admissão de quatro novos membros no domingo, 14, que receberam as vestes da confraria das mãos do Padre Luiz Baronto. O ato simboliza a continuidade da missão de leigos engajados que, guiados pelo Espírito Santo e amparados pela Virgem das Dores, continuam a preservar este tesouro espiritual e cultural no centro de São Paulo.

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